Parte II

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Anjinho estava preocupado, não tinha sossego com aquelas crianças! Chico Bento quase caíra do pé de goiaba mais cedo. Saiu às pressas das terras do Nhô Lau, para encontrar com seus primos. Primo Zeca duvidava das histórias de onça que Zé Lelé contava para ele. O garoto da cidade acreditava que onças somente existiam em zoológicos e na televisão. Chico chegou devorando sua última goiaba.

- Qui é qui ocês tão discutindo?

- Seu primo Zé Lelé está querendo me fazer de bobo com essa história de onça. Desde quando tem animal selvagem aqui na Vila Abobrinha?

- Ocê num acridita? Pedi pra vó Dita intão, ou pra Rosinha, qui elas cunfirma nossa história.

- Sei... Vocês aqui da roça adoram contar lorota pra gente que é da cidade. Eu não caio mais nessas. Só vendo pra crer.

- Essi primo Zeca num bati bem dos miolos não, Chico. Ondi já si viu, quere infrentá onça assim, sem mais nem menos.

- Mai si é pra módi ocê acriditá em nois, vô ti leva até a toca da onça. Ora!

Anjinho estava pronto para intervir quando sentiu a presença dela. Dona Morte e sua foice se materializaram na pequena nuvem onde estava deitado o anjo. Que visita estranha, pensou.

- Que posso fazer pela senhora?

- Preciso evitar a morte de um cliente.

- Como assim? Você tem poder para fazer isto? Pensei que era só mais uma funcionária lá de cima.

- Eu não tenho, mas você tem. Preciso que fique de olho nessa pessoa aqui. Seja a sombra dela, entendeu?

- Ó não! Deve haver algo de errado nisto. O pessoal lá de cima ficou biruta das ideias?

- Não sei, vou averiguar. Mas para isso preciso que você tome conta deste personagem até lá. Não quero que ele sequer pegue sereno, entendeu?

Anjinho voltou os olhos para os meninos e não mais ou viu, tampouco Dona Morte encontrava-se ao seu lado. Precisava voltar para a cidade, proteger como nunca aquela criança! Tratou então de pôr a onça para dormir, e voou em disparada.  

Fuga da MorteWhere stories live. Discover now