IX

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A comida era incrível, era como se as unnies fossem fadas com mãozinhas mágicas que tornavam tudo mais gostoso.

"Obrigada Ali, minhas mãozinhas são realmente mágicas" falou Yoona rindo de uma forma fofa, até receber olhares das outras e tapar a própria boca.


"C-como você sabia que..." disse antes de ser interrompida.

"Yoona!" as outras duas exclamaram juntas.

Tae me explicou sobre as três irmãs que cuidaram dele quando foi expulso dos céus, quando tinha 16 anos, mas na Terra essa idade equivalia a uns 6 anos. Literalmente elas eram suas fadas madrinhas.

De repente, a história triste de um anjo caído e sua amada amaldiçoados parecia um conto de fadas. Todos rindo e almoçando juntos, como se no dia anterior não tivessemos sido quase mortos.

Mortos?

Essa parte do vilão do conto se fadas não estava bem explicada.

"Não pense nisso agora, podemos explicar depois" SooYoung disse enquanto servia mais sopa em seu prato.

"Vocês podem... Parar de fazer isso?" falei rindo.

"Infelizmente não" Taehyung falou revirando os olhos "Com o tempo você se acostuma"

[...]

Já tinhamos ajudado a limpar toda a louça, então o que nos restava era o imenso jardim.

"Podemos... Falar sobre ontem? perguntei, deitando em seu ombro.

"É difícil explicar, seria mais fácil você... ver" suspirou "Vai ficar bem se olhar pra tudo que aconteceu?"

"Eu posso fazer isso?! Como?!" me levantei e olhei em volta.

Kim se levantou também e me levou a um pequeno chafariz que eu jurava não estar ali a alguns minutos. Tae segurou minha cabeça e olhou profundamente em meus olhos, como da primeira vez que me viu.

"Vai ficar tudo bem" e então a água cristalina mostrou abstratamente meu passado.

Aquele homem arrastando meu corpo desacordado não podia ser Jongin. Meu irmão, que demostrava amor por mim todos os dias, que a alguns meses trabalhava o dia inteiro para conseguir me alimentar, que as vezes pulava refeições para que o pouco da comida fosse para mim, que me deu um ombro quando nossos pais morreram, que foi humilhado e massacrado pela sociedade, que lutou para conseguir entrar em uma empresa e provar que tinha talento.

Pelo menos era o que eu queria acreditar.

"Kai não deixou de te amar... Ele só não lembra dessa parte boa de seu ser" sorriu para mim de forma angelical e me selou.

De alguma forma eu sabia do que ele estava a falar.

"Xiumin virá amanhã ao amanhecer, vamos começar a treinar você" o Sol nos cegava por um instante "Temos três dias e três noites para nos tornarmos fortes o suficiente para combate-los"

Meus olhos se fecharam rapidamente e um clarão me veio na memória.

Pessoas corriam de um lado pro outro desfigurando quem viam na frente, minhas mãos manchadas de sangue afagavam a sua pele e por algum motivo eu sorria. No meio daqueles pecados, daquelas dores, daqueles murmuros de sofrimento, eu sorria. Sorria porque ele ainda estava ali.

❁ fly || kth ❁  Where stories live. Discover now