The One Where We Eavesdrop

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Era um local muito bonito, eu tinha que admitir. Jace cresceu em um lugar que poderia ser descrito no mínimo como agradável, mas por mais bonito que fosse não era capaz de me esquecer o porque de estarmos ali. Jace rastreou Sebastian até ali e eu já sentia minha garganta formando um nó. A ansiedade era inevitável.

Ele estava quieto e eu também não queria força-lo a falar, principalmente naquele momento, então eu apenas seguia seus passos, mesmo quando ele decidiu que a melhor coisa a se fazer era seguir um corvo a pé.

O corvo levou Jace para o que parecia um caverna/esconderijo, e ele me olhou duas vezes antes de decidir se entraria.

"Vai, eu fico de vigia." Murmurei pegando a lâmina serafim no meu cinto. "Tenho muito o que pensar."

Ele concordou com a cabeça, enfiando a mão no bolso e tirando dali uma runa de luz e logo ele estava dentro do buraco que so o Anjo sabe onde vai parar.

Chamei o nome da lâmina e ela brilhou, clareando um pouco do meu entorno. Enquanto eu estava parada lá eu podia ouvir o vento frio balançando as árvores enquanto o cheiro e terra molhada me envolvia cada vez mais no momento e por pior que isso soasse, e acredite, eu tentava afastar esses pensamentos, eu não podia deixar de pensar no garoto de olhos negros e sentir meu coração apertar. Lembrava da noite passada, do jeito como ele pronunciava suas palavras com tanto cuidado e eu não podia deixar de me perguntar:

Será que ele falava a verdade quando ele disse que a intenção dele nunca foi me magoar?

Será que ele falava a verdade quando disse que não estava previsto que ele ia se apaixonar?

Ele se apaixonou? Por mim? Tanto quanto eu havia me apaixonado por ele?
Balancei minha cabeça afim de afastar os pensamentos, tentando me convencer que eu não era o tipo de garota que apanha e gosta. Tentando me convencer que eu não ia ser aquela idiota que mesmo depois de tudo de ruim que um idiota fez ainda acha que ele tem salvação.

Mas tinha aquela partezinha de mim que parecia tentar me avisar que havia mais nessa história do que eu estava vendo.

"Pss..." Ouvi vindo de trás de mim e vi Jace fazendo um sinal com a cabeça para que eu entrasse ali. "Acho que eles podem ter vindo aqui."

Seu sussurro fez com que meu coração parasse por um minuto e por um minuto eu desejei ter ficado na cama essa manhã. Então eu segui ele e sua pedrinha cintilante para dentro da escuridão.

O túnel se curvava várias e várias vezes e o cheiro de pedra molhada fazia meu estômago embrulhar enquanto tentávamos ao máximo não fazer barulho ao que avançávamos por sua extensão. Depois de algum tempo o túnel deu em uma câmara circular. Estalactites se penduravam no teto parecendo jóias preciosas, o chão era liso como se tivesse sido polido para o maior conforto de quem quer que andasse por ali e tinha desenhos entalhados nele. No meio da câmara um estalagmite de quartzo que parecia ter alguns bons centímetros a mais que Jace, dentro dele uma fumaça vermelha parecia presa.

Seria lindo se não fosse assustador.

No teto havia uma claraboia natural, que despejava luz da lua diretamente naquela pedra tão curiosa que saia do chão.

Antes que eu pudesse pensar em algo mais um barulho agudo fez com que Jace e eu nos assustássemos, então ele me puxou para atrás de uma estrutura rochosa grande apagando a runa quase no exato momento em que duas figuras apareceram na câmara.

Quase engasguei.

Essas duas pessoas eram ninguém mais, ninguém menos que Sebastian acompanhado de um homem já feito que eu julgava ser Valentim.
Apertei a mão de Jace ao que Sebastian chegou até a parte iluminada pela claraboia e eu pude ver seu rosto.

Touble ↬ Sebastian MorgensternWo Geschichten leben. Entdecke jetzt