Mudanças

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Havia um zumbido em algum lugar que estava me deixando irritado. Percebi depois de alguns minutos ele vinha de dentro da minha cabeça.

No dia anterior havíamos visto aquele vídeo. Eu tinha assistido como se estivesse num transe e, quando as imagens foram interrompidas bloqueei os comentários de Thomas e de Margot. Era como se minha vida estivesse congelada; o tempo não passava.

Não era um vídeo de nós dois fazendo sexo, mas sim nos beijando. Aquilo me deixou um pouco intrigado, porque se alguém quisesse me deixar mais desesperado teria mandado um vídeo mais comprometedor, muito mais. No entanto, como eu estava beijando o presidente dos Estados Unidos, seria bastante constrangedor para ele ter aquilo mostrado.

Thomas falou comigo algumas vezes, mas não escutei. Arrastei-me até o quarto dele e me atirei na cama com roupa e tudo. Minha cabeça doía e meus olhos ardiam. Dormi em seguida, um sono sem sonhos, mas pesado.

Agora, ao acordar, aquele zumbido nos ouvidos me deixava irritado. Virei para o lado, abri os olhos lentamente e dei de cara com Thomas. Ele vestia um terno bordô lindíssimo o qual eu nunca vira. Os cabelos tinham um pouco de gel, pois só assim ficavam parados, e o perfume era o mesmo de sempre.

Apertei meus olhos com a visão um pouco turva e sentindo minha boca seca. Percebi uma dorzinha no pescoço. Eu havia dormido numa posição torta na cama.

—Bom dia! –beijou meus lábios delicadamente- Tenho uma reunião agora com o conselho de segurança. –estudou meu rosto com um olhar atento

Pisquei algumas vezes antes de absorver aquelas palavras. Quando as entendi sentei-me na cama rapidamente.

—Você vai falar sobre o vídeo? –perguntei

—Sim. Foi uma ameaça direta, não posso esconder isso e tentar resolver sozinho, pode ser perigoso.

—Thomas! Pode ser perigoso levar isso até eles! Podem fazer parte da organização –o pânico tomou conta da minha voz

—Pode ser mais perigoso não fazer nada. Margot disse que o CD foi enviado pelo correio. Checou o endereço e é uma fábrica abandonada, ou seja, temos um fantasma nos ameaçando –franziu o cenho.- Você deveria descansar, prometo que irei resolver tudo.

No desespero do momento eu até estava cogitando assumir nosso relacionamento, mas havia uma voz dentro de mim que dizia ser muito arriscado.

—Damien, eu estou no poder há dois anos. –apertou os lábios ao falar- Se algo acontecer eu não ficarei tão abalado assim. Consegui chegar até aqui, estou orgulhoso de mim. Durante esses dois anos percebi que é um trabalho mais difícil do que eu pensava, mas já fiz grande parte das coisas que eu queria até agora. Não se preocupe tanto comigo –pegou minha mão e apertou-a carinhosamente.- Eu vou ficar bem. Preocupe-se com você, do mesmo jeito que eu me preocupo.

Sorriu gentilmente, então inclinou-se e depositou outro beijo delicado em meus lábios. Os arrepios passaram por mim quando sua boca encostou na minha e me deliciei por ser capaz de senti-los mesmo naquele momento de tensão.

Ao mesmo tempo em que me arrepiava com seu toque sentia-me perdido num mar sem opções; era como como se eu estivesse acorrentado, sem poder fazer nada.

—Mike vai vir aqui –murmurei, evitando encará-lo

—Ainda é cedo, talvez ele chegue mais tarde –Thomas olhou para seu relógio de pulso que eu nunca o vira usando antes- Agora são nove e meia.

—Acho que eu não preciso trabalhar hoje... –deitei-me novamente, enterrando meu rosto no travesseiro macio

—Não mesmo, mas se quiser ocupar a mente é uma boa ideia trabalhar. –apertou minha bochecha levemente

O PresidenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora