O PRIMEIRO ENCONTRO

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Acordei magoada.

Uma semana e alguns dias de mentira. Perdi tantas horas da minha vida idealizando uma relação avassaladora de tirar o fôlego e deixar com gostinho de quero mais quando acabasse, para nada. Acreditei de verdade que ia transar ferozmente com Noah, e talvez vivenciar experiências europeias antes de viajar, mas ele veio com esse balde de água fria em cima da minha pele fervente, apagando qualquer resquício de tesão incubado.

Puxei todo ar para mim, pensando se valeria a pena ou não reativar o wi-fi. Fechei os olhos, apertei o celular por entre meus dedos e liguei tudo, aguardando a enxurrada de mensagens. O celular apitou diversas mensagens dele recebidas às 6h da manhã.

Noah: Nossa! As brasileiras são realmente ciumentas...

Noah: Ela é minha ex-namorada, nós terminamos quando resolvi vir para cá.

Noah: Você é a minha lindinha, vamos conversar?

Noah: Se você não quiser me ver mais, eu entendo, mas me avise antes que eu faça as reservas na pousada. Não quero curtir sem você.

Bufei de raiva e apertei o travesseiro contra o meu rosto, esvaziando toda a minha ira num grito abafado.

Apesar das últimas mensagens terem sido fofas, achei um afronto ele dizer que as brasileiras eram ciumentas. Bem típico de homem mesmo, jogando a culpa na mulher. Noah foi além e culpou gênero e nacionalidade.

Revirei os olhos, inconformada.

Não era ciúmes, não mesmo! Era raiva. Sentia-me traída e injustiçada. Se ela era ex, por que ainda estava como plano de fundo das conversas que tinha comigo? Que maluquice era aquela? Ele acha mesmo que eu cairia nesse papinho? Joguei o celular longe e me pus de pé. Nada como um café forte para aquecer esses sentimentos gelados.

Enquanto bebericava o café, ponderei sobre tudo, lutando entre a razão e a emoção.

Não tínhamos um relacionamento para cobrá-lo dessa maneira. No entanto, ele precisava ter mais cuidado, precisava ter mais responsabilidade afetiva com as pessoas, afinal, existia uma conexão entre nós e o momento de sinceridade já havia passado quando o confrontei sobre relacionamentos nas primeiras conversas.

Depois que já estava alimentada e um pouco mais tranquila com tudo, pensei bastante a respeito do que estava acontecendo. Eu tinha duas opções: seguir adiante ou terminar tudo. Dependia apenas de mim. Eu poderia dar um voto de confiança para ele e deixá-lo explicar mais sobre essa situação com a ex ou simplesmente ignorar que um dia fiz esse papel de otária internacional. A primeira opção parecia o certo a fazer. Precisava cavar fundo sobre esse assunto e descobrir se ele ainda gostava dela e se eu não fui um passatempo de intercâmbio.

Nessa partida nada era garantido. Os dois estavam com o time em risco. Logo mais eu iria para o Canadá e ele voltaria para Alemanha e as chances de darmos errado era maior do que a de darmos certo. Se ele terminou o namoro porque queria viajar, quem me garantiria que ele não faria o mesmo comigo depois que voltasse para sua rotina? Mas uma coisa era certa: eu estava realmente caidinha por ele, e sentia no fundo do meu coração que ele sentia o mesmo.

O que nos reservava, apenas o tempo iria dizer. Deixa que o que for para ser, será.

Decidi dar uma chance a ele de nos conhecermos melhor e colocar os pingos nos is. Pessoalmente teríamos mais tempo para conversarmos sobre tudo.

Belí: Se você está realmente dizendo a verdade, e que ela é apenas uma ex, então acho que não terá problemas com a sua vinda na semana que vem :)

Estava Escrito (DEGUSTAÇÃO)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum