#CAPÍTULO 27#

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Ariella Young

O despertador toca sem parar me acordando. Ergo a cabeça com preguiça, e giro pela cama sonolenta.
Estico os braços. Hoje será um longo dia e ainda estou sem coragem de sair da cama. Desligo o despertador rapidamente e me encosto na cabeceira. Olho para o quarto, e observo a televisão, distraída. Tento me lembrar do que farei. Esfrego os olhos quando penso nas gravações. Isso. Preciso falar com Benjamin.
Pego o meu celular que está ao meu lado, e disco o número dele. Bocejo um pouco, e deito novamente na cama esperando ele atender, mas não obtenho resposta.
- Ninguém merece, vou tentar mais uma vez. - murmuro, discando novamente o número. Mexo os meus dedos, e olho a unha quando a ligação cai na caixa postal. Reviro os olhos.
- Como é que ele me pede para ligar, e não atende a droga do meu celular?- Pergunto, irritada. Jogo o celular ao meu lado, e caminho até a janela. Abro a cortina de uma vez só, e entro na varanda apenas de calcinha e sutiã com o casaco por cima. Observo a vista emocionada, e olho para o céu.
- Que vista esplêndida. - Elogio de braços abertos ao sentir o sol atingir meu corpo.
- Eu digo o mesmo... Não consigo nem piscar de tão bela. - ouço uma voz masculina. Olho para a varanda ao lado. Um coroa passa a língua nos lábios, enquanto me deseja. Franzo a testa. Tento tampar meu corpo com o casaco, sem sucesso. Merda!
- O senhor tem idade de ser meu avô. - falo, irritada. Ele começa a rir.
- Só se você quiser, docinho. - o rapaz, fala fazendo biquinho nos lábios. Arregalo os olhos. Faço uma careta, e balanço a cabeça em negação.
- Não, não quero. - eu disse, dando lhe as costas.
- Linda. - escuto o dizer.
- Tenha um bom dia, senhor. - Falo educamente, entrando no quarto. Começo a rir com a situação. Deve ser americano, pelo sotaque da para perceber.
Meu celular toca novamente, e vejo a foto de Benjamin na tela. Atendo.

Ligação ON.
- Alô? - falo.
- Ariella, mil perdões. Estava muito ocupado, e não vi sua ligação. Me perdoe.- ele fala, desesperado. Sorrio.
- Tudo bem, está perdoado. - eu disse.
- Já tomou café? - ele pergunta.
- Ainda não, acordei nesse instante.- eu disse, bocejando.
- Vamos tomar café juntos. Me mande o endereço pelo WhatsApp. Estou indo te buscar para podermos falar do trabalho.
- Ótimo. Vou me arrumar agora. - aviso.
- Me ligue quando tiver pronta.- Benjamin pede.
- Tudo bem. Beijos.
Liação OFF.

Jogo o celular novamente na cama, e abro a minha mala grande para escolher qual roupa vestir. Preciso dobrar cada peça para colocar no guarda-roupa já que ficarei um bom tempo aqui. Não tenho ideia do que vestir, até hoje tenho isso. É incrível. Acho que todas as mulheres por mais que tenham um closet vão dizer essa frase "Não sei o que vestir" ou
"Não tenho roupa". No meu caso é real oficial. Não tenho. E trazer roupas foi o mais difícil, pois viajar para um país diferente do seu é muito difícil. Não sabe se faz frio ou sol, então trouxe tudo. Já são nove horas da manhã, e o tempo está muito bom. Não faz frio, e não faz calor. Está... Como posso dizer? Equilibrado? Acho que sim.
Visto uma calça preta jeans, e uma blusa branca com minha jaqueta preta de couro por cima. Ponho um sapato branco, e faço um coque em meu cabelo bem despojado. Pego a minha bolsa e coloco meus documentos antes de sair de casa.
- Acho que falta mais alguma coisa.- Murmuro, olhando-me no espelho. Inclino a cabeça para o lado, e faço uma careta. Esse rosto precisa ser maquiado.
Vou passar um reboco, um cimento nessa cara para ver se realça a minha beleza. Estou horrível.
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Estou em frente ao hotel esperando o Benjamin me buscar. Eu esqueci de avisá-lo que estava pronta, e desci. Merda! Agora preciso ficar esperando. Não tenho a mínima ideia que horas ele vai chegar. Lembro do número que Maurício me entregou, e tiro o papel de dentro da bolsa. Sorrio. Disco o número do rapaz no meu celular e atendo. Nada melhor do que um motorista particular, não é mesmo? Me encosto na parede do hotel.

