MARIA PADILHA DA ESTRADA

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Olá Moça.
Sempre estivesse a procura de um amor verdadeiro que preenchesse realmente o vazio no meu coração, pois com a morte de minha mãe a vida já não fazia mais sentido.
Vivia em um palácio muito próspero, andava sempre bem vestida e com milhares de jóias.
Passei boa parte de minha vida ao lado de um amor infiel, que ficava comigo só pra me usar e se satisfazer.
O filho do rei que iria ser o possível sucessor fazia de tudo pra me tirar do sério e ser mandada pra longe Dalí mas sempre agia com cautela e serenidade.
Olhava cada passo do rei e do príncipe, cada suspiro e cada palavra.
Eu preparava duas sepulturas.
Aquela vida me desgastava por dentro e tudo o que eu queria era acabar com a vida dos dois.
Durante muito tempo invenenava a comida dos dois e de pouquinho em pouquinho via eles definharem.
Em uma dessas fui pega pelo príncipe na copa do palácio e ele sem pensar duas vezes foi falar com o pai.
Eu o mais rápido possível peguei a lâmina sobre a mesa e cravei no seu peito sem dó nem piedade.
Matei !
Matei o príncipe.
Na mesma hora gritei.
Gritei tão alto que todos escutaram e foram ver.
Estava eu de joelhos no chão com o pescoço cortado pra desfaçar a tragédia que cometi.
O rei se lamentou perguntou o que tinha acontecido e eu fiz a cena completa, disse que um ladrão entrou no palácio com uma lâmina, cortou meu pescoço e matou o príncipe.
O rei acreditou, enterrou seu próprio filho mesmo nunca encontrando o ladrão.
A verdade sempre aparece e em uma dessas ela apareceu.
Descobriram quem tinha tirado a vida do príncipe.
Eu estava dormindo e me acordaram aos sustos.
Era meu fim.
Me levaram pra bem longe, era um lugar sujo e fedorento.
Me acorrentaram, me prenderam feito cachorro.
Sem água
Sem comida
Sem vida
Sem nada.
Minha fé se mantia a cada minuto naquela lama, mas a sede e a fome me consumia.
Eu não matei por matar.
Matei porquê o amava.
Matei porquê ele me traia.
Matei porquê ele era a única pessoa que ainda sentia algo.
Eu matei
Matei o sucessor.
Matei o meu amor.
Fui acorrentada, abusada, ofendida e morta.
Pra quem não me conhecer, permite me apresentar.
Me chamo Maria Padilha da Estrada.
Aqui e em qualquer outro lugar.

HISTÓRIAS DE EXU E POMBO-GIRAWhere stories live. Discover now