3 - Sem estresse nas segundas-feiras

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Confesso que não foi exatamente fácil decidir o que fazer com o meu quarto, mas comecei com a limpeza. Passei o final de semana inteiro decidindo com que objetivos eu iria ficar e quais roupas eu iria doar. Júlia e Bruna vieram especialmente para me ajudar nos dois dias e foi bem mais fácil assim.

Toda essa preocupação toda foi o suficiente para me impedir de pensar demais na vida, até chegar a noite e meu celular apitar a cada segundo com as mensagens do nosso grupo. Eu tinha me esquecido completamente da visita à ONG de animais que Lívia havia programado para a segunda-feira á tarde. Uma preguiça enorme me dominou e eu até senti pena de estar procurando desculpas para não visitar um local cheio de animais que foram abandonados.

- É claro que você vai – foi a primeira coisa que Paula disse quando me viu entrando na cozinha.

- Vou onde? – questiono cansada, meu cérebro não é cem por cento funcional às seis da manhã.

- Na ONG – ela diz apontando para o quadro da geladeira, onde anotávamos o evento da semana – Você apagou a anotação.

Tá bom. Eu realmente pensei que ela não ia notar, mas devia ter previsto isso e talvez arranjado uma desculpa para ela também, como uma dor de barriga ou cólica. Mesmo assim acho que Paulinha não ia cair fácil nas garras da minha mentira. Ela me conhece como a palma da minha mão. Acho que saberia que eu iria mentir antes mesmo de eu decidir a mentira.

- Tudo bem. Você me pegou – ergo as mãos para cima em sinal de rendição – Não estou no clima de visitar cães fofinhos e abandonados.

- Acho que você precisa de um cão fofinho e abandonado.

Estreito os olhos. Como eu não tinha pensado nisso? Meus pais me matariam? Talvez. Só que o risco valeria a pena. A ausência deles seria algo bem empolgante para jogar na cara quando eles vierem implicar com meu dog.

- Você me convenceu – digo mordendo meu croissant de queijo parmesão e tomate seco.

- É assim que eu gosto – ela sorri e se concentra em achar os ingredientes para uma torta de chocolate – A propósito, aquele seu garoto ligou.

- O que? – quase cuspo o café que havia acabado de colocar na boca.

- Ele vai passar aqui para vocês irem juntos para a escola – Paula terminou de dizer calmamente.

Meus olhos com toda a certeza do mundo saíram de órbita e passearam por toda a via láctea. Não conseguia decidir qual tipo de mãe Paula representava no momento. A boazinha que dá a ideia de você adotar um cãozinho ou a sem noção que diz para o seu crush te levar para a escola.

- Comassim ele... – começo a dizer, mas sou interrompida pelo som da campainha. Droga.

Arregalo os olhos na direção da minha mãe postiça e ela sorri me incentivando com um aceno a atender a porta. Enquanto caminho até lá, apenas torço para que Coralina esteja junto com ele e que eu não passe a vergonha de caminhar ao seu lado durante três quarteirões.

Pelo olho mágico consigo ver a cabeleira loira da minha amiga e até escuto uma reclamação dela sobre Gabriel estar com a roupa abarrotada. Típico de Coralina.

- Bom dia! – digo assim que abro a porta.

Coralina se joga no meu pescoço me dando um abraço de urso. Não sei o que ela toma no café da manhã para acordar com essa disposição todos os dias. Só podia ser Red Bull. Eu já conseguia visualizar as asinhas por trás da mochila.

- Bom dia, Lelê – Gabriel encosta a porta por mim já que estou muito ocupada tentando impedir que meus órgãos sejam esmagados.

Vamos falar sobre o apelido que ele acabou de me chamar?

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