Capítulo 7

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- Não quer comer mesmo? - Morgana perguntou apreensiva, uma veia saltada na testa com medo de meu pai reparar.
- Não.
- Você devia comer, tem treze anos e esta em crescimento, deveria se alimentar Mia. - ela me olhava como se a implorar.
A maior parte do tempo eu odiava Morgana, mas nessa idade eu estava apercebendo coisas, Morgana parecia ter medo de meu pai, sempre queria tudo perfeito para ele, seria medo de ser trocada? Eu não gosto dela, mas não quero me acostumar com uma nova.
Eu chegava a ter pena dela em alguns momentos, ela era uma mulher muito submissa, eu não conseguiria ser assim.
Coloquei um pouco de sopa em neu prato e peguei um pedaço de pão, ela pareceu relaxar, meu pai se sentou a nesa e sorriu para nós, comi e me retirei, usei a desculpa de que ia estudar para ir para meu quarto e me trancar no banheiro, precisava vomitar aquele pão.

****
- Mas você tinha que ter feito isso no banheiro da festa?
- Eu nem queria estar na festa...
- Mas podia ter evitado.
- A garota me provocou, eu tentei evitar, mas ela era esperta.
- E a carne é fraca - ela riu.
Ri com ela, por um momento esqueci que meu pai havia me dado um tapa no rosto.
- Sei que errei, mas ele me bateu, em público, apenas por eu ser o que sou, pais deveriam aceitar os filhos como são.
- Seu pai não foi assim sempre.
- Mas é agora, eu odeio isso.
- Sei que odeia, mas pensa que você tem pessoas que se importam, e não precisa segurar essa barra sozinha.
- Eu sei...
- Pode dormir na minha casa nos feriados até seu pai se desculpar.
- Obrigada.
Dormi na casa dela aquele dia, me pergunto como ela, sendo assim tão legal, continuava solteira. Na manhã seguinte fui para o colégio, mesmo sendo domingo eu encontrei Lua nos corredores, seus olhos estavam inchados, ela andou chorando, não sei se deveria perguntar o que houve, mas apenas abaixei a cabeça e fui para meu quarto, Luna não estava na cama como de costume, para mim isso já era o ponto alto do final de semana, me deitei em minha cama, me lembrei do tapa que meu pai me deu, suas palavras ecoavam em minha cabeça, por que me chamou de Megan? Quem é Megan? Não ia chorar, essa historinha de menina chorona não combina comigo, eu não chorei todos esses anos sem minha mãe, não chorei nem mesmo quando meu pai me humilhou ontem, ou quando fui chutada da minha propria casa, não ia chorar agora, não vou chorar, sentia minha cabeça pesada e decidi lavar o rosto e quem save dormir um pouco, abri a porta do banheiro e encontrei Luna na banheira com os pulsos cortados, tentei ver se ela tinha pressão, respirava, mas quase parando, liguei para uma ambulância, tentei tirar ela daquela banheira cheia de água e sangue, eu nunca havia sentido medo de verdade, ou sequer ne colocado no lugar de alguém que sentisse alguma dor emocional até vê-la assim, nunca senti tamanho desespero, tirava seus cabelos de seu rosto, quando co segui tira-la da banheira ela me sujou e molhou toda, agua e sangue, duas coisas que nunca me afetaram até aquele momento.
- Luna acorda por favor, Luna é serio por favor... - dei uns tapinhas em seu rosto mas ela não reagia.- Luna por favor.
Quando a ambulância chegou levou ela as pressas, não fui ao hospital, mais tarte a diretora me chamou.
- Sim. - eu disse, a cena dela na banheira não saia de minha mente.
- Queria lhe informar que Luna esta viva e estabilizada. - me senti aliviada.
- Obrigada por chamar a ambulância, eu realmente estou surpresa de ter acontecido assim. - Olhei para ela, ja estava velha demais para trabalhar, o que ela estava insinuando?
- Como assim?
- Nada.. Pode ir.
Me levantei e andei pelos corredores, fui para o refeitório, mas sabia que não encontraria ninguém ali, me sentei em uma mesa afastada, fiquei ali um tempo apenas lembrando do tapa que meu pai havia me dado, por que ele fez aquilo? Minha mãe apoiaria esse tipo de ação? Ela faz tenta falta para mim, queria sentir raiva por ela ter me deixado, queria conseguir chorar de tristeza pela sua partida, mas eu apenas me sentia vazia, uma parte de mim havia ido embora, e eu não sabia nada sobre essa parte.
Então me lembrei da casa de praia, minha mãe deixou para mim mas nunca quis morar lá con meu pai, nem mesmo dormir lá com ele, corru para meu quarto e comecei a mexer em minhas coisas torcendo para ter trazido a chave da casa, estava certa, fechei a caveta tão rápido que meu medalhão ficou preso na gaveta e quando me levantei acabei voltando e batendo a testa, ouvi uma risada.
