Capítulo 14

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- Você tá usando drogas por acaso? Cheirou tinta de chumbo? Cola? Eu não vou fazer essa merda - Gritei.
- Você vai fazer terapia.- ele insistiu.
- Eu não preciso de terapia!
- Sim, você precisa, não te colocaram antes porque você parecia não se lembrar, mas agora...
- Eu não sou uma droga de garota traumatizada okay? Eu queria a verdade e agora a tenho, estou bem!
- Mia você quase nunca chorou na sua vida, isso sempre foi estranho, mas agora, esse choro todo, você precisa de terapia, e não estamos te dando escolha.
- Isso não é justo!
- Não ligo.
Ele saiu e me sentei no chão, Lua me olhava, ela me abraçou, e com um suspiro suave sussurrou em meus ouvidos "eu estou com você".

****
- O que há de errado Mia? Porque está brigando dessa vez? - a professora me olhava, sua testa franzida.
- Eu não tava brigando...
- E porque cortou o cabelo dela? - ela apontou para Jenny, Soltei um pequeno riso, pois cortei metade de seu cabelo praticamente no casco da cabeça.
- Porque ela disse que eu sou um menino, então eu deixei ela parecida com um menino. - ter oito anos era simples.
- Vou chamar seus pais.
- Chame. - meu corpo estremeceu com a ideia de meu pai vir a escola de novo.
Não demorou muito para ele chegar, a professora falou com ele no canto, eu não sabia o que esperar de meu pai,as sabia que ele brigaria comigo, sabia que haveria algum castigo.
Mais tarde, naquele mesmo dia, quando já estávamos em casa, ele me perguntou porque eu havia cortado o cabelo da garota, e eu disse a mesma coisa que havia dito a professora, e então ele perguntou porque ela disse aquilo.
- Porque eu jogo futebol melhor que os meninos, ela tem inveja!
- De que ela tem inveja?
- De não poder jogar com os meninos que nem eu.
- E porque os meninos só deixam você jogar?
- Eles dizem que sou diferente das outras meninas.
Meu pai parecia de decepcionar sempre que me ouvia dizer que eu era diferente das garotas que conhecia, mas aquela vez, a primeira vez, ele lançou um olhar, que eu sabia que nunca me esqueceria, a decepção era clara.

****
- Finalmente na escola. - disse Lua.
- Grande coisa, vou ver se minha colega de quarto não sei lá, se matou enquanto estava fora.
- Ela já voltou?
- Creio que sim.
- Te encontro onde? - Lua perguntou.
- Pode vir até meu quarto e...
- Há ha, refeitório.
- Não custava tentar - disse sorrindo, então subi as escadas de vagar.
Meu dormitório estava organizado, Luna estava lendo, me sentei em minha cama, olhei bem para aquele quarto, apertei o medalhão de minha mãe em minha mão, então me deitei, olhei para o teto e comecei a refletir sobre o que havia acontecido nesse tempo inteiro, eu fugi, eu descobri que minha mãe gostava de garotas, descobri que meu pai bateu em minha mãe e em Morgana, o acusei de matar minha mãe, descobri que sofri abuso, descobri que minha mãe morreu tentando me proteger, era a verdade da minha vida, eu esperei anos para saber a verdade, mas agora, agora doía, era como se fosse melhor passar minha vida criando teorias, do que me lembrar daquelas coisas, do homem perto dos palhaços com o balão, de minha mãe partindo, era triste ela ter partido, mas era bem mais triste saber que era minha culpa.
Algumas lagrimas estavam escorrendo de meu rosto, eu podia sentir, mas não era capaz de parar, eu não soluçava ou sequer emitia algum som, eu apenas sentia as lágrimas quentes descendo pela lateral de meu rosto, a visão embaçada do teto, e poderia ficar horas assim, até sentir Luna balanço meu braço.
Pisquei deixando que caíssem mais lágrimas, então olhei para ela, parecia preocupada, me sentei e sequei o rosto.
- O que foi? - Falei como se ela não tivesse visto nada.
- Quer conversar?
- Por que?
- Você tá chorando, e é mais deslocada que eu aqui, mal chegou e todas já te odeiam.
- Já?
- Você é meio rebelde...
- Você me odeia?
- Odiava... Mas salvou minha vida, vai dizer o que está havendo ou não?
- Descobri que minha mãe morreu, por minha culpa, no meu aniversário, não estou bem com isso, e foi decidido que vou fazer terapia.
- Mas o que você fez que causou a morte?
- Bom... - e então eu contei.
Nunca fui do tipo que precisava de uma amiga pra desabafar, mas nesse momento percebi que era nescessario, a cada palavra me sentia mais leve, cada lágrima que escorreu, a forma como ela me abraçou quando eu comecei a soluçar, talvez naquele momento, estivesse nascendo uma amizade.
Oi oi gente
Eu volteeeeeeeei
Desculpem o sumiço eu continuo sem meios de escrever (quebrou tudo galera e o que não quebrou foi roubado)
Vou tentar postar sempre que possível
Porque vocês merecem né?
Então até o próximo capítulo e se gostaram votem e deixem seus comentários
Bjos ❤

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