Capítulo 17

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O vento gelado vindo do leste há dias não dava descanso. O que amenizava aquele clima frio era ausência de chuva. Manoela dava graças a isso.

Amava de todo o coração a Europa, porém sentia saudades do calor de sua terra e pensando nela e da proximidade com o Natal sentiu desejo de decorar a casa de Stephen. Era dezembro e nada do homem se inclinar para isso, apenas ficava lá sentado em frente a sua velha máquina de escrever ou enganchado entre as suas pernas.

— O que é isso? — Stephen questionava o que eram todas aquelas sacolas na mão de Manoela.

— Que bom que saiu de frente daquela máquina barulhenta. Me ajuda aqui no carro? — Manoela acomodou as sacolas perto do armário do hall e desceu as escadas indo em direção à rua. — Jesus! Como está frio! — esfregou uma mão na outra e logo em seguida abraçou os braços.

— Foi para isso que pediu emprestado meu carro? — Stephen chegou ao seu lado perto do carro e viu a embalagem de uma árvore de natal.

— Não ia conseguir carregar na minha lambreta, a propósito, obrigada por confiar essa beleza em minhas mãos. — Manoela divertidamente acariciou a lataria do sedan prata.

— Teria motivos para não faz isso? — Stephen não entendeu a ironia daquele comentário e carregou a caixa com a árvore para dentro de sua casa.

— Normalmente os homens não gostam que nós mulheres dirigimos seus carros. Renato detestava. — Manoela fez uma careta lembrando-se das implicâncias do seu ex.

— Eu não ligo para isso, quando precisar é só pedir. Até porque com esse tempo não é bom andar com a sua lambreta. — de fato Stephen não tinha esse apego sentimental ao seu carro como tinha com seus livros. Aqueles sim eram objetos sagrados para ele.

— Nem me fale! O vento está me cortando. — Manoela solta um suspiro e fechando a porta deixando o vento inoportuno longe do seu corpo.

— Não queremos que isso aconteça.

Manoela animada lhe deu um beijo rápido e seguiu com algumas sacolas para a sala de Stephen aquecida tanto pelo aquecedor central, quanto pela lareira.

— Coloque aqui. — Manoela apontou para o canto da sala que imaginou ser o lugar ideal para árvore ser montada.

— Não sabia que fazia questão desse tipo de tradição, podia ter lhe comprado uma de verdade. Normalmente é assim que fazemos. — disse Stephen avaliando aquela caixa e a foto da árvore que a mesma guardava, não lhe agradou.

— Não! Essa aqui lembra as da minha casa. Lá não usamos essas de verdade. Na verdade eu nem lhe consultei se podia fazer isso aqui. — Manoela o encarou com ressalvas, realmente não questionou se ele queria, apenas foi tomando a decisão. — Quer saber? Melhor levar tudo isso para o meu apartamento...

— Por favor, não! Monte aqui. Eu vou te ajudar.

Depois que tudo aconteceu entre ele e Elizabeth, Stephen nunca mais teve clima para se dedicar a tal ação, até porque todos os natais eram passados no casarão do seu primo. Não tinha sentido montar uma árvore ou mesmo decorar a casa. Se ao menos os filhos fossem ficar com ele, mas não era isso que acontecia. E agora ali ajudando Manoela a colocar os enfeites natalinos naquela árvore feia o coração de Stephen apertou e não gostou daquele sentimento.

— O que houve? — Manoela percebeu a mudança em seu humor.

— Recordações. — Stephen fixou o olhar no horizonte — Na verdade, são desejos.

— Me conte, quem sabe posso realizar.

— Acho que não. — Stephen sorriu de forma forçada.

— Seus filhos? Queria que estivessem aqui? — Stephen assentiu com a cabeça — Ligue para eles. Convide.

O Professor [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora