Vigésima Primeira Carta

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Eu tentei te contar a verdade hoje. Eu ia me apresentar a você e eu ia te mostrar quem eu sou. Disse a mim mesmo que faria isso e eu realmente sentia vontade — e necessidade — de fazer isso. No entanto, a poucos passos de te tocar, um abismo se abriu entre nós. Eu não sabia o que era. Eu não sabia se era medo, ou vergonha, eu apenas soube que não podia fazer isso ainda. Então eu recuei.

Não sei se criaram uma palavra que expresse a emoção que tive quando li sua última carta. As coisas que você disse e o modo como falou... eu perdi toda a minha sanidade. Todas as minhas barreiras foram destruídas; todas as minhas armas foram abaixadas. Mãos sobre o fogo, ou mãos para o alto, eu me rendo, eu pensei.

Quando você disse "por favor, meu amor, vem pra mim", eu literalmente caí. Tudo o que eu queria fazer era sair correndo para os seus braços, até porque uma vez eu escrevi que se você dissesse para eu correr para você, então eu correria como uma criança corre para o playground. Foi por isso que eu decidi me mostrar a você. Mas aí... eu percebi que não podia.

Eu me frustrei e fiquei assim o dia inteiro... Não sabia dizer porque eu senti esse impedimento, quando tudo que eu queria fazer era ficar com você. Mas aí, eu percebi, que dizer a você quem sou não era o que ia me fazer ficar com você. Eu não sabia que eu havia percebido isso no momento, mas eu reconheço agora. E o problema não é você me rejeitar ou não; você me amar ou não; vai além disso, porque...

Porque é o que eu sou. E é o que você é, o que nós dois somos. Algo que não podemos mudar... que eu quis mudar muitas vezes para tornar isso mais fácil, mas está fora dos meus poderes. Isso existe apenas na minha imaginação.

Quando eu comecei a escrever e enviar essas cartas, eu não esperava esse resultado. Eu não esperava que você fosse responde-las. Eu não esperava que você fosse me retribuir esse carinho. Oh, Deus... eu não sabia nem que você ia guarda-las. Eu esperava que você as lesse, entretanto... ao menos isso. Essa foi apenas uma maneira que encontrei de manifestar meu amor por você, de colocar ao universo esse sentimento quente que existe no meu coração e que, cada dia mais, só vem a crescer.

Sim, era um amor platônico. A ideia dele se concretizar... pode parecer algo lindo e extraordinário, mas para mim? Isso me aterroriza ao ponto de eu não querer nem pensar sobre. Pois todos os relacionamentos tem problemas... e na minha cabeça, nosso amor é puro, é forte, é inquebrável, e é eterno. Começar algo com você, em realidade, isso me parece... perigoso. É como se um espelho fosse se quebrar, e o amor pleno que vejo nele fosse ser refletido em estilhaços.

Eu sei que pareço louco. Talvez eu seja. Eu não sei se algum dia terei forças para correr para os seus braços, como disse que faria, mas eu também não consigo decidir o que dói mais: não te ter ou te ter e te perder. Mas eu quero que saiba disso: eu te amo com todo o meu coração.

Eu espero que algum dia eu saia de toda essa paranoia e te olhe de frente, nos olhos, e te diga isso com som, não com tinta. Mas até lá... perdão.

All the love, x

Letters to Lou (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora