Capítulo 2

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O ar em Laguna Beach estava frio, pingos de chuva caíam sobre a janela do carro.
- Tudo bem querida ?
- Sim. Mas acho que o vôo não me fez bem.
- Quer que peça para pararem ? Conheço uma farmácia aqui pertinho, com certeza vão ter algo para você.
-Adoraria.- Sorri
Entrei em minha nova casa, contemplando as grandes escadarias e Jhemy, em seguida, às descendo.
- Que saudade!- Eu disse, correndo em seus braços.
- Estava com saudade Catherine.
- Há vários quartos no andar de cima, pode se acomodar no que quiser.- Disse mamãe pousando as malas sob o chão.
Era uma casa de fato grande. Havia 3 quartos vagos, então decidi pegar o que estava mais afastado do falatório da casa.
Coloquei minhas malas no canto do quarto e imediatamente senti o cheiro de poeira. Fui até o grande vestiário e encontrei vários lençóis, todos com o mesmo cheiro.
Desci as escadas e encontrei mamãe sentada sob o sofá, com uma de suas mãos no rosto.
- Mamãe ?- Ela imediatamente, levantou o rosto e me encarou.
- Sim ?
- Poderia me emprestar o carro ?
- Onde deseja ir ? - Ela arqueou a sobrancelha.
- Queria conhecer a cidade, acho que um pouco de ar me faria bem.- Ela pareceu pensar um pouco e então sorriu fraco.
- Sim, é claro. Mas cuidado querida.
- É claro.- Eu disse pegando a chave.- Tenho alergia á poeira, mas você já deve saber. - Sorri amarelo.
- Tratarei disso logo. - Ela sorriu fraco.
Caminhei até a garagem com a consciência pesada. Talvez eu à havia julgado mal.
Eu queria ir em algum lugar afastado, então liguei o GPS do celular e encontrei uma pequena praia á somente alguns quilômetros daqui.
Estava contemplando as nuvens cinzas, parecia que viria mais chuva por ai, quando escutei um barulho e quase perdi o controle do carro. Freiei de uma vez, o que fez o carro escorregar da pista.
Desci rapidamente e me afastei um pouco para dar uma olhada. Por sorte o carro não possuía nenhum arranhão. Respirei fundo.
- Não, não.- Repetia comigo mesma, assim que olhei para o pneu, e vi o enorme buraco.
- Droga!- Disse, entrando novamente no carro para procurar meu telefone.- A primeira vez que mamãe me deixa dirigir o carro, e eu furo o pneu! Ótimo!
Não havia o menor sinal de torre por aqui, então caminhei até a estrada e nada. As ruas estavam vazias e silenciosas, como tudo estava ultimamente. Silencioso. Senti pingos caírem sob minha pele, então corri em direção ao carro.
A chuva durou minutos, ou talvez horas. Eu não sabia que horas era, apesar de meu telefone estar no banco de trás, e nem queria saber.
Decidi que não esperaria mais nenhum momento ali, meu estômago roncava, e o desespero começou a bater. Ainda chovia mas somente pequenos pingos. Andei até o asfalto, e ao longe avistei uma moto. Suspirei de alívio. Mas a moto não diminuía sua velocidade então comecei a gritar e balançar os braços. De nada adiantou. Então me enfiei na frente, fazendo-a diminuir a velocidade de uma vez.
- Você é louca ?
- Qual o seu problema ? Se estou na beira da estrada, com certeza preciso de ajuda!
- E o que eu tenho a ver com isso ?- Ele cuspiu as palavras. Ignorei sua resposta mal educada, e prossegui.
- Preciso de ajuda. Meu pneu furou, e não encontro sinal para telefone.
- Esta com um carro ai ?- Ele disse, olhando ao redor.
- Sim. Acabou escorregando pela mata.
Ele então desceu rapidamente. Parecendo avistar o carro, tirou seu capacete e caminhou até ele. Seus cabelos encaracolados estavam molhados e bagunçados. O segui.
Ele entrou no carro, parecia procurar algo.
- O que quer ai ? - Ele não me respondeu. - Tá procurando o que ai ? Responde!
- Meu Deus! Dá pra ficar calada?
- Me diz o que está procurando.
- Não é da sua conta.- Ele disse analisando meu telefone.
- Isso é meu!- Disse tentando pegar. Mas ele me afastou e sorriu.
- Desculpe-me querida, mas agora é meu.
- Isso é roubo!
- Eu poderia até te ajudar, se me desse algo em troca. - Ele pareceu pensar.- Tem dinheiro ai ? Rapidamente levei minha mão ao bolso encontrando algumas notas e em seguida, entregando pra ele. Ele às pegou bruscamente e caminhou de volta à sua moto.
- Ei, vai me ajudar como ? Tem um pneu ai ?
- Preciso ir, mas obrigada pelo telefone.- Ele disse, dando uma piscadela e ligando a moto.
- Eu te dei dinheiro! Por favor, não me deixa aqui! Já vai anoitecer!- Ele então acelerou a moto.
- Nos vemos por ai, loira. - Ele então sorriu e foi sumindo aos poucos.
Comecei a sentir as lágrimas descerem, me sentei na beira da estrada e respirei fundo.
Do outro lado eu via o sol indo embora, sumindo aos poucos.
Decidi voltar para o carro pelo menos lá eu estaria livre de insetos.
Me deitei no banco do carona e acabei adormecendo.
- Ei. Acorde! - Abri os olhos, estava escuro, muito escuro. E a única faísca de luz, era uma lanterna, que estava em sua mão direita. - Não acredito que está aqui até agora. - Gargalhou.
- Você!- Grunhi
- Sim, eu. O cara que sentiu pena de você, e vai te levar pra casa. Anda, não tenho a noite toda.

