Projeto Cinderela

Capítulo 2- Gabriela

Uma semana havia se passado. Eu dançava de um lado para o outro pela cozinha da confeitaria, limpando a bancada, enquanto esperava o pão doce ficar pronto. Então estremeci, pois me senti observada e por um momento pensei em várias coisas ruins, agarrei a faca sobre a bancada e me virei.

- Oi! Calma! Sou eu!- acenou Alfredo.

- Oi.. tudo bem?Como entrou aqui? Eu poderia ter te machucado.

Ele olhava divertido.

- Pode abaixar a faca, por favor? A porta do fundo estava aberta. É perigoso sabia? E não está nada bem, Gabriela. Como serei o seu "fada padrinho" se você está cercada por isso todos os dias? - resmungou, apontando para os doces.

- Bem. É o meu trabalho, mas se você não se acha capaz, posso procurar outra academia. - eu sabia que o Alfredo Ferraz odiava ser desafiado.

- Como assim? Está me desafiando Gabriela? Em cinco meses você será convidada para posar na playboy.

Gargalhei, pois conhecia o quanto ele podia ser competitivo.

- Não seja ridículo. Vai me ajudar ou não? - perguntei, comendo um pedaço de chocolate que estava sobre a bancada, fazendo-o contorcer a boca em desaprovação.

- Sim, claro que vou. Esse será chamado de " Projeto Cinderela". Eu vim até aqui para combinar com você. Amanhã as 6 horas, na minha casa. Você sabe o endereço?

-" Projeto Cinderela"?

- Minha irmã que escolheu esse nome, poque segundo ela haverá um príncipe encantado e um baile. - disse, dando um sorriso torto. - Você conhece a Luíza.

- Sim. Bem tipico dela isso. Por que não malhamos na academia?

- Outra ideia da Luíza.  Ela disse que você vai se concentrar melhor sem tanta exposição.

- É, a Luíza me conhece. Eu não sei onde você mora.

- Aqui está o endereço. Espero você as seis, não se atrase. Até amanhã, Gabriela.

Ao contrario da amiga, Alfredo era super prático. Agora precisava de roupas próprias de academia.

Já frequentara outras academias antes, refletiu enquanto preparava seu jantar. Mas nunca passou de três meses em uma, talvez lhe faltasse um proposito. Bem, agora ela tinha um propósito, não era por sua mãe ou para a família, era por ela. Queria se sentir bem e confortável, feliz consigo mesma.

Ao contrário do que eu esperava, Alfredo não morava em um apartamento moderno no centro da cidade. E sim, em um condomínio que parecia uma pequena cidade.

- Nem parece que estamos em São Paulo.

- Incrível, não? Eu amo esse lugar. Vamos, entre e fique a vontade. Já tomou o café da manhã?