Um mês depois - Alta do Hospital

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Fui submetida a vários exames e eu me sentia grata pela vida! Eu tinha sobrevivido,meu filho tinha sobrevivido,mas eu não conseguia me sentir feliz,pois eu sabia que não havia mais chances de retorno para mim e o Theodoro. Não havia meios de eu querer continuar ao lado de um homem que não tinha controle sobre os próprios instintos e que me traiu.

Naquela primeira noite no hospital, eu pensava em tudo o que tinha acontecido nos últimos tempos,e como eu seguiria dali pra frente. Eu não ia voltar atrás na ideia do divórcio, mas não sabia como faria para cuidar de August, já que eu não tinha uma casa,não tinha dinheiro, não tinha nada de meu. E com certeza,Theodoro moveria céus e terra para tirar August de mim. Mas,o que eu poderia fazer? Eu não podia simplesmente ignorar o que aconteceu. Seria permitir que ele continuasse me traindo. Eu estava tão doída por dentro e magoada que sequer cogitava a possibilidade de perdoar Theodoro.

Me aproximei do berço de August e observei como ele era lindo. Pequeno e redondinho,cabelos escuros, não tanto quanto os do pai. Apanhei meu filho e fui para a cama,sentei e lhe dei de mamar. Era a sensação mais gostosa e compensadora do mundo.

- Por que seu pai tinha que destruir o que nós tínhamos, Filho? - Chorei com meu pequeno nos braços. - Eu só queria ser feliz ao lado de vocês dois. - Acarinhei seus cabelos. - É uma pena, August! Mas, acho que seremos apenas eu e você.

Os dias passavam lentos e tediosos naquele hospital e eu me perguntava quando eu receberia alta.

Já estava há mais de um mês naquele hospital e não entendia porque se eu me sentia bem. Eu começava a desconfiar que Theodoro tinha comprado alguém pra me manter internada, pra ganhar tempo. Já que não tinha conseguido me demover da ideia do divórcio.

 Era uma sexta-feira quando ele chegou,fim de tarde! Cabelo bem cortado, terno impecável e incrivelmente perfumado. Seria tão mais fácil me manter alheia a sua presença se ele não fosse tão atraente. Eu tinha que ser forte.

- Eu quero ir embora daqui, Theodoro! - O desafiei. - Eu não sei quem você comprou pra me manter nessa merda de hospital, mas eu estou cheia! A Drª Foster disse que eu teria alta em uma semana e eu já estou criando teia de aranha nesse lugar.

- Eu comprei? - Theo riu e pegou August nos braços, beijou seu pescoço. - Meu carinho... Meu bebê... Vamos para casa? - Perguntou ao menino e não para mim, voltando a beija-lo e cheirar seu pescoço, ele se afastou, indo em direção a porta.

- Theodoro onde você vai com o meu filho? Eu conheço o seu modo de resolver as coisas. Você não pode me obrigar a ficar com você.

- Não estou te obrigando... - Ele deu de ombros, abriu a porta e saiu, deixando aberta, Meleky entrou trazendo uma sacola, sorriu.

- Ele só foi passar no pediatra com o menino, já volta para te levar com eles... Trouxe roupas e um sapatinho confortável para usar.

- Eu estou de alta? Eu quero ir pra casa,Melleky... Não aguento mais esse lugar

- Está sim, senhora. - Ela sorriu amável. - E o almoço é o que gosta, medalhão de frango, arroz a jardineira, brócolis cozidos e purê de batata.

- Já me deu fome,Mel! Que saudades da sua comida. Infelizmente, vou ter que me habituar a viver sem ela.

- Pare de bobagens e tenha uma boa conversa com seu marido... - Ela me ajudava a me vestir. - O perdoe, ou vai ficar sem os dois... - Meleky me olhou séria. - Siga meu conselho, você não quer se separar, apenas está castigando o Sr. Austin pelo que ele fez.

- Eu quase morri,Mel! E por mais poderoso que o Theodoro seja,ele não vai tirar o meu filho de mim... Escreva o que eu digo!

- Não preciso... - Ela se limitou. - Vamos embora, Jofrey está nos esperando lá fora.

- Estou com saudades do Jofrey também.

- E ele da senhora... - Meleky pegou minha bolsa e me deu a mão. - Vamos?

- Vamos! - Acompanhei Melleky até a garagem do hospital, não sem antes me despedir da Drª Foster, ela era uma mulher incrível e tínhamos desenvolvido fortes laços. Ela era uma mulher cheia de vivacidade apesar de viver para o hospital.

Theodoro me esperava junto ao carro, pernas cruzadas e August em seus braços.

- Me dá meu filho, Theodoro!

- Entre no carro.. - Ele se desencostou e abriu a porta, mas não me deu o menino. - Entra no carro.

- Me dá ele, Theo! - Eu sentia um calafrio percorrer o meu corpo e meu tom era suplicante. - Deixa eu dar um cheirinho no meu filho.

- Entra no carro... - Ele ordenou com a voz mais séria.

- Que mania que você tem de achar que manda em mim! - Me irritei e chutei a porta do carro, depois voltei a abri-la e entrei emburrada com os braços cruzados.

Meleky entrou no carro, se sentando no banco do passageiro, e Theo entrou logo em seguida, fechou a porta.

- Pode seguir... - Disse ele passivo, olhou para mim e estendeu o menino que estava largado nos braços dele.

Apanhei August quase ansiosa e o pequeno buscou apressado o meu peito,eu o amamentava sorrindo e percebia o olhar de admiração do Theodoro pra mim. Nossos olhares se encontraram e eu desejei beijá-lo, mas desviei o olhar no último minuto, olhando para frente. Eu não podia ceder ao desejo que eu sentia por ele. Estava na hora de aprender a esquecer o Theodoro.


MATA-ME DE PRAZERWhere stories live. Discover now