Me arrastei para fora do carro, o trancando em seguida. Ele gargalhou.
- O que é tão engraçado ?- Ele não respondeu, somente voltou á sua moto.
- Vamos de moto?- Disse com uma insegurança.
- Sim. Ou está vendo algum avião aqui ?- Ele disse bruscamente.
- Desculpe. - Murmurei.

O vento batia forte e fazia muito frio. A cada curva eu tremia de medo. Meu coração estava acelerado.
Aqui estava eu, na garupa de um cara que eu nem conhecia, na escura madrugada. O medo me invadiu novamente. Como eu fui tão burra ? Como eu podia estar aqui ?
Comecei a me sentir desconfortável e com uma enorme vontade de descer. Eu não me lembrava o caminho de volta, pois era o GPS do telefone que havia me trazido aqui. Então o que me restava era esperar e confiar em um completo estranho.
Ele encostou a moto e pegou um maço de cigarro.
- Onde você mora ? - Ele disse assoprando toda a fumaça em meu rosto.

Me senti extremamente aliviada quando reconheci minha casa.
Ele encostou a moto e já fui descendo rapidamente, um pouco desengonçada, mas não me importei.
- Não vai agradecer ?
- Obrigada por roubar meu telefone e meu dinheiro!- Sorri irônica.
Ele observou a casa, de cima a baixo então sorriu.
- Isso é pra você aprender a não confiar em estranhos. Mesmo os mais lindos. Pena que beleza não compra tudo, olha pra você tão bonitinha, mais tão desinteressante.
- Você nem me conhece. - Disse e caminhei até a porta de minha casa o deixando lá. De longe, escutei ele dizer:
- Estou ansioso.- Ele então saiu arrancando dali.
Mamãe abriu a porta rapidamente.
- Onde está meu carro ? Quem é aquele rapaz ?
Me perdi completamente em suas perguntas, eu não me importava com elas. E sim, com somente uma : Será que eu o veria de novo ?

Infinity H.SWhere stories live. Discover now