The One Where He Finally Shows

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Permaneci sentada no sofá, abraçando minhas pernas sob a superfície acolchoada enquanto Alec tentava convencer Simon de ir falar com Izzy.
Eu não ligava, para falar a verdade.
Clary havia ido embora e Jace tinha uma expressão vazia no rosto enquanto passava a mão vagarosamente pelas minhas costas como se tentasse passar algum conforto.
Simon e Alec subiram as escadas devagar. Eu ouvia os sapatos deles estalando no chão de madeira, e assim que o barulho se afastou o suficiente Jace afastou sua mão de mim.
"Você vai passar por cima disso."  Ele falou baixo.
"Como pode ter tanta certeza?"
"Porque você é a pessoa mais forte que eu conheço." Ele reafirmou erguendo as sobrancelhas. "Eventualmente você vai perceber que não vale a pena... Se lamentar por algo que você não pode ter, algo que você sabe que é errado e que te machuca."
Me levantei indo até a comoda e encarando os livros ali.
"Está dizendo isso para mim ou para si mesmo, Jace?"
"Um pouco dos dois." Ele falou em um suspiro e por um momento ficamos em silêncio. "Lembra daquele soldadinho de madeira que eu tinha?"
"Sim... Foi o único brinquedo que levou para os Lightwood depois que seu pai morreu." Olhei para o chão novamente. "Carregava aquilo para todo lado."
"Eu dei ele para Max uns 4 anos atrás." Ele confessou e eu não entendi porque. "Ele morreu  segurando o soldadinho como... Como se esperasse... Como se acreditasse que aquilo pudesse salva-lo de Sebastian." Ele murmurou e meu coração deu uma cambalhota. "Acho que ele esperava que eu estivesse lá para salva-lo."

'Salva-lo de Sabestian' foi o que se prendeu na minha mente. Como eu pude me apaixonar por alguém que pessoas precisavam ser salvas de?

"Eu não consegui salvar o Max dele, mas eu ainda posso salvar você." Ele falou baixo e eu sabia que era verdade e sabia que eu precisava que ele fizesse isso.
Quando senti a mão dele no meu ombro e processei as palavras dele uma onda de culpa invadiu meu corpo. Foi como se a ficha tivesse finalmente caído:

Max estava morto. Idris estava destruída. Estávamos a beira de uma guerra. Meu coração estava partido em um milhão de pedacinhos e a dor era literal. E a culpa de tudo isso era do garoto que eu amava. Me virei para ele devagar, meus olhos ardiam pelas lágrimas se formando. Eu sentia meu corpo todo tremer e agradeci, mais tarde, por Jace ter me abraçado naquele momento porque meus joelhos me falharam e os braços dele eram a única coisa que me mantinham em pé. O choro era tão desesperado que em poucos segundos eu já estava soluçando e minha mente estava trabalhando tao rápido, com tantas coisas de um lado para o outro que a voz de Jace dizendo que estava tudo bem estava baixa e distante. 


Acordei com uma manta em cima do meu corpo, ainda na sala de estar. Cheguei a conclusão que chorei tanto que peguei no sono e Jace achou melhor não me acordar para ir para o quarto. Olhei para o relógio na parede que marcava 00:34. Me levantei levando junto a manta e a passando ao redor dos meus ombros.Quando pisei no primeiro degrau da escada ouvi os barulhos obscenos que vinham do quarto da Izzy. Fiz careta recuando, mas não pude culpa-la. Se eu tivesse algo para me distrair eu também aproveitaria. Resolvi sair da casa e agradeci por não ter deixado a manta do lado de dentro porque estava frio lá fora. Não estava nevando ainda, faltava mais ou menos um mês para isso, mas estava frio o suficiente para os meus lábios ficarem roxos e tremerem.
Eu não me sentia triste, pelo menos não em relação ao Sebastian, quando se tratava dele o sentimento era de frustração. Eu sentia que nunca seria capaz de ser feliz novamente, mesmo eu sempre tendo achado que a felicidade, assim como o amor, é idealizada. Estava completamente perdida nos meus pensamentos melancólicos quando ouvi um galho quebrar em meio a folha secas dentro do bosque que estava de frente para  a casa e poucos metros a minha frente. Havia alguém ali e eu estava desarmada e chorando. Eu queria desistir. Apenas ficar parada ali, para que quem quer que fosse pudesse facilmente me atacar e me tirar do sofrimento que era repassar tudo que havia acontecido nesse curto período de pouco mais de uma semana.

Do que eu estava falando?
Eu estava apenas cansada demais.
Encarei o local de onde o barulho veio. Claramente havia alguém ali. Não um demônio, como eu havia pensado de início, já que as barreiras ainda estavam fracas demais. Era uma pessoa. Um homem. Eu podia ver apenas a pele branca refletindo a luz da lua. Ele me observava. E novamente, eu estava cansada demais.
Apertei a manta contra o meu corpo e me segurei para não me aproximar. Eu sabia que era ele. Eu sabia que ele voltaria em algum momento.
"Eu posso te ver, sabe?" Falei com a voz falha pelo frio e pelo nó que se formava na minha garganta.
Alguns segundos que pareceram uma eternidade se passaram e ele saiu do meio das folhagens. Graças ao anjo ele permaneceu parado a uma distância segura. Sabendo, provavelmente, que eu me afastaria se ele se aproximasse.
"Vejo que finalmente se permitiu chorar." Ele falou com sua voz rouca e arrastada de uma forma tão calma que quis socar sua cara.
"Graças a você." Balbuciei tentando ignorar o frio que percorreu minha espinha ao ouvir aquela voz.
"Minha intenção nunca foi te magoar." Ele falou erguendo a mão em minha direção e dando um passo para frente, que não tardei a distanciar, dando um passo para trás.
Ele suspirou.
"Mas você devia saber que era inevitável." Minha voz carregada de ressentimento.
"Você nunca esteve no plano. Não era para ter acontecido... Eu e você... Eu não menti quando disse que te amava." Ele confessou e isso quase me fez perder a consciência de novo.
"Isso era para me fazer sentir melhor?" As lágrimas já voltavam para os meus olhos. "Eu ainda esperava que fosse, sabe?"
"Por favor, não chore mais."
"Ah, pelo amor de deus. Me faça um favor e vá se foder, Sebastian..." Falei com todo o deboche que eu tinha dentro de mim, mas logo murchei novamente. "Ou seja lá qual seu nome."
Caminhei devagar na direção da porta dos fundos da casa antes de olhar novamente para trás. Ele continuava parado lá, me olhando com uma expressão que me lembrava a de um animal ferido. Senti meu pulso desacelerar.
"E por favor, não volte mais... Vou estar pronta da próxima vez que vier e não será amigável." Terminei em um resto de voz antes de entrar e fechar a porta.
Era isso?
Era assim que as coisas iriam terminar entre nós dois?
Eu esperava que não.
Esperava poder dar mais um soco naquele rosto perfeito antes que ele fosse preso e amaldiçoado pela clave e apodrecesse em uma prisão.
Prisão. Ri mentalmente. Mesmo depois de tudo que ele fez eu não suportava a idéia dele morto.
Eu sempre esperei o melhor das pessoas, mesmo sendo pessimista. Sempre achei que de alguma forma eu podia concerta-las. Torna-las melhores, mas alguém como Sebastian talvez não tenha concerto. Talvez não tenha volta. Talvez ele já tivesse mergulhado fundo demais na escuridão.

Touble ↬ Sebastian MorgensternWhere stories live. Discover now