Jogo limpo

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Nota: 30 MIL LEITURAS?  30 MIL!!!! WOW vocês são incríveis!! Esse é o meu jeito de agradecer... Divirtam-se!

Dizem que a vida é como um jogo e que perder ou ganhar é só uma questão de ponto de vista. Então o que você faz quando todas as cartas do jogo estão na mesa e a jogada final só depende de você? O que a vida real e os jogos tem em comum? É que às vezes você precisa perder algumas cartas, para vencer a partida.

Noite do Emmy  — 18 de Setembro de 2005.  

Patrick

No caminho para casa, enquanto passamos pelos tão singulares coqueiros de LA, eu recosto a minha cabeça no vidro, procurando entender o turbilhão de coisas que tem acontecido nos últimos meses... Especialmente nos últimos três dias. 

Solto um longo suspiro olhando para Jillian sentada do outro lado da limusine —afastada de mim. Sua expressão se não tão séria e pensativa quanto a minha, talvez ainda mais intensa. Algo dentro de mim insiste para que eu questione o que a está incomodando, mas eu prefiro ignorar esse pensamento assim como tantos outros. Acho que viver minha vida ignorando meus próprios pensamentos e desejos tem sido a minha maior especialidade ultimamente. Entre um coração que insiste para que eu analise as coisas e resolva os problemas de uma vez por todas, há uma mente que insiste em me dizer que fazê-lo pode ser perigoso demais. E entre o medo e a coragem de me entregar, escolho a omissão. Vivo numa corda bamba, fingindo que tudo está na mais perfeita normalidade. Porém, do que adianta viver assim se quando eu olho para o lado outra vez a realidade está escrachada e gritando bem a minha frente para que eu a enxergue?

Há alguns anos atrás Jill estaria enrolada nos meus braços enquanto esperávamos ansiosos para chegar em casa e ter uma noite à sós. Quando foi que aquele casal apaixonado se tornara este casal: que pode passar dias separados e quando se vêem não anseiam por a antiga proximidade? É verdade que o nosso relacionamento nunca tinha sido algo ardente que nos puxasse um para o outro, mas sempre houvera um conforto em ter sua presença ao meu lado ao chegar a casa cansado após um dia longo de trabalho e encontrá-la me esperando com o jantar pronto... Ou quando eu a surpreendia no aeroporto quando ela voltava de suas viagens de trabalho... Ou ainda quando a esperava em casa com alguma surpresa boba mas que eu sabia que ela iria apreciar após dias longe um do outro.

Como você sabe um relacionamento chegou ao fim? Quando há brigas demais? Quando ambas as partes já não fazem mais tanta questão de estarem juntos? Quando você tem que fingir surpresa porque esqueceu completamente quando sua esposa voltaria de viagem? Ou quando você se pega mais preocupado com os sentimentos de outra mulher do que com os sentimentos da mulher com quem você havia passado os seis últimos anos junto? Como você sabe se é o fim?

— Nao quero ir para a After Party... — Jillian anuncia depois de severos minutos de completo silêncio e eu torno a minha atenção para ela que ainda encara através do vidro a rua lá fora. — Você se importa se formos para casa? — pergunta, ainda sem me olhar.

— Não... — respondo aliviado, já que eu mesmo não estava com o mínimo humor para mais encenação. — Tudo bem.

— Quero dizer, você pode ir se quiser... — diz ela. — Ou se alguém estiver te esperando... — sussurra entre um suspiro, muito mais para si mesma do que para mim.

— O que você disse? — questiono, franzindo meu cenho.

— Oh... — Jill me olha de relance, parecendo surpresa que eu a tenha escutado. — Nada.

— Hm... — murmuro a observando com atenção. — Não me importo de ficar em casa, também não estou muito no humor para isso — falo sincero.

Acima das NuvensOnde histórias criam vida. Descubra agora