Capítulo 23 - A liberdade está mais longe do que imaginávamos.

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"A liberdade é algo maravilhoso, mas não quando o preço que se paga por ela tem de ser a solidão." (Bertrand Russel)

— Tô em casa. – Daisy entrou preguiçosamente no apartamento pequeno de paredes brancas, fechando a porta atrás dela e pendurando a chave no chaveiro. Franziu as sobrancelhas ao ouvir gargalhadas conhecidas ecoando por todo o local, caminhando sorrateiramente em direção à sala de estar, onde, surpreendentemente, Samuel e Damien sentavam-se juntos, o primeiro em sua poltrona e o rapaz no sofá de camurça, ambos com sorrisos iluminados e muito bonitos em seus rostos. Mal perceberam a presença da loira ali, entretidos demais com o stand-up do Comedy Central para sequer desviarem seus olhos até ela. Daisy cruzou os braços – O que tá acontecendo?

  Samuel virou o rosto na direção da filha, erguendo as sobrancelhas imediatamente e desligando a TV. Daisy franziu o rosto para aquela atitude, esboçando um leve sorriso impressionado. Damien limpou a garganta e levantou-se do sofá fofo, colocando as mãos dentro dos bolsos do jeans.

— Seu pai me viu lá fora e me convidou pra entrar – respondeu ele, vendo a loira piscar várias vezes para ele e para Samuel, com as sobrancelhas bem arqueadas em seu rosto alvo. Deu alguns passos na direção de Damien, ficando ao lado dele enquanto fitava o pai avidamente.  – Eu estava te esperando.

— Eu estava no Mason – ela disse. – Por que veio aqui tão cedo? São tipo, dez da manhã.

— Queria te ver. – o rapaz de olhos negros deu um sorriso de canto de rosto para ela, parecendo, e Daisy sentiu seu estômago se contrair dentro de seu abdômen com aquelas palavras, percebendo que não tinha algo suficientemente bom para dizer a Damien em troca. Odiava aquela sensação, e tinha certeza de que teria que conviver com ela por um pouco mais de tempo. Ela percebeu que o rapaz, por um momento, se esquecera da existência de Samuel naquela sala, o que a fez não hesitar em lembrá-lo.

— Pai – ela respirou fundo, e Samuel sorriu levemente – Faz tempo que...?

— Duas horas.

— Vocês ficaram sentados na frente da televisão, sem se mexer, por duas horas?

  Damien deu de ombros, com um sorriso preguiçoso no rosto.

— Coisa de homem.

  Ela abafou uma risada indignada, voltando a olhar para Samuel, que os fitava com os braços cruzados e os olhos quase arregalados. A loira engoliu seco, tentando conter uma tosse chata e que indicava seu desconforto diante daquela cena que a garota pensara nunca ter que vivenciar. Tocou o pulso de Damien, descendo sua mão até os dedos aquecidos dele e o puxando levemente para frente. Sentiu seu coração ir até sua garganta, mas aquilo não a impediu de continuar a fazer o que tentava fazer.

Esse é o Damien, pai, que eu te falei.

— Você está duas horas atrasada, querida.

  Aquela frase encabulou Daisy, que por um momento questionou a hipótese do pai ter pegado pesado com Damien, e se ela acabaria sendo prejudicada por isto, como antes achava que aconteceria.

— São só dez horas, fui eu que cheguei muito cedo, deveria ter vindo depois. – Damien cobriu a loira, fazendo-a revirar os olhos involuntariamente.

— Não... – ela tentou dizer, sendo interrompida por Samuel rapidamente.

— Daisy – ergueu a cabeça para o pai ao ouvi-lo chamar seu nome de forma séria –, eu sei que a pergunta que eu vou te fazer agora nunca deveria ser feita pra você, mas... você andou se metendo em alguma situação delicada ultimamente?

  A garota engasgou, franzindo o rosto para o pai, e depois virando o olhar até Damien, que havia ficado com a expressão preocupada em poucos segundos. Fitou o pai novamente, arregalando os olhos sem ao menos perceber.

Lovely Daisy - Inesperado.Where stories live. Discover now