Bônus Lorenzo

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Ouvi a droga do celular tocar pela milésima vez e praguejei todos os palavrões conhecidos por minha pessoa mentalmente, cobri meus ouvidos com os travesseiros na falha tentativa de ignorar a caixa postal mas falhou.

"Droga Lorenzo, deve ser a vigésima vez que te ligo. Será que da pra atender a merda do celular e parar de se lamentar?! Estou preocupada, me retorna por favor..."

Era Suna me infernizando novamente e pelo tom de voz, ela já estava p da vida comigo.

— Mais que merda em? Já deve ser o que? A vigésima vez que ela liga. Por que você não retorna? — Ouvi a garota de programa da noite passada resmungar, retirei uma outra mão que agarrava meu corpo de cima de mim e me lembrei da noite passada. Uma estava jogada na poltrona do quarto enquanto a outra estava completamente nua em cima de mim dormindo serenamente. Afastei seu braço tendo cuidado para não acorda-la e me sentei na cama passando a mão no rosto.

— Não te paguei pra falar! — Rebati com desprezo e ela me devolveu um olhar entendendo o recado.
Me levantei da cama ainda desnorteado mas logo fiquei alerta quando meus pés esbarraram nas garrafas espalhadas pelo chão, elas fizeram um grande barulho e mesmo assim a morena na minha cama continuava a dormir enquanto a loira massageava suas têmporas afim de curar-se de uma ressaca apocalíptica.
Funguei e fui na direção do banheiro, minha cabeça estava um caos assim como o quarto, molhei meu rosto e encarei meu reflexo por alguns segundos me contendo para não socar o espelho, a humilhação de Victória reprisava na minha cabeça repetidas vezes e se completava com ela rindo de mim, minha cabeça tremia de dor.

Depois de urinar, uma missão quase impossível, achei uma toalha no banheiro e a envolvi em meu corpo, eu não fazia a menor ideia de onde minhas roupas estavam.
Sai do banheiro e a loira já havia cochilado, a que estava na poltrona. Fui até a mesa de cabeceira discando o número da recepção no telefone do hotel, pedi algumas aspirinas e um café da manhã reforçado. Depois de despachar as acompanhantes eu trataria de achar um modo pra reverter minha situação.

(...)

Os raios solares ainda me incomodavam e o barulho do trânsito latejava minimamente na minha cabeça, mas resolvi suportar a dor, não tinha nada melhor do que tomar uma xícara de café admirando os arranha-céus de Manhattan e o caos que se formava lá embaixo.
Ver tudo de cima no melhor quarto daquele hotel me dava uma sensação de superioridade, eu confesso.
Deixei a sacada e tornei para dentro do quarto, as garrafas de vodka espalhadas pelo chão ainda continuavam mas minhas amigas tinham ido embora. Me sentei na cadeira e pousei minha xícara na mesa retirando meu celular do bolso do meu robe.
Disquei o número.

— Finalmente! — Sua voz não estava nada boa — Onde você esta seu filha da mãe insensível? — Ela começou a choramingar.
— Ei amor, calma... eu precisava de um tempo — Tentei me explicar.
— VOCÉ FICOU MALUCO, EU ESTAVA MORRENDO DE PREOCUPAÇÃO LORENZO! — Suna gritou perdendo o controle, senti minha cabeça tremer e suspirei tentando ter calma. "Os fins justificavam os meios, os fins justificavam os meios..." lembrei a mim mesmo antes que eu perdesse a paciência e a mandasse pastar.
— Querida... — Amaciei minha voz — Eu realmente não estava bem, eu fui em casa e tive um discussão terrível com Victória. Ela me disse algumas palavras duras, eu lhe devolvi algumas palavras duras... Foi terrível mas não quero entrar em detalhes.
— Eu não sabia — Disse mais calma — Eu só estou agindo feito uma neurótica porque você sumiu sem dar notícias amor, dois dias. DOIS DIAS! — Me relembrou.
— Eu estou bem... — Revirei meus olhos — Estou bem agora, eu precisava desse tempo pra absorver. Eu não queria magoá-la — E esses meus queridos, foi o fatality!
— Oh... porque você me magoaria querido?
— Eu tenho essa mania de projetar meus problemas nos outros, não queria ser um fardo pra você. — Falei me levantando e começando a andar pelo quarto atrás das minhas roupas, encontrei a calcinha fio dental de uma das garotas da noite passada, mas que pedacinho de pano mais indecente. Abri um sorriso recordando-me de alguns detalhes.
Suna ficou em silêncio por alguns segundos e eu já sabia que havia ganhado aquilo — Tudo bem lindo, eu te perdoo mas você tem que me prometer que NUNCA MAIS FARA ALGO ASSIM ! — Falou sem nem titubear, abri um sorriso de satisfação, pra alguém tão controladora as vezes ela era fácil demais de se enganar.
— NUNCA! — Repeti em tom mais alto tentando passar credibilidade.
— Onde você está?
— Quer saber? Melhor a gente se encontrar! Que tal um almoço? — Me esquivei — Escolha um lugar meu anjo.
— O.k! — Concordou num tom animado — Até mais tarde, te amo, beijos.
— Te amo também, até — Me despedi e desliguei a droga da ligação.

Eu poderia ser ator...
(...)

Depois de pedir seu prato preferido a loira me olhou fazendo uma expressão manhosa, segurei sua mão em cima da mesa.
— Me desculpa mesmo amor — Pedi parecendo o mais convincente o possível.
— Eu já te perdoei ursinho, agora vamos conversar.
— Claro — Falei soltando sua mão e percebendo que o garçom se aproximará com nosso pedido, abri um sorriso.

O garçom colocou nossos pratos na mesa e em seguida serviu um dos melhores vinhos daquele restaurante.

— Meu pai queria conversar com você. — Ela me revelou e eu fiquei um pouco preocupado.
— Comigo? — Repeti alterando a voz — Você foi reclamar com ele sobre meu desaparecimento? — Questionei com mais intensidade e ela largou o talher no prato e segurou minha mão.
— Quando eu digo que perdoo alguém Lorenzo, é porque eu perdoo. Não preciso do meu pai pra me defender, eu já sou bem grandinha. Além disso, eu não quero que ele se meta tanto na nossa vida, o que já é quase impossível — Explicou num tom ofendido.
— Desculpa amor... — Tentei me redimir — Isso foi o que eu quis dizer com projetar meus problemas nos outros. — Disfarcei.
— Você não pode se afastar de mim amor, quer dizer, se eu não souber lidar com isso que tipo de namorada eu sou?!
— As vezes eu pergunto a Deus o que eu fiz pra merecer uma mulher tão maravilhosa como você! — Me articulei e ela abriu um sorriso se desmanchando com minhas palavras — Eu te amo amor!
— Eu também te amo — Suna respondeu.

Tornamos a pegar em nossos talheres — Você sabe o que seu pai quer? — Perguntei depois de mastigar minha comida, eu estava preocupado.
— Destruir a sua irmã, isso eu garanto — Despejou e então colocou a comida na boca mastigando calmamente, engoli minha comida sem mastigar e ela pareceu descer rasgando minha garganta.
— Como é? — Perguntei enxergando uma oportunidade.
— Se ele não pode destruir o Blake...

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Nota: Meus raios solares... esperam que tenham gostado desse bônus. Obrigada a todas que votaram, adicionaram a lista, comentaram.
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Amo demais vocês. É sério, vocês são foda dms ❤️

II Livro Mafiosa - Ascensão (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora