Decidi enfrentar meu medo de uma vez. Depois da escola, fomos direto pra minha casa. Meu coração deleitava-se em angústia. Entro em casa, puro nervosismo:
– Mãe? Pai?
– Oi filho?! – respondem. Estavam na cozinha. Observo Adriano que me encarava com um olhar incerto e confirmo com a cabeça. Vamos até a cozinha e as atenções se voltam exclusivamente para nós. Espero alguém falar, mas ninguém se pronuncia. Temia pelo que viria.
– Pai, mãe! Esse é Adriano, um amigo da escola. A gente combinou de assistir um filme aqui em casa e eu aproveitei para apresentar todos vocês.
– Oi Senhor e Senhora Duarte!
– Olá Adriano. Seja muito bem-vindo! – minha mãe diz, simpática.
Meu pai se aproxima dele com um semblante sério e estende a mão.
– Prazer, rapaz!
O aperto de mãos foi tão forte que a mão de Adriano estalou. Meu pai sorri.
– Espero que sinta-se em casa! – diz, por fim.
– Estávamos terminando o jantar. Vão jantar com a gente?
– Vamos! – respondo animado.
Não foi como eu esperava. Depois dessa tensão inicial, tudo prosseguiu bem. Enquanto jantávamos, meus pais fizeram algumas perguntas para ele como: o que ele fazia, se trabalhava, sobre a família dele, como nos conhecemos, enfim... e ele se saiu muito bem. Fiquei aliviado. Quando terminamos de jantar, meu pai e ele não paravam de conversar ao descobrirem que tinham interesses em comum. Mãe veio até mim:
– Que bom que fez amizade, filho!
– É! Na verdade, ele que fez amizade comigo! – rimos.
– Fico feliz que esteja fazendo novos amigos!
– Mesmo?
– Sim. Nos preocupamos com você por não sair de casa, não ter amigos. Conversaríamos com você sobre isso. Mas agora, vejo que não precisou!
Ela me dá um sorriso e um abraço apertado, que retribuo igualmente.
– Se quiser conversar sobre alguma coisa, não espere irmos até você! Pode falar com a gente, estamos aqui!
– Pode deixar mãe, te amo! – e dou um beijo em sua testa.
– Ok então, vamos? – Adriano pergunta, segurando uma bacia enorme de pipoca e uma garrafa inteira de guaraná que meu pai acabava de lhe entregar. Isso realmente me surpreendeu.
– Fiquem à vontade e bom filme pra vocês! Eu e sua mãe estamos de saída!
– Vão sair? – pergunto.
– Vamos aproveitar o programa de vocês e também vamos ter um programinha hoje à noite!
– Faz dias que seu pai quer ter uma noite só nós dois! Enfim... - eles riem. - Qualquer coisa liguem!
Após nos despedirmos, eu e Adriano vamos para a sala e ele logo põe-se a ligar a Netflix. Sento-me ao seu lado, com olhos fixos nele. Ele olha para mim e sorri.
– O que achou deles?
– Falei que não precisava ficar preocupado. Deu tudo certo, eles até gostaram de mim!
– Até demais por sinal!
– Tá com ciúmes?
Sim, eu estava com ciúmes e não sabia. Mas quando ele falou, me dei conta do quão bobo eu estava parecendo. Ele riu, pois fiquei vermelho de novo.
– Adoro quando cê fica vermelhinho.
Dou um tapinha nele.
– E você não fica?
– Me faça ficar!
Ele se põe bem perto de mim, nossos rostos muito próximos.
Alguma coisa muda na televisão e nos viramos para olhar. Hora de escolher um filme.
– Qual filme vamos assistir? – pergunto.
– Não queria bem assistir um filme...
– Han?
Percebi que olhava fixamente para minha boca. Entendi que era minha hora de agir.
– Mas se você quiser tenho ótimos filmes em mente para assistir. Gosto de gêneros de ação, aventura, mistério e também romance! E vo...
Antes mesmo que terminasse de falar, avancei para cima dele e comecei a beijá-lo. Nossas bocas se encaixavam perfeitamente, mas minha língua descontrolada botava tudo a perder. Então ele assume o comando fazendo com que sua língua macia conduzisse a minha de forma que parecesse que estavam dançando balé. Ele era... gostoso. Paramos e eu pergunto:
– Gostou?
– Você me endoida a cabeça!
– Não queria mais esperar!
Ele ri.
– Meu maluco envergonhado! Eu que pergunto: gostou do seu primeiro beijo?
Dou um sorriso que logo se desfaz.
– Ainda sinto que não devíamos estar fazendo isso.
– Não pensa nisso, amor! Você não tá fazendo nada de errado!
Opa. Espera aí.
– Repete! Você disse "amor"?
Foi a vez dele de ficar vermelho.
– Eu consegui fazer você ficar vermelho! – comemorei.
– Sério? Você conseguiu notar?
– Ué! Só porque você é moreno não quer dizer que não fique vermelho.
Rimos.
– Ah, falando nisso deixa só colocar uma música aqui. Penso em você toda vez que ouço.
Pego meu celular.
– Mas não ia ser o filme?
– Não mais!
Coloco a música e sorrio.
– Me beija de novo! – pede.
E mais uma vez, o beijo com toda vontade e paixão. Paixão?
YOU ARE READING
Devastador
Short StoryO que dizer do amor? Tantas pessoas já explanaram e tentaram explicar esse sentimento tão... arrebatador, que se perderam. Não dá pra explicar simplesmente o que é, pois é uma mistura de tantas outras emoções e sentimentos. Comigo foi assim. Eu me v...