Capítulo 4 - Partition

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Uma vez dentro do carro luxuoso, Alexandre e eu já nos preparávamos para gritar mais um bocado até perdermos a voz. E foi exatamente isso que fizemos a partir do momento que o veículo foi posto em movimento.

Eu tinha que admitir que era divertido. Sentir a garganta arranhar e o calor no colo. Vê-lo com as veias do pescoço saltando e o olhar maníaco penetrante. Dava um combustível extra que faltava no dia-a-dia. 

Brigar com Alexandre era, sobretudo, questão de sobrevivência.

Sendo uma advogada de alta classe, era preciso que eu me mantivesse sempre centrada, que falasse de maneira assertiva e ponderada, que não saísse do sério nunca. Era muito libertador poder ser tão... Irracional, vez ou outra. 

- E você é mal educada, e mimada, e arrogante... - Ele continuava, cada vez mais fora de si. Escalava o banco de couro da limusine como se fosse realmente me atacar a qualquer momento. Me bater, chacoalhar, morder e arranhar.

- É? Bom, você é um exibido, um imaturo, insuportável... - Eu rebatia, tremendo a voz e o corpo de adrenalina, e me aproximando dele também para não me mostrar intimidada. 

- Argh! - Gritou em fúria. - Você é impossível! Não tem jeito, Monique, eu te odeio e você me odeia, não tem conversa no mundo que vá fazer isso mudar. - Exclamou derrotado, mas eu estava longe de querer cessar aquela discussão. Estava ficando cada vez melhor, mais excitante.

- Ah, claro, o bebê mimado desistiu no segundo que as coisas ficaram difíceis. É tão típico de você querer parar porque não sabe escutar algumas verdades. Vai procurar abrigo nos braços do seu amado Google agora? Seu nerd dependente. 

Eu soube que havia passado do ponto assim que as palavras saíram da minha boca. Os olhos de Alexandre incendiaram em lava fumegante e dessa vez eu tinha certeza que ia apanhar.

Suas mãos subiram na altura dos ombros e desceram violentas na minha direção, que só pude apertar os olhos temerosa. Senti mais do que vi elas segurarem em punhos pedaços generosos do meu vestido na altura da coxa, e não soube se era uma tentativa dele se controlar até que ele começasse a puxar uma mão para cada lado ao mesmo tempo que rugia. 

O tecido começou a ceder e logo a fenda do meu vestido estava indecentemente aberta até quase a minha cintura.

- Mas que porra?! - Gritei, esperneando. 

- Já que você não fica quieta de jeito nenhum, vou te dar um motivo para falar, Monique. - Ele murmurou, e, segurando meu tornozelo esquerdo, puxou meu corpo até estar grudado ao dele, as pernas descansando em volta da sua cintura. - Vou te dar um motivo para falar no meu ouvido pelo resto da vida.

Com uma mão agarrando os cabelos da minha nuca, Alexandre me empurrou para si e tomou minha boca na sua. 

Tudo bem, hora da verdade. Para o espectador mais desavisado, ele poderia parecer um bruto, um sem noção que se aproveitou da situação para abusar de mim. Mas... Não era bem assim que o cenário se desenvolvia. Isso porque tudo ali indicava o que aconteceria. Nossa proximidade, o calor, a ansiedade palpável no ar. Então eu estava bem avisada de que nos atracaríamos no banco traseiro da porcaria da limusine.

E nem por isso deixou de ser surpreendente sentir, enfim, o gosto da sua saliva. 

Eu não vou ser hipócrita também e dizer que me dei ao trabalho de ficar puta ou que fiz a recatada. Pelo contrário: foi só saborear pela primeira vez o gosto daquele homem maldito para que eu o puxasse pela camisa mais contra mim e o retribuísse em doses iguais de ódio, fúria e tesão.

Alexandre chupava minha boca, mordia meus lábios, engolia meu sabor como se aquele fosse o último beijo que fosse dar na vida, e eu tive raiva. Raiva dele por ser tão bom naquilo, por me deixar querendo mais antes mesmo de acabar. Por isso, arranhei seus ombros e puxei suas roupas, amassando-as o quanto pudesse para deixar claro que estava irritada. 

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