Roleta russa, lágrimas e uma escolha

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A bala era colocada no cano da arma, o cano girava lhe dando uma maior precisão e estabilidade no voo do projetil. A arma está ali, você só precisa ter a coragem necessária para começar a brincar com ela. Sentada em uma mesa sozinha, seus olhos olham o objeto em sua mão, e você sabe que está na hora. Está na hora de brincar de roleta russa. Meredith Grey segurava em suas mãos o anel que se apresentava para ela como a arma carregada com duas balas. Addison ou Nathan? Quantos baques surdos pela falta do resto das balas ela ouviria até que um dos dois estivesse alojado em seu cérebro após o tiro certeiro? Ela tomara uma grande quantidade de ar, caminhando lentamente até que estivesse dentro do elevador junto às outras mulheres que a olhavam com certa curiosidade. O que ela faria? O que resolveria? A roleta russa se iniciara sem aviso prévio, não esperava que Riggs fosse fazer aquilo tão cedo, porém sua chegada em Los Angeles havia dado a certeza necessária ao homem para que ele saísse uma semana antes dela chegar para comprar um bonito anel em símbolo de seu amor indubitável. Meredith permanecia imersa em seus pensamentos, encontrando silêncio no ambiente ao qual se encontrava devido à tensão que o "presente" de Nathan havia causado. O elevador demorara a descer, sempre demorava em situações cruciais. Montgomery a fitara, caminhando de costas para parede até que se encostasse a mesma, suspirando com pesar.

O primeiro tiro fora dado. Apenas um som surdo e nada mais.

Seis dias. Seis dias e tudo o que Addison havia conseguido fora quebrar seu coração em mil partes minúsculas, impossíveis de serem coladas com cola barata. Ainda que parecesse fantasiosa a ideia do amor à primeira vista, a ruiva acreditava que talvez isso pudesse ter acontecido naquela situação. Seu coração doía a cada vez que a luz vinda de cima do elevador batia contra o anel, provocando um pequeno reflexo, era como apontar uma flecha mirada em seu coração, ela podia sentir a ponta atravessar sua carne frágil, a dilacerando por completo. Estava exposta em tantos níveis e tudo isso só a fazia sentir ainda mais raiva de Grey, como ela ousava fazer com que Addison ficasse naquele estado enquanto ela considerava a ideia de ser casar com Nathan Riggs?

O segundo tiro fora dado. Repetindo o som anterior.

Era um clichê triste demais até para Montgomery. Os olhos esverdeados estavam com o olhar pousado no chão quando a porta do elevador se abrira, fazendo um leve barulho. Os passos logo tomaram conta da recepção do prédio, os bom dias eram dados sem muita animação, afinal havia uma ponta de ressaca na voz de todo mundo. Ao saírem porta a fora, Addison caminhara até o Jeep parado há alguns metros de si, sendo acompanhada por Cristina e Amelia. A ruiva dera volta, seus dedos foram de encontro com a maçaneta e ela então virara seu rosto. As orbes verdes pararam sobre o corpo de Meredith Grey ainda a frente da porta do prédio, parada como uma perfeita estatua.

O terceiro tiro viera e ela suspirara profundamente. Não havia nenhuma bala alojada em sua cabeça.

—Meredith está de brincadeira? Chegaremos atrasadas! —Yang se pronunciara ainda fora do carro enquanto uma de suas mãos estava sobre a maçaneta. —Grey! —Ela subira o tom, ao passo que a loira virara seu rosto, olhando para a mesma.

O quarto tiro nada fizera além de prepara-la para o tiro final. Addison ou Nathan? Os segundos se fazem importantes e decisivos nesses momentos. A tensão crescia até que o dedo disparara o tiro certeiro.

O quinto e ultimo tiro.

O rosto se virara para o lado inicial, e então ela flexionara levemente os joelhos para que os mesmos lhe dessem impulso para correr para o lado contrário ao carro. Esses eram os momentos que se davam em câmera lenta, pois sua mente quer que fiquem eternizados em cada pequenina parte de seu cérebro. Bons momentos. Momentos ruins. Todos eles passavam em câmera lenta quando necessário. Addison sentia seu coração trincar a cada vez que os pés de Grey tocavam o chão, indo para cada vez mais longe até que sumisse ao dobrar a esquina.

Confissões de Apartamento [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora