Capítulo 7

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1791
Palacio dos Capitães Generaes, Villa Bella da Santíssima Trindade, capitania de Matto Grosso
Estado do Brazil


– Mas D. João! Não podemos mais aturar as perdas que estamos tendo – argumentava o líder político do Senado da Câmara de Vila Bela, cercado pelos demais políticos que a compunham, parte da guarda da cidade e alguns latifundiários da região – Só essa semana foram mais cinco pretos fogidos! Não há quem aguente!

– Meu caro. Por mim, eu faria o que vós me pedis e autorizaria a saída da bandeira para o Quilombo do Piolho, onde outrora, salvo melhor juízo, vós chamais de Quariterê – d. João encarou os presentes, de um canto a outro da sala, sentindo o suor frio formar-se nas têmporas ao se perceber acuado – No entanto, meu irmão, D. Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, fez-me jurar que jamais deveria eu me atrever a invadir aquele lugar.

– Ora, d. João! Tudo o que há sobre isso são estórias de quase vinte anos! Boatos inventados e lendas falsas! Onde já se viu uma rainha morta-viva? Simplesmente a Igreja caiu e começaram a inventar mentiras para enganar os tolos. Faz-me rir que justamente o senhor, um nobre lusitano, acredita em semelhantes invencionices estapafúrdias – o homem encarou-o seriamente antes de prosseguir, pondo a mão pesada em cima da mesa – Pois saiba que não viemos hoje para pedir tua benção.

Dito isto, os homens na sala, à exceção do capital-general, sacaram suas armas e a apontaram para d. João, que olhava horrorizado para o motim que vivenciava.

– Alguns dos nossos irão temanter aqui enquanto os outros irão atrás daquilo que nos foi retirado. Assimque voltarmos com os pretos, mandaremos rezar um Te Deum na Matriz aí na frentee te levaremos para lá, para retornar às tuas funções públicas decapitão-general. Espero que aproveite as férias.    

305 palavras

O Quilombo Maldito (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora