Fama não tem nada a ver com escrever bem. Um autor pode escrever bem e não ser famoso, bem como muitos autores por aí escrevem super mal e são famosos. Sei que vou ser polêmica se citar nomes, então apenas farei um livro de dicas (como tantos outros...
Esse tópico foi sugerido nos comentários e eu achei bem válido, tão válido que passei na frente dos outros tópicos que já tinha preparado!
O pedido foi: Como escrever boas descrições.
É muito comum no Wattpad - e sempre que eu avalio um livro por aqui de 10, 8 eu vou reclamar que não possui descrições. Sendo que 1 tem descrições "básicas" e apenas 1 vai ter descrições que são realmente completas e que dão ao leitor o toque da atmosfera em que o personagem está inserido.
Vou propor um exercício simples, portanto antes de você começar, dê uma olhada nessa imagem e faça uma descrição do suéter cor-de-rosa na foto:
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Eu te garanto que, se você souber o que fazer, sua descrição será 80% baseada naquilo que você está vendo: o trançado, a cor, o material usado, um ou outro arriscará adjetivos como "confortável" ou "desengonçado".
Mas dificilmente será uma descrição completa, ou ainda artística, que deve ser o nosso objetivo quando estamos falando sobre escrever um livro.
Sabe em Diários do Vampiro, que na série de televisão o Damon pega um livro e ele começa a ler e diz que seria bom, mas que o problema desse século é que usamos muito adjetivos? Essa cena ficou marcada na minha cabeça, por ser uma coisa que eu sempre pensei, mas que dificilmente trago a tona em uma discussão literária, a menos que as pessoas presentes sejam minhas amigas.
Um professor de roteiro meu uma vez alertou a turma sobre como as séries de televisão, o close-up excessivo nos rostos na hora de expressar uma emoção, tiraram dos autores aquele "sentir" e o "perceber" sem precisar dizer o que está vendo. Vou explicar: É como se toda vez que fôssemos descrever que o personagem não entendeu uma questão com "ele franziu a testa", porque é isso que sempre vemos nas séries de televisão... Nesse caso, autores famosos e best-sellers disseminam essa descrição em seus livros, porém, enquanto se firmam no pilar do "visual", perdem-se no artístico que uma cena implica.
E livros, na minha opinião, podem ser bem artísticos, especialmente por serem esse lance de "ler e imaginar" muito mais do que "olhar por uma fotografia/tela e dizer o que está vendo".
É basicamente assim: a gente assiste atualmente muita televisão (séries de Netflix, novelas, filmes no cinema) e os diretores usam basicamente as mesmas táticas inventadas lá nos anos 80/90 para firmar essa questão. Quando a cena é triste, close nos olhos marejados!
E quando vamos escrever uma cena triste que um personagem está em cena? Os olhos ficam marejados, a visão fica borrada... E normalmente a gente morre a descrição por aí, arriscando no máximo algumas metáforas como "o mundo inteiro derreteu diante de mim como uma tela de pintura borrada e deformada". Uau, que poético, não é?!
