Revenge

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Aquela cena era intragável. Octavia estava deitada e muito desconfortável com aquelas situação de covardia. Seu olhar demonstrava medo e raiva, como sempre mas, com mais intensidade. Pike havia sido atacado por ela mas em contramão chamou alguns dos homens que andam ao seu lado e a agrediram. O peso disso sobre as minhas costas e sobre a de Lexa era árduo.

O fato de estarmos mais próximas e nos dedicando uma à outra parecia ter tomado o tempo reservado a tomar decisões. Meus olhos lacrimejaram, enquanto Lexa claramente comovida, tentava disfarçar o sentimento de pena. Esse ainda é um dos lados mais misteriosos de Lexa, os reais sentimentos do sofrimento humano.

- Octavia, eu sinto muito. - Disse à ela.

- Não precisa. Não tenha pena de mim. - Ela me respondeu.

- Te machucaram muito? - Indagou Lexa.

- O suficiente para que eu ficasse nesse estado.

Octavia estava numa situação de auto-proteção, era claro. As perguntas iriam machucar o seu íntimo. Era plausível, nossos íntimos são nossos pontos de maior verdade.

- Precisamos pará-lo antes que ele se rebele contra mais alguém dessa forma. - Lexa diz.

- Como pará-lo sem que as pessoas ataquem massivamente Pólis?

- Fazendo com que desacreditem dele. - Octavia foi direta, parecia já pensar nisso.

- Já existe um número considerável de pessoas junto à Jaha e ALIE.

- Eles são um grupo à parte. Somos três: grounders, seguidores de Pike e aqueles que foram tomados por ALIE. - Lexa deixava clara a diferença entre todos.

- Três problemas. Qual deles vai ser sua prioridade, Clarke Griffin? - O olhava no fundo de meus olhos.

Saímos do quarto em que Octavia estava e seguimos tramando planos enquanto subíamos as escadas. Nosso momento de paz, o pouco que tivemos, estava acabado.

- Eu vou matar ele. - Lexa disse à mim.

- Não quero que se arrisque dessa forma. - Dizia isso olhando seu olhar decidido.

- Não fui escolhida para ser a Comandante sem que tivesse capacidade, posso fazer tudo isso sozinha e em uma noite.

- Lexa, não! Eu vou pensar algo.

- Clarke, já pensou no quanto essa atitude foi diretamente direcionada à mim? Ele a deixou aqui, espera que eu faça algo. Ou se não, espera que eu sinta medo. Uma Trikru não se amedronta por homens autoritários mas, fracos.

A necessidade de vingança era algo tão presente no meu cotidiano em Terra. Não que isso fosse ruim mas, era tóxico. Parecíamos viver pela necessidade do sofrimento.

Na correria daquela manhã, me desencontrei com Lexa e resolvi descer até o centro de Pólis para pensar em algo. Os olhares que sondavam o lugar eram de medo, insegurança, pareciam estar ameaçados. De fato, estavam, pelo meu povo. Eu precisava trazer um fim à isso.

Enquanto subia as escadas com pressa, estruturava a minha ideia com mais estratégias inteligentes.

Entro no quarto, Lexa está posicionado ao sol.

- Precisamos pegar Pike junto de seus homens, eles são os comandantes de Arkadia. - C

- A floresta. - L

- Pensei no mesmo. - C

Enquanto arrumava nossas bolsas com o necessário para o ataque na floresta, Lexa conseguia mais grounders para o mesmo. Titus ficava à minha volta numa tentativa tola de dizer o que era necessário estar na bolsa. Ele parecia não ver que antes de quaisquer armas ou formas de matar, tínhamos a nossa força, a inteligência de grandes guerreiras.

Antes de Octavia sofrer com a represália de Pike, ela havia observado a rotina de Arkadia. Colhemos todas as informações para que o ataque fosse perfeito. Sairíamos na lua central. Colocaríamos fogo em alguns galhos, era certo que ele viria.

À 00h, começamos a cavalgar pelo interior da floresta. Às 4h, acenderíamos grandes fogueiras para chamar a atenção do atual comandante. 

Chegando antes do esperado, desci do cavalo enquanto nos preparávamos e puxei Lexa para entre as árvores. Enquanto andávamos abraçadas, eu mostrava à ela uma borboleta azul cintilante que voava próximo a nós. Mais imprevisível que antes, eu conseguia tornar os pouco tempo que tínhamos juntos em grandes momentos para a nossa história.

Observar a borboleta era como enxergar Lexa durante sua vida. Aparentemente ingênua, mas sagaz. Delicada mas, firme. O bater das asas era indiferente ali mas suficiente para criar furacões.

- Comandante! - Grita Titus.

- Titus. - Lexa o responde incomodada.

- Estão todos prontos, é hora de acender as fogueiras. 

- Acendam, me posicionarei. 

- Certo, Comandante. 

- Titus... - Lexa aumenta sua voz e vai até ele. - Proteja Clarke, independente de que esse seja seu povo, não me traia outra vez. 

Titus à olha com receio de decepcioná-la mais uma vez. As fogueiras se acendem e nós, Lexa e eu, nos posicionamos próximas. 

- Preparada? - Ela me pergunta.

- Vingarei todos aqueles que sofreram com as minhas decisões erradas. - Respondo.

- Não se culpe.

Abaixo minha cabeça, respiro fundo e sei que as coisas não serão fáceis. De repente, a fogueira ainda soltando pouca fumaça, um barulho de cavalgadas se aproxima, ficamos atentos. Consigo perceber uma forma feminina sob a luz da lua. Avisto, Octavia. Ainda mais forte, ainda mais raivosa.

- O que ela faz aqui? - Lexa à olha com um olhar confuso.

- Veio ser a Octavia de sempre.

- Teimosa? - Titus se intromete em nossa conversa.

- Não. Veio ser justa! - Sorrio à Titus debochadamente.

May We Meet AgainWhere stories live. Discover now