3. Sober

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Hola cariños!

E aí, como vcs estão nesse belo sábado? Eu to puta pq meu irmão apagou os dados do meu vídeo game e eu perdi todas as minhas paradas salvas. ayeeeeeeeeeeeeeeeee!

Anyway, mais um cap e agora faltam 7 :)

Boa leitura <3

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POV Lauren Jauregui

Caminho pelo local já conhecido sentindo os olhos das outras pessoas sobre mim, a cada passo que dou em direção ao centro da sala os meus nervos parecem ficar a flor da pele, minhas mãos soam, meu coração bate acelerado dentro do peito e eu tento, e falho, em manter minha respiração calma.

Cada passo que dou me lembra do quão difícil foi chegar até aqui, das batalhas que tive que enfrentar, das derrotas que sofri, mas acima de tudo, de cada minúscula vitória que me trouxe onde estou hoje.

Me viro ficando de frente para os olhos ansiosos e solto um suspiro audível, aos poucos vejo sorrisos se abrirem e antes que eu tenha a capacidade de falar sequer um A, uma salva de palmas começa, logo se transformando em uma pequena comemoração repleta de assobios e gritos de viva.

Minha garganta se fecha e eu sinto meus olhos arderem, mas pela primeira vez em muito tempo eu não me importo de chorar, não quando esse choro é de felicidade.

- Obrigada, obrigada! – Levanto a voz em meio àquela algazarra tentando chamar a atenção dos meus colegas que aos poucos vão se sentando novamente e se silenciando. – Existem inúmeras coisas que eu gostaria de dizer hoje, tantas que passar uma noite em claro tentando escrever um pequeno discurso pareceu brincadeira de criança, principalmente quando as bolinhas arremessadas no meu cesto de lixo começaram a se multiplicar até tomar o chão por completo. – Alguns ali riem, cientes da minha mania de escrever tudo. – Mas acho que acima de tudo, quero começar com a primeira frase que eu falei assim que eu entrei por aquela porta marrom que todos nós eventualmente tivemos que enfrentar. – Respiro fundo e olho para cada um ali dentro, sorrindo logo em seguida. – Meu nome é Lauren Jauregui, tenho 25 anos e sou alcoólatra.

- Era! – Ouço um dos meus colegas dizer e logo os outros o acompanham, me fazendo sorrir orgulhosa de mim mesma.

- Oh sim, era! – Exclamo e alguns deles riem. – A primeira vez que eu entrei aqui, vim arrastada, como provavelmente a maioria de vocês. – Observo muitas das pessoas a minha frente trocarem olhares e alguns até mesmo afirmam com a cabeça, concordando comigo. – Eu nunca achei que "essa baboseira", como eu costumava dizer, seria capaz de mudar algo porque, em primeiro lugar, eu nunca tinha admitido para mim mesma que a bebida era um problema, não, para mim ela significava apenas um passatempo, uma válvula de escape, mesmo quando eu passei a escapar da vida mais vezes do que vive-la. – Aperto entre meus dedos a madeira do pequeno palanque no qual eu falo, organizando meus pensamentos antes de continuar falando. – Eu só vim até aqui pois alguém que eu gosto muito insistiu, porque ela se preocupava e prezava pela minha vida mais do que eu mesma. – Encontro os olhos castanhos de Vero ali no meio e sorrio para ela que me retribui com os olhos molhados pelas lágrimas. – Eu dei tanto trabalho.

As pessoas começam a rir e até mesmo minha melhor amiga se permite fazer o mesmo, ainda que seus olhos vermelhos denunciem o quão emocionada ela está, sou obrigada a olhar para o outro lado para conseguir me manter firme.

- Eu perdi as contas de quantas vezes minha melhor amiga tentou me trazer até aqui, e de quantas promessas eu quebrei dizendo que viria. Era sempre a mesma rotina, ela me encontrava largada em algum lugar e me fazia prometer que seria a última vez, o que eu fazia, e a minha sobriedade durava cerca de dois dias até que eu sucumbisse ao vício de novo. – Suspiro me lembrando das tantas vezes que a mesma cena se repetiu. – Até que, um ano após ser encontrada na rua pela primeira vez, minha irmã-amiga decidiu que não estava mais em tempo para conversa, ela teria que me trazer até aqui mesmo que a força. E eu vim, a muito contra gosto, sentei em um canto dessa sala e fiquei ouvindo pessoas iguais a mim contarem suas histórias, compartilharem suas lutas, agonias, e, mesmo que muito lentamente, fui absorvendo tudo até chegar ao ponto em que eu fui capaz de me enxergar em meio a essas pessoas, em que eu admiti que tinha um problema. – As pessoas me olham atentamente, prestando atenção em cada palavra que eu digo. – Não foi um caminho fácil, Vero teve trabalho, minha querida madrinha teve o dobro...mas eu consegui, eu segui os 12 passos e passei por cima de cada barreira, cada pedra no meio do caminho até chegar a esse lugar hoje e poder dizer em frente a todos vocês que eu estou sóbria há 1 ano. – Sinto um sorriso rasgar meu rosto e então vejo Emilia se aproximar de mim com um sorriso tão grande quanto o meu. – Obrigada família AA por ouvir minhas reclamações, secar minhas lágrimas e, principalmente, por me manter firme e forte.

The Seminarian - Mini FicWhere stories live. Discover now