Capítulo 2

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Tudo havia corrido bem na viagem de volta a São Paulo. Alberto surpreendeu toda família naquela tarde sem nem ao menos avisar que chegaria. .

— Filho! — Ruth correu para abraçar o filho que mal lhe deu um beijo, já com cara de impaciência para perguntas.

— Bença Mãe. Pai? Tudo bem maninha? Estou indo para meu quarto e se Rebeca ligar não diga que cheguei. — se recolheu deixando toda família sem entender tal atitude. Costuma ser muito falante quando volta da fazenda, sempre com novas ideias e projetos para melhoria da Olho D'Água.

— Iiiih... já vi que brigou com a venenosa. — ironizou Beatrice.

— Às vezes acho que você e Alberto não são gêmeos de uma mesma mãe... nunca vi filhos tão iguais e diferentes ao mesmo tempo. — Ruth desabafou.

— Mãezinha, temos personalidades diferentes. Acho que eu puxei o papai. — Bia foi em direção ao pai, lhe dando um beijo, que retribuiu o carinho da filha.

— Mais tarde ligarei para Mauro, ele certamente ele sabe o que houve. — Seu Onofre também estranhou a atitude do filho.

— Por falar em ligar, tem mais de três meses que Sara não fala comigo. Já liguei diversas vezes, fico preocupada se não entrou em depressão com a perda do pai e agora da mãe dela... sozinha no mundo... vou tentar de novo. — Beatrice começou a discar, e desta vez a ligação foi completada.

— Eu ia mesmo te perguntar se você não pretendia ir até lá, fazer um pouco de companhia a ela, afinal é muito sua amiga. — Ruth gostava muito de Sara. Tornara-se amiga de Beatrice na época em que faziam faculdade de moda juntas em Nova Iorque. — Ruth foi interrompida pela filha.

— Só um instante, mãe. Está chamando. — disse enquanto gesticulava pedindo silêncio.

— Hello, Mag? — Falou reconhecendo a voz de. Mag, a governanta que trabalhava há anos na casa de Sara, aliás, foi ela quem fez a ponte para adoção de Sara entre a mãe biológica e o casal para quem trabalhava: Emma e Tom Moore.

— Sim. É Beatrice? Também reconheci sua voz. Que maravilha! Logo também estarei aí no Brasil. — disparou, achando que ela sabia das novidades.

— Como, também estará por aqui? Cadê Sara? Não consigo falar nunca com ela, faz quase quatro meses que não consigo contato. — estava muito preocupada com a amiga.

— Pensei que soubesse. Sara comprou uma fazenda na mesma região em que a sua, chamada Esplendor. De fato ela ajeitou tudo com meu sobrinho que é advogado dela. Partiu assim que tudo estava acertado, até me convenceu a ir morar com ela, acredita? Imagino que ela não ligou por conta da bagagem dela que foi extraviada, ela teve até que comprar roupas novas. Quase não tem falado comigo também. Disse que está conhecendo o lugar e chega morta ao final do dia. — acrescentou Mag.

— Que fantástico! Vou agora mesmo para Turvolândia. — Bia não se conteve de felicidade.

— Juízo menina. Logo estarei junto com vocês lá, estou com muita saudade de você. Tchau. Fique com Deus. — Mag finalizou.

— Tchau honey!! —Sara desligando o telefone.

— Mamãe... a senhora não vai acreditar no que vou lhe contar! Sara comprou a Esplendor... agora sei porque que meu maninho chegou daquele jeito!! — Bia começava entender tudo, ou ao menos achava isso.

— Faz sentido minha filha. — Ruth concordou.

- Vou para a Olho D'Água amanhã. Será que a senhora pode me ajudar a fazer minha mala? — esses eram os planos de Bia até que se ouvi um grito da empregada.

— Acode dona Ruth! — todos foram correndo para o corredor que dava aos dormitórios.

— Papai! — Alberto havia chegado primeiro e viu o pai caído.

— Meu Deus!! — Ruth colocou a mão no coração em um gesto desesperado ao ver seu marido caído no chão.

— Desce agora Bia e vai tirando o carro, que eu mesmo vou levar o papai para o hospital. Acho que ele está tendo um ataque cardíaco. Mamãe providencia os documentos por que não podemos perder tempo. — cada uma foi para um lado fazer o quê Alberto havia pedido.

O percurso até o hospital durou em média 10 minutos. Chegando à recepção Onofre ainda permanecia desacordado, e por isso foi atendido de imediato. Os minutos pareciam horas sem nenhuma notícia, até que o Dr. Valadares, que por sorte estava no plantão aquele dia, se aproximou. .

— Dona Ruth, meninos já podem ficar despreocupados, o Velho Onofre está pronto pra outro. — uma brincadeira para descontrair um pouco toda aquela tensão — O que ele teve foi um AVC leve, mas já está medicado e estamos fazendo alguns exames. Vamos mantê-lo por 48 horas na UTI.

— Podemos vê-lo Dr. Valadares? — Ruth estava chorosa, com bastante medo de perder seu companheiro.

— Calma mamãe. — Alberto tentava tranquilizar a mãe.

— Vocês só poderão vê-lo pelo vidro, e já adianto que ele está estável, sem riscos aparentes. Estamos fazendo os exames para ter certeza do que o levou ao AVC, pois o que ele teve foi um pico de pressão. Acredito que não esteja se cuidando como eu disse que deveria, da última vez na consulta, tomar os remédios fazer dieta e principalmente exercícios físicos. — afirmou o médico.

— Papai não faz nada disso Dr. Mamãe também não impõe! É muita comida com gordura, churrasco demais, Chopp, uísque... ele se acha um garotão. — falou Beatrice.

— Mas o que eu posso fazer Doutor, para mandar em um homem de 65 anos de idade, turrão igual a um boi bravo? — perguntou dona Ruth.

— Se ele quiser viver mais alguns anos é melhor se cuidar. Agora peço lhes licença. Vou acompanhar todos os exames, só é necessário um acompanhante, e se tudo estiver ok como espero, talvez não seja necessário às 48 horas na UTI, e transferindo-o logo para o quarto, podemos dar alta. — finalizou o médico.

Com muito custo os filhos convenceram dona Ruth ir para casa, ficando apenas Beatrice no hospital.

Dois dias depois Onofre teve alta. Foram feitas muitas recomendações e com elas, a promessa da filha em cumprir todas à risca. Uma lista que ia de dietas a muita atividade física, não podendo esquecer-se de tomar os remédios da pressão arterial e do coração.

***

Passado exatamente um mês de muita luta e reclamações de Onofre, com a alimentação toda mudada, feitas na hora certa, com direito há uma hora por dia de esteira na academia do condomínio. Bia começava a pensar em ir para a fazenda ver sua grande amiga Sara. Havia deixado para traz o seu plano para poder ajudar a mãe nos cuidados de Onofre, mas ainda não convencida de que seu pai obedeceria as regras recomendadas pelo médico, preferiu ficar por mais algumas semanas e contratar uma cuidadora que pudesse ajudar nas refeições, remédios e horas de atividades físicas do pai.

Com tudo organizado nada a prendia, e sabendo que seus pais estariam bem, visto que Alberto tinha voltado a se dedicar à sua clínica veterinária e à Rebeca, que exigia quase toda noite jantares em restaurantes da moda, ou sua presença ao lado dela em eventos aos quais era convidada sempre, ou então planejando seu noivado que aconteceria precisamente em 20 de setembro, no dia do aniversário de Rebeca... mas o que será que o destino teria reservado para essa precisa data?


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