Ligação ON.
- Bonjour! - (Alô!) O rapaz fala com uma voz de sono. Franzo a testa.
- Ouais ... Qui parle est Ariella. - (Sim... Quem está falando é Ariella). Esqueci completamente de perguntar a Benjamin como o rapaz se chama. Droga!
- Ariella... Não conheço. - Ele fala, pensativo.
- Benjamin m'a parlé de vous est chauffeur privé? - (Benjamin disse-me sobre você, é motorista particular?)
- Ouais. - (Sim) - Ele responde, secamente.
- Parlez-vous anglais? - ( Você fala inglês). Pergunto dando risada.
- Falo sim, não gosta do francês?- o rapaz pergunta, sorrindo. Reviro os olhos.
- Gosto, mas é que ainda estou aprendendo. Então não sei muita coisa. - respondo.
- Entendo. O Benjamin te deu o meu número? - ele pergunta, curioso.
- Sim. Cheguei ontem de viagem, então vou precisar de um motorista. Está com disponibilidade? - pergunto, de braços cruzados.
- Estou sim, é para busca-la agora?- o rapaz pergunta
- Como você se chama? - olho o movimento.
- Felipe. - Ele responde. Assinto. Vejo um rapaz sair de um carro prata olhando para todos os lados. Deve ser o Benjamin. Seus olhos me encontram, e o vejo acenar com entusiasmo. 
- Olha Felipe, estou indo a uma reunião agora. Daqui a pouco mandarei todos os meus horários para você, tudo bem? Preciso desligar, agora.
- Tudo bem, Ariella. - Felipe fala, por fim.
- Tchau. - me despeço.
- Tchau. - ele fala, com um tom baixo.
Ligação OFF.

Encerro a chamada, e sorrio olhando para o visor do aparelho. Corro na direção do carro e cumprimento Benjamin que me abraça fortemente.
- Você é linda, pessoalmente.- ele fala, ao entrar em seu carro.
- Obrigada. - agradeço, fazendo o mesmo. Coloco o cinto de segurança, e fecho a porta do carro.
- É bom conhecê-la. Aqui está as suas falas.- ele avisa, estendendo uma pasta preta na minha direção. Seguro com cuidado.
- Que maravilha. - murmuro.
- Antes de começar vamos tomar café, primeiro. Estou com muita fome. - Benjamin confessa, me fazendo rir.
- Imagino. Estou na mesma situação. - Falo, dando risada. - Me conte um pouco da história.
- Vou resumir um pouco... Uma mulher sofre abuso do amigo do pai- Detalhe, ela sofre isso desde pequena até a uma certa idade - depois, a moça assisti a morte do pai dentro do guarda-roupa escondida... Essas cenas será forte. Então, ela cresce e busca por vingança... Tudo acontece em Paris. É onde ela encontra um homem por quem se apaixona.- Benjamin explica, enquanto direge. Fico perplexa.
- Uau! - sussurro.
- Esse filme terá romance, suspense... Ação. Você vai gostar. Já lutou alguma vez? Fez algum esporte? - ele pergunta, pensativo.
- Não, não fiz. - murmuro.
- Não se preocupe, terá todo um treinamento.- ele avisa, sorrindo.
- Que legal. Não vejo a hora de atuar. - Digo, me recostando no banco.
- Acabamos de chegar. Esse lugar faz um capuccino delicioso. - Benjamin fala, assim que estaciona o carro.
- Ótimo. - eu disse, abrindo a porta do carro para sair.

  Ariella (A proposta) - 2° LIVRO Onde histórias criam vida. Descubra agora