[10] Santa Mônica.

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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2018

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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2018.

São onze e dezessete da manhã quando acordo sozinha em uma cama desconhecida. Me espreguiço e bocejo, ouvindo o som do mar não muito longe. Sento-me na cama e massageio meu pescoço dolorido. Quando viro minha cabeça para a esquerda, um pequeno sorriso toma conta de meus lábios por alguns segundos. A porta que dá acesso a praia está aberta, coberta apenas pelo tecido fino de uma cortina que no momento está balançando conforme o vento bate.

A decoração do quarto em que estou é quase tão simples quanto a decoração do apartamento de Oliver, e o resto da casa segue a mesma linha. Decoração minimalista, paredes limitadas ao tom de branco e cinza e somente pinturas pendurada nas paredes. Exceto por esse quarto em que estou, onde há um espelho que ocupa uma parede inteira do quarto. Não há nada naquela casa que a faça parecer uma casa de praia de família. É como se alguém tivesse acabado de se mudar e ainda não encontrou tempo suficiente para uma boa decoração, ou alguém entediante, triste e solitário mora aqui.

Com apenas o barulho do mar ao fundo, essa casa parece um castelo de solidão. Quem quer que seja que vem aqui muito provavelmente quer passar um tempo isolado. A casa fica longe da civilização, o mercado mais próximo fica à dez minutos daqui e nem ao menos é possível ouvir o barulho dos carros se movimentando. Só estou a cinco minutos acordada e já tenho uma sensação ruim por me sentir sozinha. Enfim volto para o quarto, tiro alguns itens de higiene, um conjunto de biquíni e vou até o banheiro do corredor para me trocar.

O céu está com poucas nuvens e o sol está agradável nesta manhã. Não contenho o sorriso quando a areia quente faz cócegas ao tocar meus pés. Eu já tinha me esquecido do quanto gosto dessa sensação.

Não muito longe de onde estou, reconheço as costas de Oliver e seu corpo sentado na areia, olhando na direção do mar. Eu mudo meus passos e caminho em sua direção.

— É ainda mais incrível de perto. — Digo, sentando-me ao lado dele, abraçando minhas pernas.

— O quê? Eu? — ele pergunta e me olha. Pela resposta da minha expressão, ele sorri com graça e volta a olhar na direção do mar. — Não é atoa que esse é o lugar preferido da minha mãe. Ela sempre dizia que era impossível algo ruim atingi-la aqui. Esse era o paraíso dela.

— Você tem falado muito da sua mãe ultimamente.

— Estou incomodando com isso? Desculpe, é involuntário as vezes...

— Não, de forma alguma! Eu só notei que você tem falado dela com frequência e pensei que talvez a data da morte dela esteja próxima, por isso você tem lembrado tanto dela.

— É que... — ele para de olhar o mar e olha para mim, me encarando tempo suficiente para que eu não me sinta mais confortável. Mas, não interrompo aquele momento. — As lembranças dela são as melhores coisas que carrego comigo e nunca dividi isso com nenhuma outra pessoa, nem mesmo com meus irmãos. É algo muito íntimo, não me sinto tão confortável compartilhando essas coisas com outras pessoas, mas gosto de fazer isso com você.

Bad Wolf ✓Where stories live. Discover now