Alguns meses se passaram desde que recebi a notícia da mudança. Claudia está super feliz com as quatro faculdades que foi aceita, Ucker tem me feito sentir como se estivesse sonhando todos os dias, a cada semana ele aparecia com uma nova surpresa, flores, cartões, porta-retratos, colares, ursos de pelúcia gigantes, jantares românticos, piqueniques todas as sextas, uma lista de coisas que eu nunca irei esquecer, ele me mostrou como é amar de verdade.
—Dul, você tem que falar com a sua mãe logo da viagem! -advertiu-me Annie
—Eu sei, fica calma Annie, eu vou falar.
Não tive coragem de contar para ninguém sobre a mudança, somente Christopher sabia e me ajudava a esconder, mas eu sabia que uma hora eu teria que contar. Faltavam apenas quatro semanas para o Natal, e apenas três para a minha partida.
—Oi gatinho bebê! -Anahi pincelou o nariz de Poncho e lhe depósitou um beijo em seus lábios
—Oi minha princesa! -selou os lábios da namorada mais uma vez —E ai Dulce! Como você ta? Já falou com a sua mãe sobre a viagem?
—Estou bem, e como eu dizia para Annie, estou esperando o momento certo.
—Isso é conversinha dela! Estou achando que a Dulce não quer viajar com a gente! -Anahi cruzou os braços e fez bico
—Aah, bobinha! É claro que eu quero! Quero muito! Mas minha mãe anda estressada com algumas coisas no trabalho, só estou esperando a poeira abaixar. -inventei
—Boom dia galera bonita! -Christian e sua animação matinal
Salva pelo gongo!!
—Bom dia. -respondemos em uníssono
—Cadê o Christopher? -perguntou Mai
—Ah foi na coordenação resolver algumas coisas- respondi
Logo que o sinal tocou, seguimos todos para nossas respectivas salas de aula. Ao final do dia, resolvemos ir para a casa dos Uckermann passar a tarde.
—Está entregue. -disse Christopher ao abrir a porta pra mim
—Obrigada meu amor. Eu já lhe disse hoje que você é o melhor namorado do mundo!?
—Sim! Mas eu gosto de ouvir isso sempre! -selou nossos lábios em um selinho
Ficamos um tempo nos beijando e conversando sobre coisas bobas. Quando eu estava com Christopher eu só sabia sorrir que nem uma demente.
—Dulce? Filha? -mamãe me gritou da cozinha
Fingi não escutar e segui meu rumo até as escadas.
—Dulce Maria! Está surda!? Estou falando com você! -advertiu-me
—Ah jura? -revirei os olhos e retomei meus passos
—Arrume suas coisas. Estamos de partida. -falou de cabeça baixa
—O QUE?
—Arrume suas coisas! Estamos de mudança!
—Mas como assim?? Você prometeu que nós iríamos uma semana antes do Natal!!
—Eu disse que ia tentar! Tenho um caso muito importante que vai levar um certo tempo, a cidade não é muito longe daqui, ainda vai poder ver seus amigos.
Mamãe seguiu de volta para cozinha enquanto eu ainda assimilava as coisas. Corri pro meu quarto e joguei tudo no chão, livros, porta-retratos, tudo foi ao chão, nesse momento eu já não tinha mais controle sobre as minhas lágrimas, ao escutar a quebradeira Claudia correu até o meu quarto e me abraçou forte.
—Shiii. Calma maninha! Vai ficar tudo bem. -tentou me acalmar
—SÓ SE FOR PRA VOCÊ!! Até porque logo, logo, você estará livre dessa merda toda!! -me desvencilhei de seus braços
—Dul, não é assim...
—Sai! Sai Cláudia! Eu não quero brigar com você. Por favor... Sai! -abri a porta para que ela saísse
E mais uma vez foi como se um terremoto abalasse minha vida, e tudo que antes eram as mil maravilhas, agora eram somente escombros de um sonho devastado. Depois de arrumar minhas malas desci ao encontro de mamãe e Cláudia, entrei diretamente em meu carro sendo seguida por minha irmã que adentrou o veículo sentando-se no banco do carona.
—Não vai se despedir dos seus amigos? -questionou-me mamãe pela janela do carro
Fechei o vidro e dei partida, não iria aguentar mais um adeus, não aguentaria olhar nos olhos de Christopher e dizer "Adeus".
Já havia se passado uma semana. Me olhando no espelho, vejo uma menina muito parecida comigo, mas não sou eu, ela tem buracos pretos enormes debaixo dos olhos, seus olhos estão em um vermelho quase sangue, talvez pelas noites mal dormidas ou pelo choro incessante, seu corpo com uns dez quilos à menos, seus cabelos presos em um rabo-de-cavalo emaranhado.—Dul, você precisa se alimentar! Abra essa porta por favor! -Cláudia insistia pela quarta vez só hoje.
—Eu já disse que não estou com fome. -me encolhi na cama
Escutei um estalo e tapei o rosto com a claridade entrando pela porta.
—JÁ CHEGA! Ta na hora de você superar! Você está a uma semana trancada nesse quarto! Não come direito, só sabe chorar, eu sei o quanto foi difícil deixar tudo pra trás, mas você precisa superar Dulce!! -arreganhou as cortinas fazendo meus olhos arderem ainda mais
Minha irmã paralisou quando me olhou, seus olhos se encheram de lágrimas. Ela correu até minha cama e me abraçou.
—Dul, como você pode deixar as coisas chegarem a esse ponto? Você já se olhou no espelho!? Você está horrível!! -segurou meu rosto em suas mãos- Por favor! Faça por mim! Eu sei que bem lá no fundo você me ama, então coma, tome um banho bem relaxante, lave esse cabelo, ponha uma boa roupa e vá dar uma volta, por mim. Promete?
Eu não queria sair dali nunca mais, mas Cláudia tinha razão, ver minha irmã tão preocupada me fez cair na real.
—Eu prometo.
Ela me abraçou novamente e logo depois retirou-se dizendo que voltaria as 16:00 e que queria que eu estivesse pronta até ela chegar. Forcei um sorriso e olhei o prato de comida na bandeja em cima da cabeceira, eu não tinha vontade nenhuma de comer, mas como havia prometido forcei-me a comer pelo menos um pouco. Após tomar um longo e relaxante banho, fui até as minhas malas, pois é, eu nem me atrevi em guardar minhas roupas nos armários, optei por uma jeans azul caneta e uma camiseta rosa bebê. Desci até a cozinha e tomei um copo d'água, e me assustei ao ver que já eram quase 16:00.
A campainha tocou, levantei-me bufando, como sempre, Claudia esqueceu as chaves, e no exato momento em que abri a porta, paralisei, não conseguia me mover, meus olhos não acreditavam no que viam, era ele, depois de tanto tempo.
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Este Corazón
FanfictionDulce Maria, vive com sua mãe e sua irmã. Após tantas mudanças causadas pelo trabalho de sua mãe, Dulce não se sente à vontade para fazer novas amizades ou encontrar um novo amor, pois ela sabia que nada iria ter um longo prazo, tornando-se assim um...