Se olhares pudessem matar, eu estaria morto
Com um sorriso no rosto
Te entregaria o meu coração em uma bandeja
— Lovesucker,
(Haiden Henderson)
Subiram escadas discretas, daquelas que passariam despercebidas por qualquer um. No andar de cima, um estúdio de dança se revelava como um segredo bem guardado: paredes espelhadas, barras de apoio, uma janela imensa que exibia Seul em todo seu esplendor. A cidade brilhava sob a luz da lua, iluminando o espaço sem necessidade de lâmpadas acesas.
Taehyung empurrou a porta de vidro com cuidado e deu dois passos à frente, parando no centro do estúdio. Respirou fundo como se ali o ar fosse diferente, mais leve. Depois se virou, olhando para Jimin com um sorriso pequeno, um desses que não se esconde, mas também não se impõe.
— Como você conhece esse lugar? — Jimin perguntou, com a voz ainda presa à beleza do ambiente.
— Eventos beneficentes costumam ser longos. E chatos. Eu subia e entrava na primeira porta aberta. — Taehyung respondeu com um leve encolher de ombros, como se não fosse nada.
— Você é impossível — Jimin riu, balançando a cabeça enquanto olhava em volta. — Mas tenho que admitir... é tranquilo e lindo aqui.
— É, é sim — Taehyung concordou, com a voz baixa. Mas seus olhos não estavam na cidade. Estavam em Jimin.
Ele não disfarçou. E Jimin percebeu. Sentiu o peso desse olhar como uma carícia, queimando suave sobre a pele e não desviou.
— Achei que você precisava de um pouco de paz. — completou, como se isso justificasse tudo.
E talvez justificasse. Porque o mundo lá embaixo pulsava barulhento, exigente. Ali em cima, tudo respirava devagar. Um. Dois. Três. e repetia. Como se o tempo tivesse desacelerado.
Ficaram assim por um momento, em silêncio. Jimin observava Seul como se a cidade estivesse contando segredos só para ele. Taehyung observava Jimin, próximo o suficiente para sentir a presença, como se estivesse vendo o próprio segredo que queria guardar. Observou os fios dos cabelos de Jimin, a coloração dos lábios e o formato da sobrancelha. Se perdeu na paisagem.
Então ele pediu, de repente, interrompendo o silêncio:
— Dança pra mim? — perguntou.
Jimin piscou, confuso. Surpreso.
— A gente ainda vai voltar pra festa, lembra? — respondeu, com um sorriso de canto. — Não quero descer suado.
— Se você não se importar, eu não me importo. — Taehyung disse, a voz ganhando um tom mais grave. — Dança pra mim. — E repetiu, dessa vez mais firme, quase uma ordem.
Jimin não soube porque aceitou. Se convenceu de que simplesmente não podia perder a oportunidade, que talvez precisasse disso ou talvez quisesse decifrar o que havia por trás desse pedido. Ele simplesmente assentiu.
O silêncio que veio depois tinha peso. Tinha tensão.
Jimin o encarou. Havia algo nos olhos castanhos de Taehyung que era difícil decifrar – admiração cruel, vontade exposta, um toque de reverência quase íntima. Um tipo raro de atenção que atravessava. E havia alguma coisa em Jimin, algo entre o orgulho e a curiosidade, não conseguiu negar.
Sem pressa, com um suspiro leve, ele tirou o blazer, desabotoou a camisa nos primeiros botões e arregaçou as mangas até os cotovelos. Os sapatos foram abandonados num canto qualquer, e ele ficou apenas de meias sobre o chão liso, quase flutuando sobre o chão de madeira. A música da festa ainda ecoava, abafada e distante, mas suficiente.
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Oppa.com || VMin
Fanfiction[Reescrevendo] [EM CORREÇÃO!] Park Jimin sempre viveu entre fotos e prazos, mas nunca entre pessoas. Até encontrar Taehyung. O oppa.com não prometia finais felizes. Só encontros reais. E, às vezes, isso basta para virar uma vida do avesso. Taehyung...
