Prólogo

565 101 189
                                    

"Hoje o dia esteve nublado. Pensei que fosse um prefácio, para os acontecimentos de hoje.

O mundo conspira estranhamente quando pretendemos fazer algo grande, tenho para mim, que estarei livre finalmente.

Minhas mãos tremem, as lágrimas provavelmente molharão esse papel de carta. Não espero compreensão, muito menos consentimento, pois o que eu sinto, apenas eu consigo entender. Nunca estive assim em toda a minha vida, e é embriagante a sensação.

Chega a ser viciante, fechar os olhos e sentir a dor que se instaura em mim, sem motivo, nem aviso, apenas crescendo para me sufocar, ou, fazer com que eu me sufoque.

As pessoas sempre insistiram em dizer que eu não devia sentir isso, não devia me sentir triste, mas quem são elas para entender? Quem são vocês para entender?

Tudo se passa num ambiente hostil que minha mente cria, me dando pesadelos e pensamentos desnecessários, que me fazem ansiar pelo torpor de remédios. Cansei de estar sempre errado por sentir aquilo que não posso evitar. Aquilo que eu quero e não quero sentir ao mesmo tempo.

A dor que se tornou minha companheira ao longo dos tempos, que se fez presente como um órgão vital e se tornou parte de mim. Parte de quem eu sou.

Isso acaba hoje.

Não sentirei mais esse peso ao respirar e encher os pulmões; não derramarei mais lágrima alguma; não ficarei preso na dor que não se dá nem o direito de ter motivos para existir, motivos para me atormentar.

Tudo acaba hoje, e esse, será meu fim, porque eu sou a dor."

Seco as lágrimas e largo a caneta com as mãos trêmulas, deixo a carta com a letra tremida em cima da cama e vou em direção ao banheiro. Há inúmeros remédios à minha frente. Agora, não tem volta. Isto vai ter que servir.

Prisões de Papel (Em Revisão)Where stories live. Discover now