Capítulo 27 - Nem toda notícia é tão boa assim.

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   Depois de fazer provas e mais provas fomos para a aula de Educação Física e - por sorte - a professora nos liberou e apenas quem quisesse que faria as atividades. Se eu fiz? É óbvio que não!
   Estávamos eu e a Gabi sentadas naquela arquibancada de metal olhando os meninos jogarem futebol. Uma coisa da qual eu não podia reclamar era dos meninos daquela escola, realmente eram muito gatos, ainda mais quando jogavam sem camisa.
   Por falar em gatos sem camisa, eu precisava esperar o Lucas parar de jogar e agradecê-lo por ter me ajudado outro dia. E lá estava ele, correndo atrás da bola... Como ele podia ser tão lindo? O seu corpo definido e quando ele jogava algumas mechas de cabelo para trás me faziam ir a delírio.

- Bia? - dizia a Gabi passando seu gloss transparente - Vai quebrar, viu?

- O quê? Vai quebrar o quê?

- O Lucas. Você não para de encará-lo! - ela dizia dando risadinhas.

- Eu? Verdade, estou olhando mesmo. - disse suspirando.

- Então toda a raiva passou? - não respondi àquela pergunta, apenas pensei - Confessa, Bia, depois que ele te salvou a quedinha que desde sempre teve por ele voltou, não foi?

   Foi aí que realmente parei para pensar. Será que o fato de ele ter salvo minha vida fez com que toda a raiva que sentia por ele simples desaparecesse? Será? Acho que sim, Beatriz. Acho que você voltou a ter uma - enorme - queda pelo popular Lucas Giviolli. É... Sim! Eu gosto dele!

- Bia? - disse aquela voz que eu não queria ouvir tão cedo.

- Agora você abre a boca?

- Gente, vou deixar vocês conversarem sozinhos! - a Gabi disse - Se ela se alterar muito me chama, entendido?

  O quê?!

- Olha, Caíque, eu não quero conversar com você porque por sua culpa eu não vou poder sair em lugar algum! - disse - Por sua culpa! - falei apontando o dedo em seu peito.

- Desculpa, está bem? Eu não fiz por mal!

- Não fez, mas deu a indireta e a sua namoradinha sem sal falou tudo! E agora minha mãe acha que eu sou uma garotinha indefesa que não consegue se soltar de um homem!

- Eu realmente sinto muito, o que você quer que eu faça para que as coisas voltem a ser como antes?

- Sabe o que eu realmente quero? - disse lembrando da ideia que eu tinha tido - Você sabe lutar? - disse sorrindo.

- O quê? Lutar? Qualquer um sabe!

- Eu estou falando de luta mesmo, não apenas socos e pontapés!

- Sei sim, fiz muay thai. Por quê? - por um momento ele me encarou e pensou em algo - Não, não, não, eu não vou te dar aulas!
- Por que não? Por favor, Caíque! - disse com as mãos juntas.

- Não, Beatriz!

- Você quer mesmo ser responsável por outro assédio?

- Não serei, já que sua mãe não deixa você sair mais.

- Eu conheço muito bem ela e sei que logo, logo ela me libera. Por favor, Caíque! Não quero que esse tipo de coisa aconteça outra vez! Me ajuda a me defender!

- O.k. Você venceu!

- Isso! - disse dando pulinhos - Quando começamos?

- Quando a senhorita estiver completamente recuperada na costela.

- Obrigada! - e o abracei forte.

  Isso!

- O que está acontecendo aqui? - disse a Alice nos assustando.

- Só estamos comemorando. - ele disse.

- A sua confiança é tão baixa assim? - disse com a sobrancelha erguida.

- Pode rir, Beatriz! Porque quinta feira quem vai rir por último serei eu quando te vencer no ballet.

- É o que vamos ver!

                            |•|

   Fazia um bom tempo que eu não ia para a academia de dança e parar em frente aquele grande prédio me fez sentir um frio na barriga. Depois de tanto tempo sem treinar e com a costela que foi recentemente quebrada, será que eu conseguiria vencer a Alice?
   Entrei, coloquei o colanllant e as sapatilhas e fui em direção ao estúdio espelhado.

- Bia, quanto tempo! - diziam as meninas - Como você está?

- Oi gente! - sorri - Estou bem sim! Finalmente melhorei.

   E neste exato momento entra minha professora, a Dagmar. Ela era do tipo fofa e ao mesmo tempo bastante rígida, mas eu a adorava.

- Bia, quanto tempo! - ela veio em minha direção me abraçando - Espera... O que você veio fazer aqui?

- Eu tenho um teste na quinta e preciso de ajuda, já que eu não treino há um tempo.

- Meninas, podem começar! Um, dois, três, repete! - disse e me guiou para um canto reservado - Eu sinto muito, Bia mas você não pode dançar por agora.

  O quê?!

- C-como assim? Por que não? Eu já cumpri meu atestado! E a peça é daqui três meses!

- Eu vi seu atestado sim, mas você vai precisar fazer o teste essa semana, não é? E Bia, você só poderá voltar a dançar daqui dois meses.

- Dois meses?

- Eu sinto muito, Bia. E olha, eu te aconselho a esperar esse tempo antes que ocorra alguma complicação. - disse segurando meus ombros.

- Mas...

- Mas nada, Beatriz! Você tem que aceitar sua situação. Quando esse período passar pode ter certeza que se você quiser até aulas extras eu te dou.

- Tudo bem. Eu preciso ir, tchau!

- Não precisa ficar assim, logo, logo passa.

   E saí.
   Saí daquela academia. Por que isso estava acontecendo? Eu só... Eu só queria poder dançar na peça da escola. E agora a chata da Alice vai se achar a vencedora e fazer questão de me lembrar de que ela é quem vai fazer o solo naquela bendita peça.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora