III

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Com toda essa confusão, as pessoas começaram a sair de dentro da casa e vir até onde estávamos, inclusive minhas amigas.

Quando me viram no chão abraçada com o garoto desconhecido, elas correram em minha direção.

— Aí meu Deus, Lia! Você tá bem? — Maria perguntou preocupada, mas logo seu olhar parou no estranho, e seu rosto tinha uma expressão confusa.

— Sim, eu tô bem melhor. Graças ao... — só agora percebi que ainda não sabia seu nome — Qual é seu nome, mesmo? — ri pela primeira vez depois daquela situação toda e ele me acompanhou.

— Eu sou o Gustavo Goulart, e você é...? — estendeu a mão para eu apertar, e assim fiz.

— Eu sou a Natália Müller, prazer! Muito, muito obrigada por tudo! Eu não sei o que poderia ter acontecido se você não tivesse chegado. — abracei-o mais uma vez — Bom, eu vou indo, espero te ver na escola segunda. — despedi-me e ele falou um "se cuida" baixinho. Fui com as meninas em direção à rua enquanto ligava para o Uber.

— Desembucha, Natália — Mari só me chamava assim quando estava brava ou preocupada, eu fico com a segunda opção —, o que aconteceu aqui fora?

— O idiota, babaca, imbecil, nojento do Luan me assediou, se o Gustavo não tivesse chegado eu nem sei o que poderia ter acontecido. — respondi sentindo as lágrimas que eu segurava rolarem por meu rosto.

— Ah, amiga, a gente não deveria ter te deixado sair sozinha, isso é culpa nossa. — Maria disse e eu olhei-a incrédula, como ela pode dizer que o assédio do Migliaccio era culpa delas? Às vezes eu acho que essa menina tem demência.

— Que? Você tá delirando, Ari? — nós chamávamos ela assim — Isso não é culpa de vocês! Como iam saber que o Luan tentaria alguma coisa comigo? Tira essas idéias malucas da sua cabeça, amiga. — limpei as lágrimas e abracei cada uma delas, logo o Uber que eu pedi chegou. Demos o endereço da casa da Zerth e ficamos conversando durante o caminho.

Em alguns minutos chegamos em sua casa. Seus pais já estavam dormindo, então subimos até o seu quarto no maior silêncio. Quando entramos, largamos nossos saltos em qualquer canto e nos jogamos na cama da Ari.

— Bru, como foi com o Henrique? Depois que eu saí de lá. — perguntei com um sorriso malicioso no rosto, fazendo ela corar de novo. Bruna era tímida e ficava vermelha por qualquer coisa.

— Ah, gente, ele me chamou para ir até um lugar mais silencioso, assim poderíamos conversar melhor. Fomos até um quarto que tinha uma varanda e ficamos lá. Ele disse que tinha uma coisa para me contar — sorriu de orelha a orelha —, então eu disse que tudo bem. Nos sentamos nas cadeiras da varanda e ele me falou que estava apaixonado por uma menina e que não sabia se ela sentia o mesmo por ele. Eu fiquei um pouco chateada, mas não demonstrei, óbvio. Quando ele terminou de falar, me perguntou o que fazer a respeito, e eu disse para ele se declarar à ela, o máximo que poderia receber era um "não gosto de você" e ter seu coração partido. Ficamos por um tempo em silêncio, ele se aproximou de mim, olhou em meus olhos e disse "Essa garota é você, Bruna. Desde o dia em que nos conhecemos eu gosto de ti, e queria saber se você sente o mesmo", exatamente com essas palavras — sorriu mais ainda se lembrando da cena —. Por pouco eu não soltava fogos de artifício — rimos e ela continuou —. Claramente, eu disse que também gostava dele e blá blá blá, aí nos beijamos e agora estamos ficando. Decidimos ir com calma, nos conhecer aos poucos e depois avançar as coisas. Foi isso que aconteceu. — continuou sorrindo. Enquanto aquela foi uma das minhas piores noites, também foi uma das melhores da minha amiga. Eu estava feliz por ela, mesmo acreditando que essa coisa de amor não existia.

— Estamos felizes por você, Brunilda. — rimos pelo apelido que demos a ela quando nos conhecemos. — Perai, e vocês duas aí — apontei para Mariana e a Maria —, o que ficaram fazendo nessa festa? — arqueei uma das sobrancelhas esperado elas responderem.

— Querida, com vários gatinhos lá você acha que eu fiquei fazendo o que? — Mariana respondeu com um sorriso malicioso no rosto.

— Safada! — rimos e olhei para Maria — E você, Dona Ari? O que ficou fazendo?

— Talvez, mas só talvez, eu tenha ficado com um menino aí, nada demais. — deu de ombros.

- Quem seria esse menino, Maria? - Bruna perguntou, tão curiosa quanto eu.

— Era o... — ficou em silêncio por um tempo e sussurrou — Segredo! — rimos e batemos nela com os travesseiros.

— Fala logo, palhaça. — Mari disse e ela riu.

— Tá bom, mas só porque vocês vão me encher o saco até descobrir. Eu fiquei com o Pedro, pronto, satisfeitas? — eu ia soltar um gritinho, mas Ari foi mais rápida e tampou minha boca com sua mão. Quando ela tirou, demos risada.

— Parece que a noite foi ruim só pra mim mesmo, né? Não fiquei com ninguém e quase fui estrupada pelo nojento do Luan. — revirei os olhos e elas não disseram nada.

— Não foi tão ruim assim, Nath. Você conheceu o Gustavo, que é um gato e ainda te salvou. Já shippo, tá? — Bruna disse e eu comecei a tossir, como se tivesse me engasgado.

— Você é louca? Como assim, já shippa? A única coisa que eu sei dele é o seu nome e que ele vai estudar na nossa escola. E já disse e não vou repetir, eu... — ia completar a frase, mas elas completaram para mim, em uníssono.

— Não acredito em amor, blá blá blá — disseram e eu revirei os olhos.

— Que bom que vocês sabem, agora eu vou pegar um pijama da minha linda amiga e ir dormir, porque eu estou cansada. — levantei-me e fui em direção ao closet da Maria. Peguei um pijama de unicórnio e vesti. As meninas fizeram o mesmo.

Antes que fossemos dormir, Ari deu a ideia de irmos para a praia amanhã, era pertinho da sua casa, então chegaríamos lá em uns 10 minutos. Concordamos e enfim pude fazer a coisa que eu mais queria no meu final de semana: dormir.

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Olááááá, tudo bem?

O que estão achando do livro? Eu tô amando escrever e espero que vocês estejam gostando de ler! Não esqueçam de votar e comentar 💜

Até o próximo capítulo ❣

Coração de GeloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora