Capítulo 6

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Gabriel

Passei o restante da madrugada sentado em minha sala, no sofá com o notebook em minhas pernas eu pesquisava o passado do Hospital Psiquiátrico Creedmoor, o que havia acontecido.

Entre as pesquisas encontrei uma página da Web que dizia:

"....à medida que as investigações e os trabalhos de busca avançavam, fatos perturbadores começaram a vir à tona. Dentre os 42 mortos, 40 eram internos da instituição uma parcela muito desigual em comparação aos dois funcionários falecidos, o que indicava que os funcionários do hospital pouco fizeram para ajudar a evacuação dos pacientes. Além disso, a maioria dos mortos foi vítima de asfixia provocada pela densa fumaça inalada, como apuraram os exames de necropsia. As chamas foram responsáveis pela morte de relativamente poucas vítimas. Uns bons números de internos estavam trancados em seus quartos ou em áreas comuns cuja entrada era barrada por grades e trancas. Mais aterrorizante é que 18 dos mortos estavam presos por algemas, cordas e até correntes que ficavam soldadas a grilhões nas paredes. Eles sequer tiveram a chance de escapar.

Muitos acreditam que entre 1940 e 1950, o Hospital Psiquiátrico de Creedmoor se tornou o palco para experimentos moralmente questionáveis de Recondicionamento Comportamental. Os pacientes serviam como cobaias para todo tipo de experiência psicológica. Entre os muitos experimentos supostamente realizados nas instalações, ocorriam testes com drogas psicotrópicas e hipnóticas, lavagem cerebral através do uso de substâncias químicas, cirurgias visando modificação de personalidade, testes com lobotomia e implantação de memórias falsas, as medidas médicas adotadas na época a um recondicionamento psicológico, ou seja, tratamento compulsório em um manicômio. "

Essa era a história real acerca do incêndio, mas não indica quem causou o incêndio, mas o relato sob a forma de tratamento dado aos pacientes era desumano, imagens do sonho que eu tivera ficou nítido em minha mente, o sofrimento que o homem na maca sentiu, a dor em ser cutucado, furado como um animal, e possivelmente até mesmo sem anestesia, senti a bile em minha garganta.

O dia havia amanhecido, o sol estava escondido atrás de nuvens a chuva ainda cai em um ritmo constante, parecia que estava chorando, assim como meus olhos que deixam as lágrimas rolarem pelas vidas que se foram de forma tão violenta.

Me levanto do sofá. Guardo meu notebook em minha mochila e vou até o banheiro, a vida se segue e hoje eu teria mais um dia de trabalho, e mais uma vez ficaria frente a frente com Noah.

Sai de meu apartamento não ia dar nem 7:00 a.m, percorri todo o trajeto sem notar qualquer mudança ao meu redor, era somente eu e meu guarda-chuva, passos no chão molhado, respingos em minha pele, vento gelado, mas nada arrancava de meu peito a agonia que vivi durante a madrugada, as vozes e a força da corrente em meu corpo, podia sentir a textura metálica contra minha carne.

Cheguei ao Hospital ensopado, minha sorte era que havia trazido uma peça de roupa para caso de alguma emergência, bem, isso era claramente uma emergência, entrei e fui direto para minha sala no Bloco C.

Não conseguia conter os tremores de eu corpo, poderiam ser pelo frio por estar molhado ou as lembranças do passado desta Instituição, se eu fechasse os olhos ainda poderia escutar os gritos doloridos dos pacientes, os xingamentos dos colaboradores, e o sadismo dos médicos.

Em minha sala entro no banheiro para trocar de roupa, está muito cedo então dará tempo de tomar café por aqui mesmo, saio do banheiro de cabeça baixa abotoando minha camisa que estava totalmente aberta, quando levanto meus olhos meu coração quase sai pela boca.

- Meu Deus... - Tamanho foi meu susto.

- Não Biel, Seu Deus é Onipotente, Oniscientes e Onipresente...- Sorri desdenhoso, - Eu sou apenas um mero mortal.

Cura-meWhere stories live. Discover now