Capítulo 17

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Me sentei em uma cadeira vazia, ela estava próxima a mim, arregalou os olhos ao me ver, o homem de aproximadamente 40 anos se levantou e todos ali fizeram silêncio.
- Boa tarde pessoal, eu sou Stan, chamamos este grupo de terapia em grupo de sobreviventes, eu tenho trinta e sete anos e eu passei pelo mesmo que vocês passaram quando eu tinha sete anos, hoje temos uma nova integrante no grupo, Mia, quer se apresentar Mia?
Olhei para ele, minha ideia não era chamar a atenção da turma.
- Sou Mia, dezesseis anos, e eu nem me lembro de nada não queria estar aqui. - disse e me sentei novamente.
- Oi Mia - o grupo falou quase que em coral.
Um a um as pessoas levantaram, disseram seus nomes, idade, e a idade com a qual passaram pelo tal abuso, fiquei impressionada ao ouvir Alice dizer que passou por isso dos nove aos quinze anos, nunca vi nada de diferente nela.
- Mia, gostaria de compartilhar alguns sentimentos com a turma?
- Tipo o que? - perguntei.
- O que tem sentido nos últimos dias?
- Sei lá.
- Vamos, tente, fale como tem se sentido.
Refleti um minuto.
- Amor, o tempo inteiro, sinto amor, sinto-me amada... E tesão. - alguém riu disfarçadamente.
- Temos uma apaixonada no grupo. - ele disse.
- Talvez - disse.
- Alguém gostaria de compartilhar sentimentos da semana com o grupo?
Um garoto levantou a mão, Stan fez sinal para que ele falasse.
- Okay, sou Anderson, e... Meus pais acharam que eu deveria vir para a terapia, ou algo assim, quando eu tinha aproximadamente uns seis anos meu tio fez umas coisas, e mais tarde houveram outras coisas, eu... Quero dizer... Essa semana tive um pesadelo, me lembrei do dia que os meninos me pegaram no caminho para casa e... Bom, vocês sabem, tenho andado abatido desde então, como se fosse acontecer de novo, ou como se a culpa fosse minha... Falei a escola e ao meu estágio por três dias seguidos, não tinha coragem pra sair de casa, e sinto como se meus remédios não estivessem mais fazendo efeito.
- E você conversou com alguém sobre isso?
- Minha mãe pareceu fingir que não notava que tinha algo errado, sabe como ela é, me colocou aqui pra me fazer superar, para que ela mesma pudesse esquecer o que o irmão dela fez.
- Ele ainda vai na sua casa aos domingos? - Alice perguntou.
- Ele esteve lá ontem, todos agem como se estivesse tudo bem porque depois que ele saiu da cadeia entrou para uma igreja.
- Ridículos - falei.
- Tem algo a dizer Mia? - Stan perguntou.
- Não se coloca a porra de um molestador pra jantar em sua casa aos domingos só porque ele foi preso e depois de livre se converteu, o desejo doentio dele se mantém ali, ele nem mesmo deveria viver em sociedade, colocar um monstro desses em sua mesa aos domingos é como pedir para que aconteça novamente com seus outros filhos, ou com os filhos dos vizinhos, porque as pessoas não mudam, pouco importa se ele já cumpriu pena, se tivesse sido suficiente esse garoto não precisaria estar aqui!
- Eu concordo com ela - uma garota Loira chamada Laura falou. - Se fizeram uma vez pode ser que façam de novo, acho difícil alguém mudar esse tipo de hábito, Charlie continuou fazendo isso comigo depois que garantiu arrependimento, não acredito que as pessoas mudem.
- Eu acredito que pessoas podem mudar, só não esse tipo de doente. - retruquei.
- Concordo com a Mia. - disse um outro garoto chamado Jacson.
- Alguém vai se enturmar bem rápido. - comentou Stan. - Mia, se sente a vontade para falar do que aconteceu com você?
- Eu já disse, eu tinha três anos e mal me lembro.
- E porque decidiu entrar para o grupo?
- Não tive escolha, quando descobri o que houve tive uma crise, e meu pai decidiu que eu precisava disso, embora a crise não tenha sido por isso.
- Gostaria de compartilhar a sua história?
- Já disse que eu não tenho o que compartilhar, eu só tinha três anos, não foi o meu grande evento traumático.
- Você é muito grosseira - Uma garota de cabelos loiros e olhos azuis falou.
- Não é de propósito, é o jeito dela Tiffany - Alice respondeu.
- Ja se conhecem?
- Ja sim...
- Por que nunca me falou nada? - falei como ela como se não tivesse mais ninguém na sala.
- Voce mudou de escola Mia, foi embora, quase não te vi depois... Não a vi nem mesmo nas fogueiras...
- Isso não quer dizer que eu não me importo Alice. Eu estava do seu lado bem antes de mudar de escola e você nunca me disse nada!
- E você disse?
- É diferente.
- Diferente como?
- Eu só descobri a pouco tempo, você sabia que eu poderia ajudar você e.. - Tiffany tossiu para que reparasse nos nas outras pessoas. - Falamos disso depois.
Mais tarde quando aquela palhaçada finalmente acabou, Alice me abraçou forte.
- Eu sinto muito por não te dito antes... Eu só tinha muito medo. - ela disse.
- Tudo bem Ali, eu sinto muito por tudo que passou, estou aqui agora. - disse abraçando forte e passando a mão em seus cabelos. - Podia contar comigo Ali, qualquer coisa podia ter ligado, sabia que eu iria atrás e...
- Tive vergonha... depois da noite da fogueira, eu simplesmente não sabia como te chamar pra conversar, e você não apareceu mais...
- Sinto muito se deixei as coisas estranhas...
- Não de desculpe, fui eu quem agi como boba, eu realmente ficaria magoada se não me ligasse no dia seguinte.
- Sinto muito...
- Tudo bem...
- Quer conhecer minha escola? Meu pai vem me buscar logo...
- Seria bom. - ela sorri. - Vou avisar meu pai.
- Tudo bem.
Ela vai para um canto da sala, Anderson se aproximou de mim.
- Oi.
- Oi Anders...
- Panda - ele me cortou - pode me chamar de Panda, eu prefiro até.
- Oh, tudo bem, Panda.
- Você parece legal, vai vir de novo né?
- Uma vez por semana, certo?
- Sim, gostei de você.
- Você me parece um cara legal.
- Pronto, ele vai me buscar as oito pode ser? - Alice fala.
- Oh, vocês duas São... - ele começa.
- Boas amigas. - corto a pergunta. - até semana que vem então, meu pai já deve ter chegado. Vamos?
- Vamos.
Nós despedimos e saímos, meu pai já estava a nossa espera, apenas entramos no carro e nos dirigimos a escola.
Bom gente mais um capítulo
Espero que tenham gostado
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E até semana que vem
Bjos ❤

As teorias de MiaWhere stories live. Discover now