Prologue.

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Notas: Hey yay, babies. FELIZ HALLOWEEN E IEROWEEN 0/ fiz essa short-fic especialmente para esta data <3 (ai sto emo-cionada, sempre quis dizer isso :')

Créditos do plot marabrilhoso para o @aufrerard lá do Twitter, para a fanfic meio antiguinha The Anatomy Of A Fall que me inspirou na personalidade do Frank e para música If i should go before you do City And Colour que é a trilha sonora perfeita (link nas notas finais, Ray te amo por ter apresentado essa música)

Não sou acostumada a escrever em 3° pessoa e faz pouco tempo que escrevo frerard e as coisas aqui foram meio apressadas porque não tive muito tempo além de que tenho outras coisas em andamento, mas espero que gostem, de qualquer forma. Se virem algum errinho me perdoem e finjam que não viram.
Boa leitura amores 💜

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Fazia cinco meses desde que Gerard Way havia comprado um pequeno apartamento num bairro simples e silencioso. Era um lugar não muito movimentado e perfeito para ele: um professor de artes roteirista de quadrinhos e pintor nas horas vagas.

Tudo sobre Gerard era arte, até a decoração de seu apartamento, que ainda não estava completamente pronta e arrumada. Faltava alguns livros, CDs, HQs e outras "coisas de nerd" - como diria Mikey - para serem postos nas prateleiras e alguns quadros para serem pendurados, mas, denitivamente, domingo não era um bom dia para fazer isso. Ainda mais um domingo de chuva e frio intenso, porém inspirador, motivo por qual Gerard estava fora de suas cobertas, bebendo café quente e pronto pra fazer um novo quadro que fora inspirado por um sonho, uh, digamos que muito aleatório, quente e estranho, muito estranho. Ele basicamente sonhou, não pela primeira vez, com um garoto lindo demais para ser real - literalmente, no caso - com arte e cores espalhados pelo corpo e bem, era a junção de duas coisas que Way amava, então ele tinha meio que um crush em um ser que só existia em seus sonhos, mas que seria trazido ao mundo real por meio de tintas e isso o deixava radiante e muito animado.

Os sonhos começaram um mês depois que ele se mudou. De início foram calmos, com coisas pequenas como um ser baixinho que mais parecia um anão circulando pela sua casa e aquilo lhe dava arrepios. Era assustador. O garoto mexia em suas coisas e depois atravessava sua parede. Vários pontos de interrogação pairava em sua cabeça porque os sonhos não tinham lógica, e continuou não tendo, até que o baixinho revelou seu rosto único e de alguma forma espectral. Ele era diferente de qualquer pessoa que Gerard já havia visto antes e era justamente por isso que um tipo de obsessão fora construída, a ponto de o fazer querer dormir quanto antes todas as noites só para vê-lo novamente. Os sonhos que antes eram vagos e sem quaisquer interações se transformaram em diálogos e às vezes até toques. Nada muito explícito, até noite passada onde Gerard se sentava no sofá com o garoto - qual ele não sabia o nome ainda - sob si, se beijando e se tocando de forma um pouco mais íntima.

A verdade é que Gerard sempre fora muito solitário. Mikey mesmo sendo mais novo havia se casado e já tinha sua própria família, enquanto a vida do Way mais velho se resumia em tentar fazer arte que nem ao menos era reconhecida e dar aulas para adolescentes irritantes. Ultimamente, a única coisa diferente e fora de seus padrões preto e branco são os sonhos. Gerard daria tudo para poder fazer aquela ilusão real.

Decidindo que encarar a parede branca e sem graça enquanto partia para a que devia ser a terceira xícara de café não faria a pintura se materializar, Gerard levou seu café e a garrafa para seu escritório e colocou-as em cima da mesa nada organizada e olhando para seu moletom azul escuro surrado do Star Wars e sua calça horrível decidiu que não seria necessário trocar de roupa, então, não hesitou em começar a pintar com toda devoção e concentração.

