Capítulo 07 - Doce Menina

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Andrew

- Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave? - recitei a poesia na versão em inglês, Luci me encarava boquiaberta do outro lado da pequena mesa

- Isso... Isso é... - ela tentava dizer e eu completei

- Primeiro, não é "isso" é poesia, esse é um trecho de procura da poesia de Carlos Drummond de Andrade - falei sorrindo

- Eu não imaginava que você fosse do tipo de ler poesia Andrew, você parece tão... Tão - ela tentava falar de novo

Normal! As garotas ficam mesmo sem palavras perto de mim

- Tão... - a forcei a terminar e ela riu

- Tão rockeiro - ela terminou e eu sorri - Não tenho nada contra, mas é que... Sei lá, não combina - ela falou e bebeu da sua taça de vinho - E ainda é brasileiro, eu sabia que conhecia de algum lugar, sinceramente, ele soa mais bonito em português

- Você também gosta de poesia? - perguntei

- Na verdade, eu fui obrigada a estudar na escola, então acabei gostando, mas não sei recitar assim... Que nem você, como eu posso dizer?... Sem... Sem papelzinho, eu pesquiso quando quero ler um - ela falou sorrindo

- Quando sentires a falta constante de alguém... Em um raio de sol sentir o toque de alguém... Na brisa leve sentir o suspiro de alguém... Você é portador de um vírus! O amor - recitei e sorri

- Meu Deus Andrew! - ela falou sorrindo - Você tem que parar de ser tão perfeito!

- Não consigo, é involuntário - falei sorrindo

- Você é um exibido! - ela apontou o dedo para mim - De quem é esse?

- O "poema" é de William Shakespeare - dei ênfase em "poema"

- Você é tão fofinho! - ela falou se levantando

- Para com isso Luci, eu estou ficando vermelho - falei brincando

- Mentiroso! Pede a conta e vamos pra casa - ela disse

- Você paga! - falei sorrindo e me levantei também

- Seja um cavalheiro Andrew! - ela cruzou os braços irritada

- Acho que você bebeu demais baby! Está muito inocente - falei rindo - É claro que vou pagar, eu sou o homem

- E o que tem? Não tem nada ver você ser homem - ela falou séria - garçom! - ela chamou e o homem de branco se aproximou

- Sim? - ele falou educado

- A conta por favor - Luci disse docemente

- Claro madame, já voltarei - ele disse e saiu, então Luci se virou pra mim

- Eu vou pagar! - ela disse determinada

Pronto! Eu e minha boca grande

- Luci, por favor... - comecei e ela me interrompeu

- Eu vou pagar Andrew, e está decidido - ela disse e o garçom se aproximou

- Aqui está a conta - eu e Luci a pegamos ao mesmo tempo e o garçom a soltou nos olhando

- Solta Andrew! - ela disse séria

- Solta você Luci - falei calmo

- Senhor... Senhora, por favor - o garçom disse nervoso

Obra do Acaso | Trilogia: Homens Complicados | Livro IWhere stories live. Discover now