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3.6| Abrace a sorte

Jimin tinha decidido que, sem sombra de dúvida, começara o dia com o pé esquerdo. As coisas desandaram desde o momento em que acordou com uma ligação de Park Chungha, informando que sua outra mãe estava doente e que não havia dinheiro para a internação hospitalar. Uma onda de preocupação o atingiu, e ele ameaçou largar tudo para estar com elas, para cuidar delas, como havia prometido. Uma das coisas que mais detestava na distância era a impotência de não poder fazer nada quando algo assim acontecia.

Logo antes de ir à Zenith Entertainment para receber o salário e realizar mais uma sessão fotográfica com Jungkook – além de entregar as fotos já editadas e separadas no estilo do concept photo –, Jimin se viu em uma caçada frenética pelo cartão de memória reserva de sua câmera, onde estava todo o conteúdo importante. Ele lembrava-se perfeitamente de tê-lo deixado em cima da prateleira onde organizava suas lentes, câmeras e algumas polaroides empilhadas, que ainda não tivera tempo de pendurar na parede. Ao procurar ali, não encontrou o cartão, e sua única vontade era chorar, sentindo que seu dia estava irremediavelmente arruinado.

Havia tempos que uma maré de azar não assombrava sua vida. Todos tinham que lidar com problemas diários, era o mais comum na existência de qualquer pessoa. Mas havia aqueles dias em que os problemas resolviam se juntar e aparecer todos de uma vez – esses eram os piores, os que te pegavam desprevenido. Não era uma escolha, simplesmente acontecia, e ninguém podia fazer nada além de esperar para ver.

E claro, ele tinha certeza que nada de bom aconteceria.

O apartamento se transformou em uma bagunça em segundos. Ainda sem qualquer vislumbre de onde o cartão de memória poderia estar, ele teve que ligar o próprio notebook para mover novamente os arquivos para um cartão de memória vazio que estava guardado. Essa foi sua única salvação, e ele agradeceu a si mesmo por ter lembrado de deixar uma cópia das imagens no computador. Em compensação, atrasou-se bastante para ir à faculdade, terminando por entrar apenas no segundo horário.

Agradeceu silenciosamente por o ônibus não ter demorado a passar na hora de ir ao trabalho. Com a mente exausta por tantos pensamentos ruins que se atropelavam, seu corpo já parecia cansado antes mesmo de qualquer esforço físico. Sua expressão era triste e preocupada, mas ao passar pela porta de vidro giratória da Zenith, comprometeu-se a colocar um sorriso no rosto e fingir o quanto pudesse, para não receber perguntas e, principalmente, para não se lembrar de que seu dia estava incrivelmente horrível.

A felicidade veio, um lampejo de esperança, quando recebeu o salário e percebeu que este continha muitos zeros. Era o suficiente para ir ver as mães e cobrir as despesas do hospital, além de sobrar para quitar as contas do apartamento e fazer uma compra farta no supermercado. Ele guardou o envelope gordinho dentro da mochila com uma sensação de alívio e seguiu para o estúdio, onde arrumou o cenário com a equipe enquanto esperava Jungkook terminar de colocar o figurino e fazer a maquiagem.

Namjoon apareceu com uma curiosidade palpável, desejando presenciar o trabalho do ruivo de perto. Ele estava crescendo tanto com seu talento que, por vezes, ia muito além de meras fotografias, capturando momentos, expressões e essências. O Kim queria saber qual era o segredo de Jimin para tirar fotos tão boas. Então, decidiu ir ao estúdio, onde conversou com Jungkook durante o processo de maquiagem, acompanhado do amigo Kai, que estava entretido em observar tudo e fazer comentários sobre o esforço da equipe para tirar apenas algumas fotos.

— Jimin! — Namjoon saudou, com um sorriso acolhedor, assim que percebeu que o fotógrafo estava livre da arrumação, apenas aguardando Jungkook.

— Bom te ver, Namjoon. — Jimin sorriu ao cumprimentar o garoto, que era alguns anos mais novo, apesar de parecer maduro o suficiente para ter uma idade bem mais avançada. O cansaço em seus olhos era disfarçado pelo brilho de sua gentileza.