Cap. 4 - Aliviado

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      Decidi enfrentar meu medo de uma vez. Depois da escola, fomos direto pra minha casa. Meu coração deleitava-se em angústia. Entro em casa, puro nervosismo:

– Mãe? Pai?

– Oi filho?! – respondem. Estavam na cozinha. Observo Adriano que me encarava com um olhar incerto e confirmo com a cabeça. Vamos até a cozinha e as atenções se voltam exclusivamente para nós. Espero alguém falar, mas ninguém se pronuncia. Temia pelo que viria. 

– Pai, mãe! Esse é Adriano, um amigo da escola. A gente combinou de assistir um filme aqui em casa e eu aproveitei para apresentar todos vocês.

– Oi Senhor e Senhora Duarte!

– Olá Adriano. Seja muito bem-vindo! – minha mãe diz, simpática.

Meu pai se aproxima dele com um semblante sério e estende a mão.

– Prazer, rapaz!

O aperto de mãos foi tão forte que a mão de Adriano estalou. Meu pai sorri.

– Espero que sinta-se em casa! – diz, por fim.

– Estávamos terminando o jantar. Vão jantar com a gente?

– Vamos! – respondo animado.

       Não foi como eu esperava. Depois dessa tensão inicial, tudo prosseguiu bem. Enquanto jantávamos, meus pais fizeram algumas perguntas para ele como: o que ele fazia, se trabalhava, sobre a família dele, como nos conhecemos, enfim... e ele se saiu muito bem. Fiquei aliviado. Quando terminamos de jantar, meu pai e ele não paravam de conversar ao descobrirem que tinham interesses em comum. Mãe veio até mim:

– Que bom que fez amizade, filho!

– É! Na verdade, ele que fez amizade comigo! – rimos.

– Fico feliz que esteja fazendo novos amigos!

– Mesmo?

– Sim. Nos preocupamos com você por não sair de casa, não ter amigos. Conversaríamos com você sobre isso. Mas agora, vejo que não precisou!

Ela me dá um sorriso e um abraço apertado, que retribuo igualmente.

– Se quiser conversar sobre alguma coisa, não espere irmos até você! Pode falar com a gente, estamos aqui!

– Pode deixar mãe, te amo! – e dou um beijo em sua testa.

– Ok então, vamos? – Adriano pergunta, segurando uma bacia enorme de pipoca e uma garrafa inteira de guaraná que meu pai acabava de lhe entregar. Isso realmente me surpreendeu.

– Fiquem à vontade e bom filme pra vocês! Eu e sua mãe estamos de saída!

– Vão sair? – pergunto.

– Vamos aproveitar o programa de vocês e também vamos ter um programinha hoje à noite!

– Faz dias que seu pai quer ter uma noite só nós dois! Enfim... - eles riem. - Qualquer coisa liguem!

       Após nos despedirmos, eu e Adriano vamos para a sala e ele logo põe-se a ligar a Netflix. Sento-me ao seu lado, com olhos fixos nele. Ele olha para mim e sorri.

– O que achou deles?

– Falei que não precisava ficar preocupado. Deu tudo certo, eles até gostaram de mim!

– Até demais por sinal!

– Tá com ciúmes?

Sim, eu estava com ciúmes e não sabia. Mas quando ele falou, me dei conta do quão bobo eu estava parecendo. Ele riu, pois fiquei vermelho de novo.

– Adoro quando cê fica vermelhinho.

Dou um tapinha nele.

– E você não fica?

– Me faça ficar!

Ele se põe bem perto de mim, nossos rostos muito próximos.

       Alguma coisa muda na televisão e nos viramos para olhar. Hora de escolher um filme.

– Qual filme vamos assistir? – pergunto.

– Não queria bem assistir um filme...

– Han?

Percebi que olhava fixamente para minha boca. Entendi que era minha hora de agir.

– Mas se você quiser tenho ótimos filmes em mente para assistir. Gosto de gêneros de ação, aventura, mistério e também romance! E vo...

Antes mesmo que terminasse de falar, avancei para cima dele e comecei a beijá-lo. Nossas bocas se encaixavam perfeitamente, mas minha língua descontrolada botava tudo a perder. Então ele assume o comando fazendo com que sua língua macia conduzisse a minha de forma que parecesse que estavam dançando balé. Ele era... gostoso. Paramos e eu pergunto:

– Gostou?

– Você me endoida a cabeça!

– Não queria mais esperar!

Ele ri.

– Meu maluco envergonhado! Eu que pergunto: gostou do seu primeiro beijo?

Dou um sorriso que logo se desfaz.

– Ainda sinto que não devíamos estar fazendo isso.

– Não pensa nisso, amor! Você não tá fazendo nada de errado!

Opa. Espera aí.

– Repete! Você disse "amor"?

Foi a vez dele de ficar vermelho.

– Eu consegui fazer você ficar vermelho! – comemorei.

– Sério? Você conseguiu notar?

– Ué! Só porque você é moreno não quer dizer que não fique vermelho.

Rimos.

– Ah, falando nisso deixa só colocar uma música aqui. Penso em você toda vez que ouço.

Pego meu celular.

– Mas não ia ser o filme?

– Não mais!

Coloco a música e sorrio.

– Me beija de novo! – pede.

E mais uma vez, o beijo com toda vontade e paixão. Paixão?

DevastadorWhere stories live. Discover now