Capítulo 11

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- Você precisa de alguma coisa? - Noora pergunta pela milésima vez e eu dou de ombros ainda zonza.

- Eu quero ir pra casa – murmuro me levantando e minha melhor amiga me encara preocupada.

Todo o álcool em seu sangue parecia ter magicamente desaparecido.

- Você não tem condições para sair sozinha a essa hora. – ela diz – você nem ao menos tem como voltar pra casa.

Noora encara William, que estava apoiado na parede atrás de mim com os braços cruzados e eu reviro os olhos entendendo onde essa conversa terminaria. Eu conhecia bem esse olhar, ela precisava que ele a ajudasse a me convencer a ficar.

- Eu vou chamar um uber – murmuro andando em direção à saída, e ouço os dois discutirem enquanto isso.

O caminho até a porta nunca fora tão difícil. Sinto o olhar confuso de Christoffer sobre mim e o enjoo me atinge pela milésima vez naquela noite.

Ando apressadamente em direção as escadas, descendo-as o mais rápido que posso e consigo.

Pego meu celular ainda trêmula e tento abrir o aplicativo do uber. Sem sinal, constato.

Bufo irritada jogando minha cabeça para trás. Essa noite definitivamente não poderia piorar.

- O que você está fazendo? – ouço a voz de Christoffer atrás de mim e fecho os olhos me amaldiçoando.

Tudo sempre podia piorar.

- O que você acha? – murmuro irritada e ele me olha confuso – indo pra casa.

- Por que?

Por que? Bem...Nem ao menos eu sabia.

- Eu tô cansada. – sussurro sem olhá-lo nos olhos.

- Tudo bem. – o menino a minha frente diz tirando a chave do bolso e eu o encaro – Eu te levo.

- Não – minha voz se exalta e ele arqueia as sobrancelhas – Quer dizer... a festa começou quase agora. Você deveria ficar e aproveitar. Acredite em mim, você não precisa de mim aqui e eu definitivamente não preciso que você me leve a lugar algum.

Eu já havia visto todos os tipos de olhares em seu rosto. Mas esse era diferente. Christoffer me encarava como se sentisse dor. Assim como eu, ele estava magoado.

Sinto o aperto estranho voltar e fecho os olhos tentando conter o nó em minha garganta. Eu estava prestes a chorar e nem ao menos conhecia o motivo.

Christoffer ainda estava parado bem na minha frente. Como se esperasse meu próximo movimento ou surto. Imagens da cena que ocorrera na sala de William invadem minha mente e eu prendo minha respiração.

Eu estava enganada. Eu conhecia bem o motivo, e ele tinha nome e sobrenome.

Dou passos apressados para qualquer lugar longe dele e posso ouvir Christoffer gritar meu nome.

Ele não me quebraria.




Abro os olhos sentindo a claridade em meu rosto. Minha cabeça dói como todo meu corpo. Talvez Deus estivesse me julgando pela minha imaturidade. Meu celular vibra na escrivaninha próxima a minha cama e eu vejo que há várias mensagens de Noora e Christoffer.

Jogo o meu celular o mais longe o possível. Eu não estava disposta a ter esse tipo de conversa a essa hora da manhã.

Ou em qualquer momento da minha vida.

Meu estômago ronca e eu me espreguiço. Me levanto da cama lentamente sentindo meu corpo doer de cansaço.

Desço as escadas lentamente e vejo meu reflexo no espelho que ali se encontrava.

Eu estava horrível, constato.

Bufo cansada andando em direção à cozinha. Abro a geladeira, verificando que não havia nada que comível por ali.

- Oi. – uma voz chama me atenção e eu ponho a mão no peito assustada. - Desculpa, eu não queria te assustar.

Mas o que?

- O que você tá fazendo aqui? – digo exaltada e vejo Christoffer dar de ombros – Como você entrou aqui?

- Não é como se você trancasse a porta – ele murmura e eu espremo meus olhos em sua direção. – Você não respondeu minhas mensagens então eu...

- Então você pensou que seria uma ótima ideia invadir minha casa?

- Se eu batesse você atenderia?

Não

- Isso não importa. – digo de forma acusadora e o observo encolher os ombros. – Sai da minha casa, Christoffer.

- O que aconteceu ontem? – ele pergunta me ignorando e eu o olho indignada.

- Eu já disse que não importa. – bufo irritada – Eu vou chamar a polícia.

- Não, não vai. – Christoffer diz dando um passo em minha direção e eu recuo – Por Deus, Eva... Eu só preciso saber o que diabos aconteceu na noite passada.

- Não aconteceu nada – digo e ele joga a cabeça pra trás.

- Não é o que parece – o menino a minha frente diz respirando fundo e eu dou de ombros exausta.

- O que você quer ouvir?

- A verdade

- Eu já te disse a verdade.

- Não, não disse. A gente tava bem ontem  à noite, até... – Christoffer fica em silêncio e eu engulo seco – Isso é pelas garotas da festa?

- Não seja tão convencido – murmuro debochadas e vejo um sorriso aparecer em seu rosto.

- Você está com ciúmes. – ele diz e eu reviro os olhos teatralmente.

- Eu não estou com ciúmes. – bufo sentindo a irritação tomar conta de mim – Eu estou irritada por que suas ações não condizem e você age como toda essa merda fosse normal. Uma hora você me traz sopa e compra minhas dentaduras, e no minuto seguinte você está quase transando com algumas garotas na merda de uma sala. Isso não é novidade, você já me irritou antes, não é? Mas pela primeira vez em todo esse tempo, você me decepcionou, Christoffer. E isso não tem mais volta.

O menino a minha frente me encara, a sua feição era exatamente como a de ontem. Ele estava machucado. O soco no estômago me atinge da pior forma possível e eu apenas desejo não chorar na sua frente.

- Já que você se recusa a sair, você pode ficar aí. Aproveita a casa, só não traga ninguém pra cá – murmuro antes de pegar um casaco que estava no sofá e andar apressadamente em direção a porta.

O ar frio preenche minhas narinas mas eu sou incapaz de sentir frio naquele momento. Lágrimas quentes caem pelo meu rosto enquanto a angústia toma conta de mim.

Eu já havia corrido o mais longe possível da minha casa. Sentindo chão sentindo meu corpo doer e então eu entendo: Ele já havia me quebrado.


NOTA DA AUTORA

bom dia, xuxus. Espero que tenham gostado de verdade. Eu sei que eu deveria ter postado resiliência mas agr entramos em uma fase crítica então vai demorar um pouco.

Votem, comentem e interajam.

Fortitude(ChisxEva)Where stories live. Discover now