- Oi estranha. - falei quando olhei para tras e vi Lua sorrindo. Que sorriso lindo...
- Oi estranha, ta fazendo o que aqui?
Levantei as chaves.
- Fugindo para a casa em que meu pai nunca vai entrar.
- Que medalhão é esse? - ela se aproximou e encostou em meu medalhão, deu uma pequena puxada e ele caiu de meu pescoço.
- Quebrou - me senti mal - era da minha mãe, ela me deu no meu ultimo aniversário com ela... Antes de morrer.
- Tenho um amigo que pode arrumar se quiser, ele é bom nisso.
- Quanto tempo acha que demora?
- Algumas horas, podemos ir lá hoje, amanhã é feriado, pode ir nessa tal casa depois e dormir lá. - ela disse e tentou abrir o medalhão.
- Ta emperrado desde sempre. - falei.
- Não tem curiosidade de saber o que tem dentro dele?
- Eu tinha muita curiosidade, mas agora não tanto.
- E quem é Megan?
- Não sei, acho que foi dela antes de ser da minha mãe, e depois foi meu...
- Bom, onde é essa tal casa?
- Praia.
- Então acho que vai me levar com você, eu amo praia. - como ela mudava de assunto tão rápido?
- Vamos nessa baby.
Saimos com mochilas para comprar comida, eu tinha roupas e tudo o que precisava na casa, primeiro pegamos um onibus para o outro lado da cidade, fizermos um longo caminho a pé e então paramos em frente um lugar bonito, ela ja foi entrando, eu a segui e lá dentro havia um cara, mais velho que a gente, parecia ter uns vinte anos.
- Ooooi Ryan. - ela disse e se sentou no balcão, haviam muitas joias ali em volta.
- Oi Lua, o que faz por aqui linda?
- Bom... O cordão da Mia arrebentou e esta emperrado, queria saber se você podia dar um jeitinho nisso... Agora..
- Vou ganhar uns beijinhos depois? - ele perguntou.
- Por mim eu até daria... - ela desceu do balcão - Mas a Mia é uma namorada muito ciumenta. - ela disse me abraçando, fiquei perdida mas entrei na brincadeira.
- Tudo bem, sortuda. - ele disse e começou a mexer imediatamente.
Ele arrumou e então me entregou.
- Muito legais as fotos ai dentro. - ele disse.
Acenei com a cabeça e pendurei o medalhão em meu pescoço de novo, não era hora de ver ainda.
Passamos em um mercado e em seguida pegamos um onibus para a praia, ja era noite quando chegamos, Lua estava faminta.
Fui ao quarto grande da casa, provavelmente era o de minha mãe, comecei a fussar as gavetas a procura de qualquer coisa que me dissesse algo sobre ela, então achei um diário, era a ultima gaveta dela, estava muito empoeirado, mas era um diario, com datas desde antes de eu nascer, mais ou menos dois anos antes do meu nascimento, comecei a ler a primeira anotação.
"Eu queria nunca ter prometido seguir em frente, queria que as coisas não tivessem acabado desta maneira, saber que ela se foi, assim, tão de repente, queria ter ido junto com ela, a casa não é a mesma quando ela não esta por aqui, minha vida não é mais a mesma quando ela não esta aqui, esta manhã pensei que se eu tivesse um acidente de carro, se fizesse parecer um acidente ninguém saberia que era o meu desejo, mas ela saberia..."
Parei de ler, de quem minha mãe falava afinal? Eu queria continuar aquela pagina e ir a pagina seguinte, mas eu não conseguia, não tinha forças, eram as palavras de minha mãe escritas ali, ela sentia falta de uma garota, seria a dona do medalhão? Olhei para baixo e pensei que esse era o momento de saber o que havia nele, o que eu sempre quis saber, será que tem algo ali que envolva essa Megan? Algo além de seu nome, tirei de meu pescoço e o segurei na minha frente, olhei em volta como se fosse errado olhar aquilo, com o se minha mãe fosse aparecer e me dar uma bronca, mas isso nunca aconteceria, abri o medalhão, haviam três fotos ali que me chocaram, a foto de minha mãe ajoelhada em um coração de pétalas de rosas pedindo uma garota, creio em em namoro, uma foto dela e essa garota juntas no meio, essa garota era muito linda, e uma foto do que parecia ser um casamento delas, era tudo aqui, estavam nessa casa, minha mãe ja foi casada com una garota, Megan! Esse era o nome que meu pai gritava, esse lugar é a raiz do que minha mãe teve com uma garota.
Teoria número 7: minha mãe era lésbica, mas foi obrigada a ficar com meu pai por causa de mim, e em um momento não aguentou mais e cortou os pulsos.
Voooooooooooltei beaches
To de volta, não vou dizer que melhoreu porque não estou muito melhor do que antes.
Mas não quentava ficar sem postar capitulo
Então agora vai ficar um capitulo toda quarta feira
Tem video no canal sobre 13 reasons why corre la pra assistir
E até semana que vem
Bjo na bunda 😘

As teorias de MiaWhere stories live. Discover now