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Tudo o que vou contar aqui e agora é sobre como nós: Bellamy, Raven, Lexa, Octavia e eu passamos em um dia de calor intenso, nas poucas oportunidades que tínhamos de ser jovens.

-

- Uhm-rum! - Pigarreia Bell e todos olham assustados.

- Homens. - Lexa cochicha e continua andando.

- Quer falar algo? - Octavia o olha sem saber o que esperar.

- Eu descobri algo. - Bellamy responde com um sorriso de canto.

- É melhor você falar logo antes que duas guerreiras te cortem a garganta. - Raven se referenciava à Octavia e Lexa, as olhando de esquina.

- Vocês não querem tentar adivinhar? - Bell pergunta.

- Olha, você pode já ir falando, ninguém aqui vê  graça nenhuma em tolice de adolescente. - Lexa e sua pouca paciência para homens jovens.

- Ok, então, tcharam! - E Bellamy abre as mãos.

- Que é isso? Um rádio? Ou um mini rádio, é, me parece isso. - Raven olha atenta.

- Bellamy, aonde você conseguiu isso? - Pergunto um pouco curiosa demais.

- Encontrei pelos cantos inexplorados da floresta - E Octavia retruca: - Bellamy, já te disse para não andar por aí sem alguém com você, você finge me escutar? Ou realmente entende as ameaças as quais estamos fadados?

- Calma, O. Aproveita. Você sabe o que rádios fazem. Neste caso, um mini rádio. - B

- Tocam música?! - Raven afirma ao mesmo tempo em que se interessa ainda mais pelo objeto.

- E você acertou mais uma vez. - Lexa diz com cinismo.

- Ouçam. - Bell chama a nossa atenção.

Ruídos embaçam os primeiros versos e logo em seguida, uma voz que beirava a perfeição:

...Birds flying high

you know how I feel...

De cara, eu já sabia de quem se tratava: Nina Simone. Um ícone que constantemente tocava nas poucas músicas que meu pai gravara antes de entrar em órbita. A música, por incrível que pareça, se encaixava perfeitamente em como eu me sentia em poder estar próximos aos meus amigos. Aqueles que eram parte dos cem e a mulher que naquele momento, era o motivo dos meus maiores delírios. Eu voava alto, como um pássaro. E nós, enquanto jovens e impedidos de errar, por razões "óbvias", sabíamos exatamente o que os outros sentiam naquele mesmo momento. Era um som calmo, que depois se tornava mais denso, os raios de sol se entrelaçavam pelos galhos, o olhar de todos se direcionava para o horizonte. Éramos tão jovens e ao mesmo tempo estávamos tão machucados por tudo. Aquele tinha sido um dia estranho, certas tensões, ciúme mas ainda assim um sentimento de liberdade enorme ao saber do respeito e amor que sentíamos uns pelos outros. Com os nossos motivos e as nossas necessidades. Nunca vou me esquecer desse dia, o dia em que um mini rádio surgiu da mão de Bellamy, tocou uma das músicas mais lindas - e a favorita de meu pai - e se desligou. Parecia um sinal. Não sei de quem e nem o motivo. Porém, havia algo de surreal ali. Infinitamente gratificante. 


Com amor e sorte, Claffin.

May We Meet AgainWhere stories live. Discover now