Capítulo 28 - Eu sou James

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James

Eu sempre amei as plantas, elas tem vida mas não sentem nada, elas respiram, porém não há coração, além de ama-las sempre as invejei, as vezes eu queria ser uma planta, que vive entretanto não sente, eu poderia ser uma rosa vermelha, ou um coqueiro bem alto, talvez até mesmo um punhado de grama, eu me sinto tão mal com tudo que fiz, que penso que se eu fosse uma planta, eu seria uma erva daninha.

- Como você se sente James? - Dr. Ryan perguntou mais uma vez, eu estava deitado naquela cama

Chamada de cama pelo Dr. Ryan, porém para mim parece uma maca, para pessoas doentes

Ele já tinha me perguntado como eu me sentia umas 10 vezes, mas eu não conseguia responder de uma forma adequada, não até agora

- Eu me sinto quase como uma erva daninha - respondi encarando o teto branco, eu deveria estar completamente hipnotizado pelo ventilador, eu não conseguia desviar o meu olhar dele

Girando e girando sem rumo, sem parar, como eu...

- Por que uma erva daninha James? - Dr. Ryan perguntou calmo, eu não o estava respondendo muito hoje, entretanto isso não parecia irrita-lo

- Os meus sentimentos estão sumindo Dr. Ryan, eu amava muito Bárbara e quando ela apareceu eu... Eu fiquei feliz, mas então ela mentiu para mim, eu odeio mentiras... Depois disso, eu não consigo nem sequer ama-la, eu estou me transformando no que eu sempre quis, uma planta

- Você sempre quis ser uma planta James?

- Sim Dr. Ryan, sempre

- E por qual motivo você acha que é uma erva daninha?

- Elas não são boas - me sentei e encarei ele - Ervas daninhas não fazem bem

- James - ele suspirou - Eu acho que você não tem transtorno obsessivo, no começo parecia muito com TOC, mas essa doença não chega a esse extremo

- Eu disse para o Dr. que eu não era doente

- Eu disse que não é TOC, e não que você não está doente, James isso é um problema psicológico muito grave e você tem... - o interrompi

- Chega Dr. Ryan - me levantei - Eu vou ir embora, eu não sou doente, adeus - fui até a porta

- James, por favor - ele falou e eu me virei para ele - Deixe me ajudar, você me procurou há 2 anos atrás porque sabia que tinha algo, então...

- Eu me equivoquei - falei e saí da sala dele

Ele só quer o meu dinheiro!

- Olá Daniel - cumprimentei o rapaz que estava parado no meio do meu grande "salão" - Estava me esperando?

- Sim, eu estava - ele se aproximou com o tablet - Esse aqui é Richard Trevor, o prazo dele para o pagamento da dívida com o Sr. se esgotou

- De quanto foi o empréstimo dele? - olhei para a foto do sujeito barbudo em nosso sistema de dívidas

Que aliás, foi criado recentemente por Daniel

- 120 mil dólares Sr.

- Mande o aviso - sorri perverso - Então se ele não pagar...

- Entendido Sr., com licença - Daniel saiu me deixando sozinho

Olhei ao redor da sala, um lugar onde eu interroguei várias pessoas, não sei se "interrogar" é a palavra certa, talvez "negociar" ou... "ameaçar"

- James - segui a voz com o olhar e vi André, que tem sido uma espécie de "amigo" para mim nos últimos dias

- Sim, do que precisa André?

- Bárbara estava tentando entrar na casa de Andrew Maxwell

- Quando? - questionei

- Assim que vi onde ela parou o carro... Eu vim avisa-lo

Muito eficaz

- Ótimo, vamos preparar tudo, vamos para lá agora - sorri

- Andrew Maxwell nunca vai nos deixar entrar James

- E quem disse que nós vamos pedir permissão?

- Vamos invadir a casa dele?

- Vamos entrar sem pedir licença, já estava na hora de conversarmos todos juntos

- Como devo proceder?

- Selecione os nossos melhores homens, só os melhores, não me decepcione André

- Pode deixar James - ele sorriu - Não existe tarefa difícil para nós

- Concordo, agora vá - André somente assentiu e saiu

Hoje teremos uma festa com os velhos amigos

Parei o meu carro atrás da casa de Andrew, meus empregados desceram dos seus e nos aproximamos

- Muros muito altos Sr. - um dos homems se pronunciou - E tem cerca elétrica

- André... -falei e o olhei para ver se surgia algum plano

- Um de nós pode ir pelo portão da frente, basta convencer um dos seguranças e então quando estiver lá dentro, basta deixar todos nós entrarmos

Olhei para Daniel que tinha insistido muito para vir, mesmo não sendo um lutador, o rapaz tem utilidade, então eu o trouxe

- Você Daniel, vá até lá e fale que é um jovem estudante e que acabou de ser assaltado - me aproximei dele e entreguei uma arma - Quando um dos seguranças chegarem perto o suficiente, você aponta a arma, bem na testa, entendeu?

- Sim Sr. - ele sorriu - Eu ficarei honrado

- Temos que dar cara de "assaltado" a ele - André sugeriu

- Eu mesmo faço isso - Daniel falou e se jogou no chão, várias vezes, fazendo todos rirem

- Bravo - falei batendo palmas e rindo

- Estou pronto, o meu sinal vai ser um assobio - Daniel falou e foi em direção à entrada da casa

Ficamos todos preparados, esperando bem próximo da entrada, quando escutamos o assobio entramos em ação

- Entrem - Daniel falou segurando o segurança

- Bom garoto - Mexi no cabelo dele e entrei na casa

- Se ficarem quietos, meu amigo Daniel - apontei para Daniel - Não vai matar o amigo de vocês, mas se me despontarem - balancei a cabeça negativamente - Ele já era!

- Por favor, não façam nada - o homem que tinha a arma na testa implorou

Os outros três seguranças me encaravam em conflito, pareciam confusos e sem opção, um deles resolveu então ser a voz dos outros

- Não vamos fazer nada - ele suspirou

- Ótima escolha - sorri - Não se preocupem, só quero conversar com o chefe de vocês - olhei para os meus empregados - Fiquem todos aqui, eu vou entrar sozinho - eles somente assentiram e eu fui em direção a entrada, para ter uma longa conversa

Eu, Andrew e Bárbara! Vamos resolver essa situação ou eu não me chamo James Campbell!

Obra do Acaso | Trilogia: Homens Complicados | Livro IWhere stories live. Discover now