Prêmio

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Nossa dança na noite anterior havia sido calma e melhor do que eu imaginava. Deslizamos pelo salão com leveza e Thomas me guiou a cada passo. Ouvimos suspiros e gritinhos conforme percorríamos o salão. Uma mão dele estava nas minhas costas e a outra segurava-me com leveza, apertando meus dedos com carinho.

Tentei deixar tudo o que Mike havia me contado de lado, mas não consegui. Meus pensamentos vez ou outra se voltavam para o que ele havia me dito sobre Chris.

Poucos familiares de Thomas compareceram à festa, e sua mãe permaneceu com uma expressão fria e indiferente durante toda a noite. Eu não tentei uma aproximação, pois estava sentindo tantas emoções diferentes que falar com ela só me deixaria mais nervoso.

Minha família adorou cada parte do jantar. Lilith dançou valsa pela primeira vez e voltou para a mesa saltitando de alegria por ter dançado com vários "caras incríveis", nas palavras dela. Minha mãe estava quase chorando só de me ver conversando com Thomas. Meu pai ficou sério durante todo o jantar, mas na hora de ir embora me deu um abraço apertado.

Margot e Julie dançaram juntas para quem quisesse ver. Alguns seguranças da Casa Branca também dançaram com suas esposas. A noite transcorreu sem nenhum problema, nenhum imprevisto e nenhum desmaio.

Inúmeras fotos foram tiradas por fotógrafos profissionais. Depois que comemos, passamos na cozinha para cumprimentar os cozinheiros e ajudantes, bem como os faxineiros. Todos pareceram muito felizes por nos verem e eu fiquei um pouco envergonhado, sem saber como reagir àqueles olhares cheios de carinho.

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Os dias seguintes ao jantar foram tensos e cercados de ansiedade para mim e Thomas. A imprensa não parava de falar sobre nós dois, minha vida era escancarada em todo canal de televisão e nossos rostos estampavam inúmeras revistas. Éramos o assunto mais comentado do mundo.

É claro que houve oposição ao nosso relacionamento. Houve protestos. Algumas marchas contra a minha presença na Casa Branca foram feitas e eu fiquei indeciso entre reagir com riso ou choro. Querendo ou não aquilo era engraçado, mas ao mesmo tempo era um absurdo.

Eles achavam que eu era uma ameaça ao povo americano, assim como a PNPA. Me perguntei diversas vezes se a organização para a qual Mike trabalhava não estava envolvida nesses protestos e, ao tentar ligar para Mike, não fui atendido.

Eu não conseguia mais contatar Mike e estava ficando preocupado com ele. Passei dias só conjeturando onde ele estaria e o que estaria fazendo, se estava machucado ou se estava sofrendo.

Enquanto isso o mundo inteiro só falava sobre Thomas e eu. Eu esperava pacientemente o dia em que poderíamos ter um pouco de paz, o mínimo que fosse, mas parecia que esse dia estava longe de chegar. Não havia problema dentro da Casa Branca, mas eu não podia dar um passo na rua sem que uma câmera fosse apontada para minha cara. Além disso eu precisava andar para lá e para cá num carro blindado cheio de seguranças.

Não era o ideal, mas era o preço que se pagava por ficar com Thomas. Não que eu estivesse reclamando, porque eu sabia que seria assim, mas acostumar-se com as mudanças sempre é difícil.

As relações diplomáticas com os países do Oriente ficaram tensas. Houve várias declarações públicas de líderes muçulmanos contra nós dois, até uma declaração de guerra caso Thomas não se separasse de mim havia sido feita. E ele usou isso ao seu favor. Em um dos discursos reprovou essas declarações e aproveitou para mostrar-se nacionalista, falando do quanto a pátria era soberana e ninguém poderia nos insultar daquela maneira. As falas dele sempre davam resultado, e a declaração foi retirada, afinal, quem gostaria de ter os Estados Unidos como inimigo?

O PresidenteWhere stories live. Discover now