Terceiro Encontro

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Não acredito que realmente vou fazer isso. Não, não acredito que realmente estou fazendo isso. Mas é verdade. Ao me deparar com o espelho, vejo que já estou pronto. Falta apenas tentar arrumar esse meu cabelo bagunçado, que tem vida própria e que nunca colabora comigo. Ah, deixa pra lá! Vai ter que ser assim mesmo. Oh, espera... um pouco de colônia! Agora, sim. Pronto!

Vou fazer isso.

Vou pra festa da escola.

Na verdade, não é bem uma festa da escola, e sim, uma festa com as pessoas da escola, já que não foi organizada pela instituição, mas acontecerá lá. O pessoal da minha turma, junto com algumas outras, organizaram uma reunião noturna no terraço. Estou indo agora mesmo pra lá.

Não estava entre meus planos comparecer, mas estive tão absorto ultimamente que fazer algo fora do padrão poderia ser interessante, ainda mais ao ar livre. Quando você fica em casa, você sabe o que pode acontecer: apenas aquilo que você planejar. Mas quando você se permite sair, não existem limites para as possibilidades. Qualquer coisa pode acontecer.

Alguns amigos meus — que, inclusive, insistiram um pouco para eu ir — estarão lá, então não ficarei sozinho no meio de um monte de gente. Eles estão esperando por mim na entrada assim que chego. Atravessamos o hall até a escada e subimos todos os lances até o terraço, que é espaçoso o suficiente para bastante gente. E eu não sabia que haveria tanta gente! Isso está lotado.

"Pensei que fosse ser uma festinha", enfatizo o 'inha'.

"Ah, você sabe como esses animais são", diz Jack, um dos meus amigos, "todos os agregados vem junto e eles só querem um pé pra fazer onda."

"Certo", assinto.

A maior parte da festa é como qualquer outra em que participo: como um pouco, converso com algumas pessoas, observo o movimento, mas fico na minha, pois não danço, não bebo, não paquero... sou inútil em festas! Nem sei porque pensei que essa poderia ser diferente.

Mas aí, no meio de todos esses rostos, encontro um que faz o chão sumir sob meus pés: ele é composto por olhos azuis que estão escuros nessa noite, mas seu lindo sorriso ainda ilumina o ambiente. É Louis. E, agora que o encontrei, não consigo parar de olhar para ele. Mas também sinto um pouco de vergonha, e isso me dá vontade de ir embora.

Ele olha na minha direção e eu penso em virar o olhar, mas isso seria algo estúpido de se fazer. Sendo assim, finjo que não o estava olhando por muito tempo e ele abre a boca ao me ver, expandindo seu sorriso. Já sem chão, agora também estou perdendo a gravidade. E quando ele acena para mim, eu perco a sanidade.

Sorrio e aceno de volta para ele. Estou com meus amigos, assim como ele está com os dele, então não nos falamos. No entanto, encontrei algo divertido para fazer na festa: seguir Louis com o olhar. Eu quero ver como ele se comporta numa festa. Será que ele dança? Ou bebe? Ele paquera alguém, chega a beijar? Ele faz todas as coisas que eu poderia fazer e não faço?

Na maior parte do tempo, ele apenas fica de brincadeira com seus amigos e se serve de espetos de carne e de bebidas — que não são alcoólicas, pois uma festa na escola requer certas regras (o que não impede em nada alguém de ter "batizado o ponche").

É de se imaginar que meus olhos estão colados nele o tempo todo, mas não é assim. Eu apenas olho ocasionalmente, afinal, não dá pra ficar o tempo todo com o olhar focado apenas numa direção quando se está numa roda de amigos. Então eu faço esse lance em que o vejo quando mudo o olhar de uma pessoa para a outra. E, em uma dessas mudanças, percebo que ele está olhando para mim.

Finjo que nem notei seu olhar sobre mim. Finjo que isso não é nada, pois provavelmente não é. Mas aí, isso acontece novamente, e quando vejo seus olhos apontados para mim, sinto algo magnético que me convida a encara-lo de volta. E, dessa maneira, nos prendemos no olhar um do outro. Por quanto tempo? Eu não sei. Mas talvez tenha sido bastante, pois alguém chama minha atenção. Felizmente, sou uma pessoa muito avoada, então isso não é surpresa para ninguém. Eles não repararam que eu estava fitando Louis.

Letters to Lou (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora