Capítulo 6

752 100 42
                                    

"Só porque acha que sabe algo, não significa que seja verdade"

-Então, é isso... com essa impossibilidade de um confronto direto e pela via tradicional de guerra, eles passaram a disputar poder de influência política, econômica e ideológica pelo mundo todo e... Kim, por favor, se concentra.

-Essa matéria é chata demais. Não quero estudar isso.

-É, mas as provas...

-Que se danem as provas.

Disse, fechando nossos livros e dando fim naquele assunto entediante, realmente permanecer por horas estudando e repetindo o mesmo assunto não era comigo. Até achei, quando recebi o convite, que conseguiria levar, mas não estava rolando.

-Você é muito rebelde, credo, nem parece o mesmo que gabaritou a prova e entrou no colégio com êxito.

-Na verdade eu falsifiquei a prova pra entrar no colégio só pra te encontrar. – Quem poderia me culpar? Eu estava ali jogando a verdade na cara dele, bastava ele acreditar.

-Bobo.

Ele desdenhou rindo, saindo do meu lado e se encaixando no meio das minhas pernas. Estávamos no chão da sua sala já fazia um bom tempo e aquela atividade tinha nos tomado praticamente a tarde toda, mas agora parecia que ele também havia se cansado e queria outra coisa. Lentamente ele foi se aproximando mais e mais de mim com um sorriso travesso no rosto e me puxou pra um beijo ao qual eu retribuí.

...Três dias atrás...

-O que??? – Perguntei assustado com que ele tinha acabado de falar.

-É cara, matar o moleque. Você não queria vingança? Isso com certeza é uma e o velho vai sentir pra sempre... tipo seu pai, pelo filho dele.

Ferrugem discursou bem animado e não demonstrando qualquer tipo de sentimento por ter tido aquela idéia. Aquilo me assustou, ele sempre ficava animado assim quando planejava algum furto em lojinhas, padarias e estabelecimento pequenos, mas não pensei que ficaria assim também planejando um assassinato.

-Calma aí, Ferrugem! Matar o garoto? Tá doido, isso não é como tirar quinhentos reais de alguém desavisado que acabou de sair do banco.

-Porra Kim, não foi você quem disse que o velho gosta muito do garoto? Então cara, tu não quer vingança?

-Mas não é assim... o garoto não tem nada a ver com isso.

Tentei deixar as coisas bem claras a ele e até a mim mesmo, não era certo de forma alguma envolver ainda mais o Théo naquilo tudo. Passou um minuto completo até que ele voltasse a falar novamente.

-Puta que pariuuuu. Porra, você se apaixonou pelo garoto Joaquim??? – Sua voz esbravejava e me questionava assustado.

-O que?? Não, não... não sei... não. Tá maluco? É só que...

-Tá apaixonado sim, merda. Qual seria então o motivo pra você não querer fazer isso?

-Ferrugem... vamos com calma, tá. Vamos conversar com calma sobre isso e não agora, eu não quero me tornar um assassino.

Desde daquele dia eu não parei mais de pensar na situação. Eu sabia que meu amigo só estava querendo me ajudar, mas talvez ele tenha passado do limites com aquela ideia, eu não sabia se conseguiria levar em frente aquilo, nem tão pouco se era aquilo mesmo que eu queria fazer. Com os dias passando e com minha aproximação do garoto, acabou me fazendo entender que ele nada tinha a ver com aquilo, o que eu pudesse fazer pra deixá-lo de fora disso, eu faria.

Pela Honra do Meu PaiWhere stories live. Discover now