°^Capítulo Seis^°

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Lucas.

Os olhos dela estão tão assustados quanto os meus.

-Rebeca? -Minha voz sai um tanto rouca, provavelmente devido ao frio que está fazendo.

Ela apenas me fita assustada, nunca pensei que a veria dessa forma, todas as vezes que a vi a mesma sorria, seu olhar sempre transbordou alegria, até mesmo quando pulamos de paraquedas ao menos demonstrou medo, porém hoje me questiono se já vi alguém transparecer tanto pavor como ela está neste momento.

-Vem, vou te tirar daqui. -Digo oferecendo minha mão para ela que me fita duvidosa, porém por fim aceita.

Sinto um leve choque térmico, pois sua mão está tão fria enquanto a minha está quente devido a adrenalina e raiva. Ela demora uns cinco segundo até começar a caminhar ao meu lado.
Guio-a até minha moto.

Pego um dos capacetes e ofereço-a que aceita com um sorriso contido.

Seus olhos estão vermelhos e inchados, e pela primeira vez desde que saímos do beco escuro reparo em sua roupas, ela está com uma jaqueta de couro, uma calça vermelha e um tênis coturno preto.

-Vou te levar para um lugar seguro, tá bem? -Rebeca apenas assente, parece uma gatinha arisca que ao mesmo tempo está com medo e parte de mim se questiona o que teria acontecido caso não chegasse, caso Gabriel não me ligasse, ou até mesmo se não tivesse aceitado vir hoje a noite.

Deixo estes devaneios de lado e subo na moto. Ela me fita por alguns instantes e logo me acompanha, sobe tentando se equilibrar sem se segurar em mim, de duas uma ou  está com medo do toque masculino, ou com vergonha de se segurar em mim, entretanto em ambas as circunstâncias preciso garantir sua segurança.

-Pode segurar em mim, não ofereço perigo. -Digo alto o suficiente para que ela ouça, mas baixo o suficiente para que não cause medo a ela. Pego suas mãos e coloco ao redor de minha cintura.

Ligo a moto, acelero rua a fora.

O vento frio bate contra minhas roupas adentrando com força e causando breves arrepios, sinto Rebeca tremer levemente, provavelmente pelo frio.

-L-lucas? -Pela primeira vez desde que a encontrei pronuncia uma frase, sua voz está baixa e contida.

-Sim? -Pergunto fitando-a através do restrovisor.

-Não quero ir para casa, não quero ter que explicar á minha mãe o que a-aconteceu. -Responde, seu corpo se tensiona a medida que cada palavra é pronunciada.

-Confia em mim? -Pergunto antes de fazer o que estou prestes a fazer. Ela assente.
-Ótimo.

Viro a primeira a direita e acelero pela avenida Brasil que não está tão movimentada como imaginei, porém essa é a rota mais rápida que traço em  minha mente. Demora cerca de quarenta minutos até avistar a entrada de meu apartamento. O porteiro abre o portão para minha entrada. Assim o faço.

Estaciono  minha moto ao lado da outra. Assim que o faço Rebeca desce tirando o capacete. Ela fita tudo ao redor.

Desço da moto também e tiro meu capacete, penduro tanto o meu capacete quando o que ela estava usando na moto. Nao os levarei para cima, caso tenhamos que sair fica mais rápido se eles estiverem aqui.

-Vamos? -Pergunto.

-Posso ficar na casa de uma amiga, é só que não quero ir para casa. -Responde sem se mover.

-E eu prefiro que você fique aqui, tenho certeza de que ficará mais segura comigo do que com uma amiga.

Apenas assente.

Simples CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora