A PRIMEIRA CONVERSA

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A primeira coisa que fiz ao acordar foi checar o celular.

Não sei se era a única bocó no mundo que ficava tão eufórica com uma primeira conversa ou se existiam outras pessoas como eu. O fato era que o papo estava lá como prova de que não foi um sonho. E ansiava por mais, para saber mais de Noah. Ontem falamos sobre diversos assuntos; viagens, namoro, estudo, gosto culinário, musical e até cinematográfico.

Quando senti que o assunto se encerraria com "boa noite", me antecipei e arrisquei perguntando:

Belí: Você já teve a oportunidade de beijar uma brasileira?

Noah: Ainda não.

Belí: Hmmmm

Noah já estava em solo brasileiro há pouco mais de um mês, tempo suficiente para ter jogado seus encantos europeus por aí, não sei se acreditei nele.

Ainda.

Mordi a boca levemente, imaginando nossos lábios se tocando e um risinho bobo surgiu, fazendo-me negar com a cabeça.

Estava louca para experimentar esse gringo. Além de fotogênico, o alemão tinha senso de humor e aparentava ser gentil, quem resistia?

Noah: Existe diferença em beijar brasileiras? Afinal, beijo é beijo em qualquer lugar do mundo!

Belí: Beijo pode até ser beijo em qualquer lugar do mundo, mas cada um é diferente, especialmente quando a cultura é divergente.

Noah: Entendi. Você já teve essa experiência?

Belí: Ainda não.

Noah pareceu digitar alguma coisa, mas logo apagou. O que será que ele perguntaria?

Bom, na minha cabeça teria diferença sim, e provaria essa tese com ele ou não me chamo Izabelí. Deixei o celular de lado por um momento e fui ao banheiro. Lavei bem o rosto e escovei os dentes antes de ir até a cozinha preparar alguma coisa para comer. Sentada sozinha, me peguei aos suspiros.

Titubeei a superfície do copo com o café já frio. Acabei esquecendo de bebericar quando estava quente. Minha cabeça estava um pouco longe e minha atenção também. Olhei ao redor e, no silêncio, percebi que estava agindo feito uma adolescente que acabou de se apaixonar pela primeira vez. Desde que acordei só pensei em Noah e criei tanto cenário na minha cabeça, que era patético admitir.

Soltei um risinho sapeca.

Ai Jesus!

Além de passar na fila do "dedo podre", também passei na fila das trouxas algumas vezes antes de nascer. Não podia ter uma boa conversa com alguém que já fazia esse tipo de coisa. Com o Raul foi a mesma coisa. Nos conhecemos, conversamos por horas e no dia seguinte eu estava sentada na cama idealizando o relacionamento perfeito.

Eu não tenho jeito mesmo! Sempre na busca do meu feliz para sempre.

Joguei o café fora e lavei a louça. Dei uma geral na cozinha e voltei para o quarto correndo para buscar o celular. Não havia notificações dele, então fui até a sala e me joguei no sofá. Zapeei os canais, espiando algumas vezes o celular ao meu lado, checando o sinal. A barra estava cheia e recebia notificações normalmente. Menos a de quem eu mais queria: Noah.

Peguei o celular e abri nossa conversa para reler. Me senti um pouco idiota, mas não podia evitar. Estava animada com aquela situação toda. Ri baixinho lembrando das fotos que enviei para ele ontem. Contei que tinha algumas tatuagens e o gringo queria saber a respeito de cada uma delas.

Estava Escrito (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now