31 - Paragem no Tempo - Parte 2

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Surpresas, mentiras e mais surpresas é o principal lema desta família distorcida e manipuladora com a qual tenho de coabitar. Agora compreendia porque tinham o conventículo dissertado.

- Não morri? - O queixo caiu-me com aquela bomba.

- O teu batimento cardíaco diminuiu a pique, tudo indicava que o teu coração ia falhar mas continuou a bater a um ritmo incrivelmente lento absorvendo lentamente o meu sangue misturando-o com o teu. Isso permitiu que aproveitasses as vantagens proporcionadas pelo meu sangue e mantivesses a tua natureza intacta. - Concluiu o Connor.

- Portanto a tua querida amiguinha não passará de uma mera vampira. - Verbalizou o Klaus com um sorriso nos lábios.

A Alana respirava deficientemente e a pele estava mais branca que a neve acabadinha de cair, não restava muito tempo para agir antes que morresse mesmo. Se dependesse dela decerto preferia a doce companhia da morte a tornar-se numa das criaturas que nasceu a odiar e que viu assassinar dezenas de entes queridos. Transformá-la seria destruí-la mas deixá-la morrer seria, simplesmente desumano, algo previsível vindo de alguém como nós. Ouvi o coração de Alana falhar uma e outra vez, tentando agarrar-se à vida e instintivamente, corri para ela, peguei nas duas termos e enfiei-lhe o conteúdo pela garganta. Como se apanhasse um choque elétrico, sentou-se por alguns segundos antes de desmaiar. Teria um par de horas antes de voltar a lidar com este problema por isso convinha encerrar todos os outros no entretanto.

- Agora nós! - Voltei para junto de Connor e Klaus determinada a por um ponto final naquele chorrilho de mentiras e aldrabices. - Como sabias que mataria a Raven?

- Porque eras a única que poderia fazê-lo. - Afirmou o Klaus circundando-me. Antes que pudesse perguntar fosse o que fosse ele continuou. - Só tu poderias descobrir como matar a Raven.

- Um dos códigos das bruxas: os segredos por elas guardados só podem ser confiados a elas próprias. Nunca o confiariam a nenhum vampiro ou outra criatura qualquer. - Elucidou o Connor.

Olhei para o Connor durante uns minutos tentando encaixar a nova informação no puzzle incompleto. Segredos de bruxas? Que segredos me tinham sido confiados? Todas as peças deambulantes ligadas a Emor iluminaram-se com um pirilampo numa noite escura. Tinha sido manipulada e nem me apercebera, seguira cegamente o trilho por eles traçado sem nunca me questionar.

- Portanto, Emor não foi mesmo uma cidade ao acaso. - Esperei que ambos acenassem para continuar. - Como asseguraram que a Brianna me daria as peças certas para matar a Raven? Ela odiava-vos mais que tudo. - Pausei. - Foram aqueles inocentes o preço a pagar?

- Cassandra tu és realmente especial, és a única da tua espécie, até uma Anciã se sentiria atraída. - Começou o Connor. - Eventualmente, a tua avó despertaria em ti curiosidades que conduzissem a profundos conhecimentos que pudessem ser úteis à tua demanda.

- Matar a Raven para proteger a família. Admito tratar-se de uma mentira floreada. - Sorri sarcasticamente. - E todas aquelas miseráveis mortes não passaram de um jogo distorcido para satisfação pessoal? - Cuspi gesticulando e voltando-lhes as costas. – A mãe sabia disto? Concordou com isto?

- A Andrew fez o necessário para salvar a família. – Defendeu o Connor.

- Sinto-me lisonjeado Cassandra mas, por muito que me custe admitir, essas mortes não são por minha conta. - Confessou Klaus tocando-me com a mão esquerda no ombro direito.

- Como não? Vi flashes da morte de Zack Locker e Allen Brooker, lutei contra várias criaturas da noite, vi o castelo sequestrado e um antigo bruxo a fabricar soldados de guerra. - Gritei virando-me para Klaus. - A juntar a tudo isto, era suposto estares morto. Como vês todos os caminhos vão dar a ti "querido".

A Prisioneira LivreWhere stories live. Discover now