Após terminar o esboço do desenho e uma parte de seu contorno, Gerard se levantou para colocar uma música já que o silêncio parecia mortal pela chuva ter parado. Colocou uma playlist para tocar, enquanto acendia um cigarro e o fumou apoiado em sua mesa enquanto olhava através das cortinas entreabertas, mostrando um tempo nublado indicando mais chuva. Porra, ele estava tão animado para terminar o quadro, mas a preguiça rastejava por suas veias com aquele tempo tão bom para dormir e-

"Você devia dormir e parar de fumar ao invés de dedicar tempo à pessoas mortas." O Way ouviu uma voz falar e riu, achando ser coisa de sua mente.

"Realmente, gênio." Respondeu irônico para si mesmo e passou as mãos pelos cabelos desordenados.

"Você consegue ser bonito até desarrumado e sujo de tinta." Ao ouvir isto, Gerard fez uma careta totalmente adorável e revirou os olhos.

"Não abusa, subconsciente. Você foi a última pessoa que estimulou minha auto-estima na adolescência e este não é o momento par-"

"Subconsciente nunca foi uma pessoa, mesmo. Não é sua cabeça, você pode me sentir?" A voz continuou, era fraca como um sopro ao pé do ouvido.

"Mas que porra?" Gerard sentiu medo rastejando por sua espinha e um arrepio percorreu seu corpo. A temperatura pareceu cair e ele apagou o cigarro rapidamente, se encolhendo e desligando a música. Silêncio. "Jesus, eu estou louco." Negou com a cabeça, ligou a música novamente e voltou a pintar, debatendo em sua cabeça que talvez ele devesse fazer alguns amigos novos ou ligar para os antigos para sair um pouco, porque aquilo devia ser solidão.

Mas aí ele se lembrou que não tinha amigos e os que tinham, haviam se casado. Nem sua avó ele tinha mais.

"Gerard, não fique com medo. Não vou te machucar. Só... se concentre um pouco." A voz assobiou novamente. Ele ignorou e continuou concentrado, seus lábios finos em uma linha reta enquanto suas mãos trabalhavam arduamente. "Sua cara de concentração é adorável."

Okay. Aquilo estava começando a irritar e a cada segundo a voz parecia um pouco mais forte e clara, adquirindo um som rouco, doce e suave. Era bom de se ouvir e muito assustador, ele se negava acreditar que era real.

"Essa música é muito boa. Sempre fui um grande fã dos Smiths."

"Qual sua favorita?" Gerard perguntou automaticamente, não sentindo quando as palavras deslizaram para fora de sua boca.

"Asleep. Me inspirou na minha morte, a trilha sonora perfeita. Morri com estilo." O invisível deu uma risadinha assustadora e seu senso de humor era negro pra caralho.

"Também gosto dessa." Gerard respondeu como se aquilo fosse algo totalmente normal de se ouvir. Bem, foda-se se estivesse louco, pelo menos tinha alguém falando com ele. "Todo mundo em algum momento já se sentiu como essa letra. Mas, espera, se você disse que a ouviu antes de morrer você é um..."

Way estagnou, a boca se escancarando e os olhos bonitos ficaram arregalados. Voz misteriosa. Piada sobre morte. Sonhos estranhos... Pontos começaram a ser ligados.

"Yeah, um fantasma, um espírito. Olhe para sua esquerda e tende concentrar energia, talvez você consiga me ver."

"Isso é impossível." Gerard disse, bagunçando os cabelos e coçando sua nuca nervosamente, a deixando suja de vermelho.

"Vamos. Por favor. Você é o que me mantém preso aqui."

Então, lentamente e com medo, Way olhou para sua esquerda encontrando sua parede azul marinho com desenhos grudados por sua extensão e sua planta de plástico ridícula. Não tinha nada ali- nada que fosse visível. Mas ele tentou, de qualquer forma, encarando a parede fixamente e depois gargalhando alto, jogando a cabeça pra trás.

"Maldita chuva. Eu quero muito sair daqui. Antes que veja unicór- oh." Ele arregalou os olhos e o pincel caiu de sua mão, sujando o piso de tinta. "Puta merda, caralho." E uma orquestra de palavrão veio depois. "Porra, v-você. Você... isso não é possível."

Tinha um garoto lá.

O garoto de seus sonhos.

If I Should Go Before You • FrerardWhere stories live. Discover now