Capítulo 9 - [Penúltimo Capítulo]

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"Tomei a decisão de fingir que todas as coisas que até então haviam entrado na minha mente, não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos."

Eu estava completamente fodido.

Percebi isso enquanto via o Ferrugem falar em mil maneiras e planos pra pelo menos não sairmos no prejuízo com tudo isso, porque, pra ele, era praticamente burrice desistir de tudo assim sem que ao menos fizéssemos algo.

-Kim, pensa que demais. Você já tem acesso naquela casa, o velho vive viajando, imagina quantas coisas a gente pode conseguir de lá!? E isso já seria meio que uma vingança, né. Depois você pode meter o pé e sair disso, não é isso que você queria?... Se a gente for esperto, ficamos ricos com isso.

Ele falava animado, mas algo dentro de mim, algo que eu nem sabia direito o que era, gritou de repente pra que eu falasse não e recusasse aquela maluquice. Porque, alem do plano ser completamente arriscado e sem noção, eu de fato não queria participar daquilo. Demorou, eu tive que lutar contra mim mesmo, mas por fim acabei chegando naquela conclusão. Eu queria sair daquele personagem que inventei por causa da maldita vingança, talvez nem tanto quanto antes, mas ao mesmo tempo eu já tinha me acostumado e agora já não era tão difícil encenar como antes. Eu até que estava gostando.

De repente me bateu medo, o que estava acontecendo comigo pra conseguir admitir uma coisa como aquelas e não me sentir mal por aquilo? Eu só podia estar louco ou com um problema muito grave na cabeça. Desde sempre meu plano inicial era me aproximar daquela família, conseguir o suficiente pra me vigar deles pelo que aconteceu com meu pai e sair o mais rápido disso, não desejar entrar pra família e viver feliz com eles. Algo estava muito errado em tudo aquilo, eu só não sabia o que.

Sabendo que de forma alguma eu poderia dar mais na cara ainda o que estava acontecendo comigo e com medo que o Ferrugem desconfiasse caso eu desistisse das suas ideias, eu deixei que ele continuasse falando e planejando seus esquemas. Seria melhor assim, né, pus na minha cabeça que faria tudo que ele tivesse decidido e depois me afastaria de vez daquela família, assim tudo voltaria a ser como antes.

Não falei com o Théo pelo resto daquele dia e no outro acabei por também não ir ao colégio pela manhã. Não teria mais que ficar bancando o bom moço se logo tudo aquilo iria por água a baixo, mas meu sumiço não foi muito bem recebido, percebi isso quando acordei e dei de cara com sete mensagens que foram mandadas durante toda manhã:

"Baby, tá aí?" - 07:15

"Kim, onde você tá?" - 07:47

"Eu não acredito que você vai sumir assim, e as suas aulas?" - 08:19

"Kim???" - 09:30

"JO-A-QUIM, ONDE VOCÊ SE METEU??" - 09:37

"Tudo bem! Se quiser sumir que suma, também não vou te procurar mais" - 10:01

E a ultima de poucos segundos atrás:

"Kim, o que tá acontecendo?" - 12:50

Visualizei aquelas mensagens desesperadas e segurei a vontade de dar risada daquilo, meu estado de espírito não tava pra isso, mas, decidi que era hora de parar de me esconder e dar pelo menos um sinal de vida, por isso respondi:

"Tô indo te buscar, me espera."

O horário de saída do colégio já se aproximava então eu resolvi passar por lá e buscar ele, já que teria que dar explicações do que tinha acontecido. No caminho pensava na desculpa que iria dar e sabia que teria que ser bem convincente e, conhecendo o pouco que conhecia dele, ainda não seria suficiente. Chegando em frente ao colégio com alguns minutos atrasados, vi que a maioria do pessoal já tinha ido embora, então isso facilitou eu ver duas figuras paradas na frente do portão conversando alegremente. Arranquei meu capacete pra ver melhor e quando tive a certeza, buzinei duas vezes para que o meu namoro e o ex dele vissem que eu estava ali olhando aquela palhaçada. Quando me viu, Théo se despediu do cara lá e veio em minha direção já com a cara fechada.

Pela Honra do Meu PaiWhere stories live. Discover now