22. Pondo Ordem

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Eu nunca resisti a entradas triunfantes e sem sombra de dúvidas Tristan havia me proporcionado aquilo, mais da metade dos criminosos que se encontravam naquele antro vieram formar alianças comigo temendo o que pudesse acontecer caso me contrariassem.

Já era de tardezinha quando escutei baterem na minha porta e permite a entrada, era Dominic.
— O que você quer?
— Conversar!
— Estou cansada Dominic, não quero discutir — Informei analisando meus papéis.
— Posso? — Questionou mirando a cadeira, confirmei com a cabeça, ele sentou-se.
— Eu precisava de um tempo.
— Todos nós precisamos.
— O que aconteceu em Londres?
— Para resumir digamos que eu passei seis meses me drogando feito uma degenerada e mais seis meses numa clínica de reabilitação.
— E funcionou? — Ele  questionou, larguei os papéis e minha caneta e então abri os braços de forma sarcástica — Eu estou aqui não estou?!
— Como você chegou no fundo em tão pouco tempo Vic?
Soltei um longo suspiro — Pra começar, asfastando aqueles que eu amo.
— Por que não me contou?
— Porque eu estava com vergonha, as únicas pessoas que sabem são Matt e Kaleb e não por opção minha. Eles descobriram da pior maneira possível.
— Eu não queria ficar com raiva de você Vic... é só que tanta coisa vem acontecendo.
— Melissa... — Pronunciei com cautela, ele confirmou com a cabeça. — Eu estou bem Dominic. Não vamos falar sobre isso, já tive a minha cota de erros e garanto que aprendi com eles.
— Então você não sente mais vontade... nem mesmo nas negociações onde precisamos verificar a qualidade e quantidade do produto?  — Insistiu.
— Eu senti vontade em Los Angeles — Confessei cabisbaixa — Mas me dei conta de que isso não era nenhuma solução, apenas pioraria as coisas.

Dominic engoliu a própria saliva como se algo estivesse engasgado em sua garganta.
— Eu odeio... — Deu uma breve pausa — Odeio o fato disso ter acontecido com você.
— Todos nós fazemos escolhas idiotas, eu me arrependo tanto de ter fugido. Era mil vezes melhor ter encarado minhas perdas do que ter procurado uma válvula de escape.

(...)

Já era de tardezinha quando meu segurança anunciou que Lorenzo queria me ver, consenti permitindo que ele entrasse, Kaleb não estava em casa.

— O que você quer? — Questionei sentada na minha cadeira.
— Queria olhar para essa sua cara de sonsa pessoalmente e te dar os parabéns. Você conseguiu Victória, você enganou a mim e meu irmão e tomou o que é nosso por direito. — Reclamou com despeito, eu soltei uma risada forçada e o encarei.
— Escuta aqui seu idiota, nosso pai sempre deixou muito claro quem ele queria que assumisse.
— Acontece que Kaleb e eu somos sangue. — Disse com intenção de me abalar, respirei fundo e continuei me levantando e aproximando-me dele.— Eu não tenho culpa se você é fraco. Na verdade, eu estava fora disso até Kaleb me arrastar pra dentro de novo. — Informei o que pareceu ter o deixado mais irritado do que antes.
Enzo me encarava com tanto ódio — PROSTITUTA LADRONA! — Berrou e eu travei meu maxilar e abri um sorriso nervoso.
— Eu vou deixar essa passar porque você claramente está alterado e sinceramente, não quero sujar minhas mãos com você!
— Isso não vai ficar barato Victória. Os velhos já estão sabendo disso — Me garantiu.
— Ótimo, parece que eu alcancei meu objetivo — Falei cínica.
— Existe um carta de testamento, antes que você se dê por vencida...
— Se nosso pai tiver deixado instruções explícitas sobre você ficar no controle terei o prazer de me desculpar e lhe dar o que é seu por direito, mas por enquanto... Conforme-se. — Falei lhe dando as costas — Outra coisa, estou suspendendo sua mesada — Informei — Agora saia! — Mandei apontando para porta, ele continuo em silêncio inconformado.
— EU FALEI PRA SAIR! — Gritei com raiva e ele saiu, o segurança apareceu.
— Está tudo bem? — Ele perguntou preocupado — Sim, chame o Dominic. — Ordenei grossa.
— Ele saiu senhorita — Me informou e eu bufei cruzando os braços, fiz um movimento com a cabeça para que ele me deixasse só.
Eu precisava promover umas mudanças.

(...)

Desci do meu mustang e observei a fachada do galpão, a nostalgia me bateu e eu abri um leve sorriso. Dominic me aguardava do lado de fora.

— Isso tudo é porque deixaram Lorenzo entrar na casa? — Dom questionou.
Fomos entrando e eu dei uma analisada nos vinte candidatos ali de pé, todos tinham um bom físico.
— Kaleb proibiu a entrada dele e mesmo assim...
— Ele é seu irmão Victória, talvez tenham tido medo de contrariar um Santori.
— Deveriam acatar as ordens do Santori que paga a droga do salário deles não do idiota do Enzo, bem, não importa mais... vou demitir todos — Informei.
— Por isso essa convocação de última hora ? — Abri um pequeno sorriso e um grandalhão se destacou no meio dos outros, ele tinha porte militar assim como os outros mas parecia decente demais pra mim.
Me aproximei dele e Dominic me acompanhou.
— Como se chama? — Questionei.
— Otto — Informou, o olhei dos pés à cabeça.
— Você tem cara de policial — Comentei.
— Eu fui por dois anos.

Encarei seus olhos desconfiada, dei alguns passos andando a sua volta e analisando-o.
— De onde você é?
— Oregon!

Olhei para Dominic e ele entendeu o que significava, respirei fundo deixando Dominic e indo pro meu escritório. Estava intacto para a minha surpresa, alguns segundos depois Dom apareceu quase pondo a porta abaixo.
— MERDA! — Berrou com raiva — Eu não sabia que o cara era policial Vic, juro.

Soltei um longo suspiro de exaustão.
— O que você faria sem mim? — Ironizei rindo.
— Ele disse que serviu mas mesmo assim Vic, já contratamos ex-polícias antes.
— Esse cara é certinho demais Dominic, não mate ele — Avisei — O torne sujo e chantageie caso seja necessário.
— Você realmente voltou com tudo.
— Eu tenho um compromisso — Falei olhando meu relógio de pulso — Cuide disso, logo volto.

Um dos meus capangas abriu a porta do Mustang para que eu entrasse, agradeci e depois cantei pneu tentando chegar na hora certa para meu compromisso, estacionei em frente ao museu e comprei uma entrada, ele estava sentado admirando uma pintura.

— Você está atrasada. — Reclamou e eu soltei uma risada nasalada — Com o tanto de dinheiro que estou te pagando, chegar atrasada é um privilégio. — Ironizei.
— Você quer discrição e eu pontualidade, vamos chegar a um consenso.
Ele me passou o arquivo, senti minha mão trêmula e a escondi no bolso do vestido querendo não demonstrar meu nervosismo.
— Você sabe que se tentar me ferrar...
— Eu estou sendo pago Victória, tenho uma reputação a zelar e clientes pra manter. — Me garantiu.

Tirei meu celular do bolso já mais calma, desbloqueei e dei um único toque.
— A transferência foi feita — Informei.
Ele soltou uma risada nasalada.
— Foi um prazer fazer negócio com você — Disse despedindo-se e indo embora, fitei a pasta por um bom tempo.
E pensar que eu havia queimado uma com o mesmo conteúdo a anos atrás.

II Livro Mafiosa - Ascensão (Sem Revisão)Where stories live. Discover now