O mundo é cheio de revira-voltas, menos para Oliver Dallas. O cara mais metódico e calculista em relação a sentimentos de garotas de Wichita. Mas bem na noite de seu vigésimo terceiro aniversario, tudo muda. Ao entrar em uma confeitaria qualquer no...
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Quarta-feira, 31 de Outubro de 2018.
Mesmo dois dias depois, eu ainda não conseguia acreditar que aquilo foi real. Eu não quero acreditar que foi real. Tudo foi tirado tão violentamente de mim que seria necessário muito mais que dois dias para processar todas as informações. Talvez semanas, meses ou quem sabe um ano. Sinceramente, eu não tenho tanta fé de que um dia vou conseguir superar aquele dia, e por mais que eu supere, jamais conseguirei ser a mesma. Mesmo tendo passado um inferno com Todd, eu tentei ser positiva. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, certo? Errado. O raio cairá quantas vezes forem necessárias.
Naquele mesmo dia liguei para Sun e Maddox assim que cheguei em casa. Meu tio já tinha voltado de viagem, mas já estava na universidade novamente, e graças a deus por isso. Pelo inesperado pedido desesperado eles já sabiam que algo tinha acontecido, só não sabiam a profundidade do problema. Eu finalmente contei tudo à eles, toda a história que me fez chegar aqui. Foi libertador poder dizer aquilo em voz alta, compartilhar aquela dor com alguém. Guardar tudo comigo estava começando a me sufocar lentamente. Eu não me importei com seus olhares de pena, a essa altura essa era a única coisa com que eu menos me preocupava. Pensei que eles iriam me encher de sermão durante a tarde inteira por não ter lhes contado antes, mas ao invés disso eles só se preocuparam em me manter entretida. Liguei para Frida naquela mesma tarde e lhe pedi por alguns dias de descanso, disse que compensaria em horas extras depois. Passamos a tarde assistindo filmes e antes de anoitecer passamos em uma loja de conveniência e paramos no campus para pegar algumas coisas suas para que eles pudessem passar a noite comigo.
Quando eles foram embora, um pequeno pânico brotou dentro de mim e a realidade caiu novamente. Eu não podia passar o resto dos meus dias em casa, por mais que fosse bem mais confortável. Lá fora minha vida ainda esperava para ser tocada para frente. Eu não podia deixar que o medo me impedisse de seguir em frente.
O céu daquela quarta-feira não parecia nada contente com a minha presença. O dia estava nublado e o vento gelado e um pouco selvagem. Provavelmente a chuva cairia mais tarde, o que era uma pena já que era halloween. Eu não estava animada para o halloween. Obviamente não estava animada para nada, mas aparentemente meu tio estava. Ele me pediu para ir a feira de abóboras e comprar algumas para decorarmos a casa. Então, aqui estou eu.
— Você sabia que abóboras podem ajudar na prevenção de certos tipos de câncer? — uma voz masculina interrompeu meus pensamentos e eu olhei para o cara sorridente ao meu lado. Mesmo sem o sol para brilhar em sua pele, ele ainda parecia radiante. — Como você está, Hazel?
Eu sorri. — Estou bem, Luke. E você?
— Não tão bem. Acho idiota essa cultura de usar abóboras para decorações.
— Bom, acho que você vai me odiar então. Eu vim buscar cinco delas.
Ele ri. — Você é uma exceção. Já sabe quais você quer?
